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1 de fevereiro de 2018

Manoel Conceição: Sobrevivente do Brasil


Antes de fazer a passagem para o plano superior, o historiador Adalberto Franklin nos deixou talvez sua obra mais vigorosa. O livro "Manoel Conceição: sobrevivente do Brasil" (Ética Editora, 348 páginas) traz a biografia do líder camponês do interior do Maranhão, que junto com demais companheiros fundou vários sindicatos rurais e mostrou ser possível resistir as injustiças do latifúndio em plena ditadura militar.

Perseguido, preso e torturado, Manoel Conceição teve a perna amputada devido a sequelas de um tiro que levou em das umas tantas emboscadas que sofreu. Graças a intervenção do Papa Paulo 6° escapou para o exílio e foi morar  em Genebra, na Suíça onde seu depoimento ganhou o mundo e as páginas do livro "Cette terre à nous" da jornalista Ana Maria Galano, publicado na França.
("Esta terra é nossa" só seria publicado no Brasil em 1980, pela editora Vozes). 

A saga no livro de Adalberto Franklin, traz com riqueza de detalhes os primeiros contatos de Manoel com as injustiças sociais do campo, mais precisamente na região do Pindaré, onde homens e mulheres eram mortos constantemente pela ganância de grandes fazendeiros e a conivência do aparelho estatal. A polícia também era protagonista dos maus tratos sofridos pelos trabalhadores rurais.  O líder camponês começou organizando o sindicato de trabalhadores rurais no vale do Pindaré-Mirim, no Maranhão, posteriormente contribuiu na organização de entidades importantes no cenário nacional como a Central Única dos Trabalhadores – CUT, o Partido dos Trabalhadores – PT e o Centro de Educação e Cultura do Trabalhador Rural – CENTRU.

A obra é fundamental para se conhecer o Maranhão profundo onde a conjuntura política da época é apresentada com o rigor detalhado e  personagens como José Sarney, governador do Maranhão, são revelados em toda a sua sordidez e contradições. Consta no livro a responsabilidade do velho oligarca no sofrimento de Manoel e a posterior tentativa de comprá-lo oferendo-lhe regalias. Manoel prontamente responde-lhe "Minha perna é minha classe" !

Adalberto certa vez disse-me que iria escrever a segunda parte do livro, dando detalhes sobre a época que Manoel morou fora do Brasil, onde viajou para várias partes do mundo, denunciando o regime civil-militar do Brasil e se encontrou com vários lideres socialistas. Sua casa era ponto de encontro de outros brasileiros, sindicalistas, intelectuais artistas, políticos. Germinava ali o que seria o então Partido dos Trabalhadores. Infelizmente corremos o risco de não termos esta segunda parte. O autor não teve tempo de publicar e o biografado em idade avançada já não guarda muito bem as lembranças. 

A saga de "Manoel Conceição: sobrevivente do Brasil" é um misto de narrativa histórica e drama realista envolventes. Poderia tranquilamente virar um grande longa-metragem de ação pelo ritmo que passa. Uma triste história como foi a de tantos outros brasileiros e maranhenses mais com um grande final para aqueles que acreditam na justiça. O legado de Manoel jamais será esquecido. Já seus algozes estão no lixo da história. 


26 de março de 2017

Nota de falecimento: Conor Farias


Conheci pessoalmente o então radialista Conor Farias quando este trabalhava na antiga Rádio Imperatriz de propriedade do empresário Moacir Sposito. Eu na época era apenas um "projeto de estagiário faz tudo" e que havia se encantado com o ramo da comunicação desde então. Acabei me tornando historiador,  professor, militante político mas que sempre teve uma proximidade muito grande com o jornalismo escrito e falado.

E querendo ou não, para o bem ou para o mal,  Conor Farias era um daquelas referências do jornalismo imperatrizense. Que ajudou a formar inúmeros profissionais práticos no ramo. Foi um desbravador. Seu legado sempre será lembrado.

A comunicação da região tocantina perde um dos grandes pioneiros  Vai com Deus Conor Farias, meus pêsames a toda família.

3 de março de 2017

Adalberto Franklin: "Eu não vou me calar enquanto não pagarem essa dívida com o Fundo Municipal de Cultural de Imperatriz. É um golpe ao movimento cultural!"


"Eu não vou me calar enquanto não pagarem essa dívida com o Fundo Municipal de Cultural de Imperatriz. É um golpe ao movimento cultural!" 

Essa foi uma das últimas frases que ouvi do combatente historiador e vice-presidente do Conselho de Cultura de Imperatriz Adalberto Franklin dias antes do AVC fulminante que o levou para outra dimensão. 

Fica o legado de um grande homem responsável pelo registro histórico, econômico e cultural de Imperatriz e região. Fica a certeza de nossa efemeridade, aqui na terra, e o desejo de fazer o que é necessário e possível, com amor e dedicação, a cada despertar. 

Fica o respeito e admiração a um homem, com quem pouco convivi, que me ensinou muito sobre integridade e compromisso com a vida em toda a sua plenitude. 

Ficamos e Ele vai para outra dimensão onde nos encontraremos em breve. 

"Gostaria de dizer para você que viva como quem sabe que vai morrer um dia, e que morra como quem soube viver direito." Chico Xavier.

Por Lilia Diniz, atriz, poetisa e Membro da Academia de Letras de Imperatriz

(Entenda o descaso com o Fundo Municipal clickando aqui)

16 de fevereiro de 2017

Boa notícia: Adalberto Franklin apresenta melhoras


O escritor e pesquisador Adalberto Franklin tem tido um quadro de melhoras desde que sofreu um AVC na ultima semana.

Adalberto Franklin é membro da Academia de Letras, possui diversos trabalhos publicados sobre a História e formação econômica da região, alem de editor de vários trabalhos sociológicos e literários 

Por possuir um quadro de saúde delicado devido a diabetes, toda a melhora é bem vinda. Ele encontra-se na UTI do Hospital da Unimed.

Vamos pedir as forças do bem que o ajudem na recuperação e estaremos fazendo as orações na torcida para que em breve o companheiro esteja conosco.

Em tempo:  Segundo a filha Mariana Castro "ele fez traqueostomia e retiraram os sedativos. Ele ainda está passando por um processo pra poder acordar. Hoje  reagiu. "

Estamos torcendo.


9 de março de 2015

CONSELHO MUNICIPAL DE CULTURA TOMA POSSE

Depois de um longo tempo esperando, finalmente a comunidade de Imperatriz terá um Conselho de cultura funcionando. Os membros foram eleitos e empossados em solenidade na Fundação Cultural.

O conselho tem por meta/obrigação fiscalizar e gerir os recursos que irão diretamente para o Fundo Municipal de Cultura. Um processo semelhante ao que acontece no SUS. Isso irá trazer um salto de qualidade para a cidade que poderá pleitear diversos projetos nas áreas de Teatro, Música, Cinema, Dança etc.

Os conselheiros titulares são;

Adalberto Franklin (Academia de Letras)
Expedita Vieira Sá, a Dídi (ASSARTI)
Rosana Feitosa Pires Farias (Instituto Legal de Cultura)
Francisa Parente Mesquita ( Centro de Cultura Negro Cosme)

Para a vaga destinada ao setor empresarial foi empossado Raian Elias Avelino. Como representantes do poder público municipal compõem o Conselho: Antonio Mariano Lucena e Antonio Fabrício Evangelista, ambos da FCI.

28 de julho de 2014

NO ANIVERSÁRIO DE MANOEL DA CONCEIÇÃO E O LANÇAMENTO DO LIVRO SOBRE SUA VIDA


Sábado por ocasião do octogésimo aniversário de Manoel da Conceição dois eventos ocorreram para prestigiar esse trabalhador rural que em muito contribuiu com sua luta para um Maranhão justo.

Manoel foi e é uma referência que merece nosso profundo respeito. Sua trajétoria de lutas estão agora publicadas no livro "Manoel da Conceição, sobrevivente do Brasil" de Adalberto Franklin. O lançamento ocorreu na FEST, com a presença do próprio biografado

Também aconteceu durante o dia nas dependências do CENTRU no povoado de Pé de Galinha, município de João Lisboa, uma belíssima confraternização com a presença de vários renomes da esquerda maranhense, dentre eles o ex-parlamentar constituinte Haroldo Saboia, além de músicos, escritores, intelectuais, como Márcio Arruda e militantes em geral. Para saber mais leia aqui este singelo artigo feita pelo jornalista do Brasil de Fato, Marcio Zonta. As imagens são de Carlos Gaby e Marcelo Cruz

Vida longa a Manoel da Conceição.  

26 de agosto de 2013

ADALBERTO FRANKLIN E A COMISSÃO DA VERDADE QUE INVESTIGARÁ CRIMES NA DITADURA

Membro da Academia Imperatrizense de Letras, jornalista, pesquisador, editor de uma centena de livros pela Ética Editora, membro do Instituto Histórico e Geografico do Maranhão, Adalberto Franklin agora irá integrar uma equipe de trabalho ligada ao âmbito da Casa Civil da Presidência da Republica. 

A Comissão Nacional da Verdade foi criada pela Lei 12528/2011 e instituída em 16 de maio de 2012 e terá por finalidade apurar graves violações de Direitos Humanos ocorridas entre 18 de setembro de 1946 e 5 de outubro de 1988, bem como a implicação e o esclarecimento dos casos de torturas, mortes, desaparecimentos forçados e ocultação de cadáveres.

Imperatriz como eu já afirmei era trânsito de toda uma sorte de grupos clandestinos que faziam oposição programática e bélica ao regime militar. O grupo de Carlos Lamarca adquiriu terras por aqui. [Reveja]

Adalberto ainda é meu colega de pós graduação na UEMA. Nada mais inusitado a julgar pelo nível de alguma aulas. Sua bagagem lhe confere o know-how para lecionar por lá. Garanto que esta seria uma das melhores disciplinas.

17 de junho de 2013

ÉTICA EDITORA É A MAIOR DO MARANHÃO E OS IMPERATRIZENSES NÃO SABEM


Ontem nas páginas do jornal "O Progresso", saiu uma boa reportagem sobre o mercado editorial sul-maranhense, em especial com a relação da Ética Editora no nicho, que possui como diretor/editor o historiador e Membro da Academia de Letras Adalberto Franklin [foto].

Com cerca de 500 publicações já lançadas a editora de Franklin é a mais robusta em toda a trajetória literária no Maranhão. Porém os leitores regionais preferem os best-sellers ou que estão na moda, ou de grande apelo comercial tais como auto-ajuda e afins. 

Mesmo assim a Ética ganhou um prémio da Academia Brasileira de Letras, na categoria "Ensaio e Crítica Literária", pelo livro "Os atenienses, a invenção do cânone nacional". Pouca gente deve saber disso.   

Outro dia olhei a lista dos livros mais procurados nas livrarias [não fazia isso a anos] e topei com um monte de coisa que nunca ouvir falar tipo Nicholas Spark ou ainda Willian P. Young. 

Ignoro. A bem da verdade a lista dos mais vendidos sempre não me foi muito lá atraente.

Não me sinto na obrigação de estar por dentro de tudo que acontece em literatura, música, artes plásticas etc. Não me sinto “por fora” estando por fora. Tenho até um prazer perverso em estar na contra-mão. Resquícios da adolescência, chame do que quiser.  

Mas o que esperar de uma cidade que mal tem uma biblioteca decente? 

Nesse sentido a Ética segue valorizando a cultura local jogando por vezes pérolas aos porcos. 

Ninguém disse que a vida é fácil! Longa vida a Ética Editora.  


2 de abril de 2013

O DIA QUE DUROU 21 ANOS E O LIVRO DE MANOEL DA CONCEIÇÃO – INIMIGOS DO CAPITAL


Dizia-se até bem pouco tempo que era uma paranoia do pensamento de esquerda a possibilidade de uma ingerência estadunidense no Brasil. Pois é, caiu a máscara. O cinema documental tem produzido pérolas reveladoras sobre o período da ditadura militar e a vez agora é do documentário “O Dia Que Durou 21 Anos” de Camilo Tavares

Filho do jornalista e ex militante Flávio Tavares, um dos presos políticos trocados como resgate do embaixador americano Charles Elbrick [1969], Camilo deve ter tido acesso a informações valiosas para elaborar seu filme. Naquele período toda e qualquer forma de organização dos trabalhadores era tida como uma ameaça comunista. Os documentos provando toda articulação do golpe estão a disposição do público e pesquisadores nos Estados Unidos, o que no Brasil não acontece.

… 

A saga de Manoel da Conceição [foto], bravo lutador da opressão e da ditadura militar no Maranhão, já foi tema de reportagens, matérias e filmagens. Merece um documentário também. Suas [des] aventuras estão prestes a serem lançados em um livro, escrito pelo historiador e membro da Academia de Letras de Imperatriz, Adalberto Franklin

Este fez a fineza de enviar-me os nove primeiros capítulos que cobrem desde a promessa de Manoel da Conceição em enfrentar o latifúndio, feita em cima dos corpos de mulheres, crianças e lavradores assassinados em Copaíba dos Mesquitas, povoado de Coroatá, até a sua entrada na AP [Ação Popular]. Como é do conhecimento de todos, Manoel perdeu uma perna, lutando por justiça e democracia nestas terras. Boa parte de seus algozes ainda estão por aí. Filhotes da ditadura que são.

… 

Brasil. Ano 2013. Vivemos em uma democracia. Consta que na teoria política tradicional é comum contrastar sociedade totalitárias com sociedade democráticas. Se assim for, o que de fato mudou entre o antigo regime de exceção e o agora? 

Penso que é completamente um disparate afirmar estarmos em uma “democracia imperfeita” como afirmam alguns intelectuais. O termo nos leva a imaginar que é possível chegarmos a perfeição. 

Desda forma vale lembrar a análise de um celébre pensador - Jacques Derrida - segundo a qual é mais conveniente falar em “democracia do por vir”. Para Derrida “uma sociedade democrática é caracterizada por não se realizar completamente”. Isto posto é latente o caráter desconstrutível do ordenamento jurídico. 

Traduzindo para até minha vó entender: O Estado Democrático de Direito deve estar em disputa pelas lutas sociais sempre e junto com suas modalidades politicas. Assim avançaremos para uma maior pluralidade de vozes e para além desta falsa “democracia parlamentar”. 

Pronto falei.

21 de novembro de 2012

ADALBERTO FRANKLIN SERÁ MEMBRO DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MA


Nesta quinta-feira, dia 22 de novembro, o jornalista e historiador Adalberto Franklin tomará posse como membro efetivo no Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM). 

A solenidade será realizada em São Luís, no Palácio Cristo Rei (Praça Gonçalves Dias - Largo dos Amores), às 19 horas. Diretor da editora Ética, sediada em Imperatriz, Adalberto Franklin vem dando ao longo de toda a sua vida profissional de jornalista e escritor uma importante contribuição para a produção e difusão do conhecimento no Maranhão e em outros estados onde a editora tem trânsito.

Parabéns companheiro!

11 de agosto de 2012

O CENÁRIO ELEITORAL EM IMPERATRIZ


Há uma dupla dimensão simbólica rondando as mentes dos eleitores imperatrizenses. Por um lado o "boom" de negócios graças as variadas empresas que por aqui se instalaram chamam atenção dos mais desavisados que podem creditar esta nova realidade a atual gestão de Sebastião Madeira.

Por outro, a cidade despreparada logisticamente quando precisou de novos investimentos em infraestrutura, saneamento básico, cultura, educação e saúde, viu-se com parca chances de desenvolver-se. 

Os recursos sumiram e ninguém sabe pra onde foram.

Isso leva possibilidades de ascensão a um novo nome no legislativo imperatrizense. Nos bairros afastados é claramente possível identificar esse clamor de mudança.

No cenário eleitoral nove nomes disputarão a vaga. Os perfis cabem a todos os gostos e desejos. Há inclusive uma candidatura tida como “laranja”. Dos que estão postos, no entanto, somente três possuem projetos reais para Imperatriz.

Major Melo, Adalberto Franklin e Carlinhos Amorin representam neste contexto uma opção inteligente que o eleitor poderá vir a fazer. Os demais possuem interesses variados e caso cheguem ao poder terão dificuldades em governar.

Não se trata de quem é melhor ou pior intelectualmente. Todos nós somos iguais. Mas com a prefeitura da segunda maior cidade do Estado do Maranhão não se pode vacilar. Eu não confio em Rosângela Curado, na verdade nem a conheço direito. Por mais que seja honesta e tenha boas intenções só isso não basta. È preciso transformar o paradigma econômico que vivemos, aprofundar os valores democráticos e pegar firme com as mãos no cotidiano da batalha que será árdua nos próximos quatro anos.

Imperatriz está grávida do tempo e logo terá que parir as mudanças que precisa. Ou isso ou seu povo poderá amargar novamente um quadriênio de incertezas, frustração e desigualdade social. 

24 de janeiro de 2012

CESTE ESTREITO - HIDRÉTRICA QUE NÃO ENGANA

Por Adalberto Franklin

Os jornais deste domingo a nunciam que o Consórcio Estreito Energia (Ceste) "confirma apoio aos desabrigados" da enchente do Rio Tocantins, causada pela liberação repentina e sem aviso prévio de suas comportas. A leitura apenas da manchete dá a impressão de que a empresa realmente se compromete a fazer um gesto de responsabilidade à altura dos prejuízos causados, mas não foi isso que aconteceu. Os redatores da matéria gastaram um monte de parágrafos, "enchendo linguiça", apenas para dizer que a empresa enviara colchões para os desabrigados.

É realmente um acinte o descaso da Ceste com os municípios impactados por esse empreendimento. Até hoje, há diversas ações mitigadoras não cumpridas com as comunidades ribeirinhas e com os municípios. E há diversos impactos que agora ocorrem sem que tenham sido previstos no projeto da obra, o que leva a crer que os relatórios de impacto ambiental foram mal dimensionados (ou mesmo propositadamente escondidos).

Foram assumidos impactos praticamente a montante (rio acima) da barragem, quando os demais, a jusante, estão agora sentindo os efeitos danosos e prejuízos financeiros não previstos. Desde Estreito até São João do Araguaia, os municípios agora são obrigados a arcar as despesas com as constantes cheias do rio, em que se veem obrigadas a dar socorro, abrigo e alimentos para as famílias atingidas. Além disso, no período de veraneio não podem mais contar regularmente com suas praias fluviais, que geravam ocupação, renda e atividades esportivas e culturais.

Não se compreende como os gestores desses municípios se contentam com esse mísero "apoio" de uma empresa privada, causadora de tamanho dano, que vem sendo injustamente pago com o dinheiro do público (do próprio povo). A se manter essa postura, daqui pra frente os municípios tocantinos terão que reservar uma boa parcela do seu orçamento somente para cobrir os impactos provocados por essa empresa, reduzindo ainda mais a capacidade de seus investimentos.

Pelo que se sabe, o projeto da Ceste não previu nenhum impacto sobre Imperatriz, mas nesse pouco tempo já deu muitos prejuízos ao município. A continuar assim, muitos milhões terão que ser gastos para cobrir os prejuízos causados pela Ceste, que ganhará centena de milhões vendendo sua energia sem qualquer responsabilidade com a região.

(Adalberto Franklin é historiador)

24 de agosto de 2011

ADALBERTO FRANKLIN: "GOVERNO MADEIRA FAZ APENAS O TRIVIAL E DE FORMA DEFICIENTE"

Do Blog de Isnande Barros
Foto: Claricia Dallo

O jornalista, historiador e editor Adalberto Franklin (Foto) , fala sobre a conjuntura pré-eleitoral e traça alguns cenários para 2012. Ex-presidente do PT local, ele é um dos 3 pré-candidatos escolhidos pelo diretório municipal do partido, para o pleito majoritário que se avizinha na maior cidade do interior do maranhão, analisa com propriedade e percebe como ninguém, as nuances do jogo político local.

1 – Quais os grupos políticos que têm condições de disputar a eleição em 2012, na nossa cidade?

— Neste momento, as tendências apontam para três candidaturas em potencial. Uma seria a do prefeito Madeira, na tentativa de reeleição; outra, sem nome definido ainda, seria de alguém mais próximo à governadora Roseana Sarney, em aliança liderada por PMDB/DEM com um agrupamento de partidos menores. Uma terceira candidatura, também sem nome definido ainda, seria formado por partidos de oposição ao atual governo do Estado e à administração municipal. Creio que poderemos ter outros — até cinco — candidatos a prefeito, mas os demais seriam apenas figurantes.

2 – Quem é o grande adversário do prefeito Sebastião Madeira em 2012? Por que?

— O maior adversário do prefeito Madeira é ele mesmo; é sua própria administração. Ele venceu as eleições anteriores com o maior percentual de votos dado a um candidato a prefeito desde 1988, mas, no mandato, não conseguiu corresponder à expectativa dos eleitores. Percebe-se desde o segundo ano de governo que sua gestão vem sofrendo muitas críticas; hoje, sua popularidade não anda muito boa. Há muitas e graves críticas à sua gestão.

3 – Quais os principais méritos da administração Madeira?

— O grande mérito é a coragem de buscar parceria com o governo do Estado, enquanto a governadora é rejeitada pela grande maioria da população do município. De resto, não tenho conseguido perceber nada de extraordinário. A propalada onda de desenvolvimento é mérito exclusivo da própria iniciativa privada; e as poucas obras realizadas são oriundas de programas estaduais ou federais. O governo Madeira faz apenas o trivial, e de forma deficiente.

4 – Quais as principais dificuldades da administração municipal?

— Gestão. O governo parece não ter planejamento nem sincronia de equipe. Atrasa pagamentos de fornecedores e de prestadores de serviço, o que pode redundar em caos se chegar ao final do ano nessa situação. A administração não tem conseguido fazer mais do que o básico — e nem isso de forma satisfatória, segundo as vozes das ruas. Imperatriz atravessa um extraordinário crescimento econômico, graças à iniciativa privada e às políticas públicas do governo federal, mas a administração municipal não consegue construir ações que solidifiquem a hegemonia regional do município. Há muita propaganda e pouca efetividade.

5 – Quais partidos participarão da coligação governista em 2012?

— Avalio que teremos duas candidaturas governistas em Imperatriz. Governistas municipais e estaduais, que agora são a mesma coisa. A candidatura do prefeito Madeira, inevitavelmente, será aliada — mesmo que não coligada — da governadora Sarney. Foram esses os passos políticos que Madeira deu nos últimos dois anos, diante da falta de apoio de seu partido à sua administração (não se vê qualquer emenda de parlamentares do PSDB em favor de Imperatriz). A governadora tem cumprido sua parte no acordo; tem sido generosa com a administração de Madeira, e ele não pode agora desvencilhar-se. Os outros governistas são os partidos tradicionalmente ligados à família Sarney — PMDB, DEM, PV e seus satélites. Esses dois grupos estarão juntos, mesmo que em candidaturas diferentes. É a velha tática de dividirem-se para continuarem reinando (quer dizer: tentarão provocar uma polarização entre eles mesmos, para impedir a polarização com a oposição).

6 – Como fica a aliança dos partidos de esquerda? Com quem contar? Qual o melhor nome da esquerda para 2012?

— No campo da oposição aos governos do Município e do Estado, diante da atual conjuntura, abre-se a possibilidades de formação de uma aliança forte, com chances de disputar em igualdade e mesmo vencer as eleições em Imperatriz. Se PT, PCdoB, PSB, PSol(!) e mais outros do chamado campo da esquerda ou de oposição conseguirem chegar a um consenso, poderão formar uma coligação eleitoralmente viável, alinhada com o pensamento político e as aspirações do eleitorado imperatrizense, que quer construir um futuro longe das mazelas e dos vícios políticos sustentados pelo velho Maranhão. A oposição em Imperatriz tem partidos organizados e nomes viáveis eleitoralmente. Tem tempo de tevê, militância e a simpatia do povo.

7 – E a possibilidade de aliança do PT com o PMDB, na disputa local?

— O PT de Imperatriz já decidiu que não se coligará com o PMDB nem com qualquer outro partido mantido pela oligarquia maranhense. É uma posição dos petistas de Imperatriz mantida desde sempre; não há negociação nesse ponto. A direção estadual sabe disso; a direção nacional também. Membros do Diretório Regional chegaram a consultar sobre a possibilidade de repetição da aliança com o PMDB em Imperatriz, como fizeram na campanha para o governo do Estado, no ano passado, mas constataram que aqui isso é impossível. Comprometeram-se a respeitar nossa decisão. O Diretório Nacional, que sabe disso tudo, está monitorando a situação eleitoral de Imperatriz. E sabem que se houvesse intervenção em sentido contrário, decretariam o fim do PT em Imperatriz. Assim, é certo que o PT vai às urnas com candidatura majoritária em Imperatriz, em 2012, coligado com os partidos que se opõem aos governos municipal e estadual ou com candidatura própria, também em oposição.

26 de janeiro de 2011

Texto de Adalberto Franklin: CDVDH lança Atlas do Trabalho Escravo no MA

O Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos de Açailândia (CDVDH) estabelece mais um grande marco em sua vitoriosa trajetória de lutas em defesa da cidadania e de justiça social: a publicação do Atlas político-jurídico do trabalho escravo contemporâneo no Estado do Maranhão. A obra, de 250 páginas, produzida pela Ética Editora, será lançada na noite desta quinta-feira, 27, em Açailândia, em solenidade que contará com a presença de representantes de diversas instituições públicas, organização não-governamentais e convidados.
A elaboração desse trabalho consumiu vários meses de pesquisas, leitura, análise e compilação de documentos, por uma equipe coordenada por Antônio Filho, Nonato Masson e Reinaldo Costa (da equipe do CDVDH). Foram consultados documentos e processos de ações referentes a situações de trabalho análogo à escravidão, no Poder Judiciário nos âmbitos federal estadual, arquivos do CDVDH e publicações da imprensa.
Em oito capítulos, o livro revela as figuras do “gato”, o aliciador de pessoas socialmente frágeis, que buscam trabalho braçal; do “peões do trecho”, homens que vagueiam de uma região a outra, predispostos a qualquer atividade que possa garantir o sustento da família; do “gerente” ou “capataz” de fazenda, pessoa que impõe o ritmo e as degradantes condições de trabalho no campo; do escravagista, o dono de fazenda que, geralmente oculto, comanda todo o processo de exploração e degradação das pessoas submetidas a condições subumanas de vida e trabalho em suas terras. Faz, ainda, um histórico das principais denúncias recebidas na sede do CDVDH, desde 1996; as fiscalizações empreendidas pelas equipes do Grupo Móvel de Fiscalização do Ministério do Trabalho; as promessas e os planos governamentais para a erradicação do trabalho escravo; a criação da Lista Suja; as ações penais; os processos trabalhistas; os problemas de competência de julgar; as situações de impunidade; etc.
Segundo os organizadores, “O papel desta obra não é afirmar a existência de trabalho escravo, pois este já é do conhecimento da sociedade; busca-se aqui interpretar as condições e os principais elementos e personagens que se relacionam com esse mundo do sub-trabalho”.
A última Lista Suja do Trabalho Escravo, divulgado no dia 5 de janeiro deste ano, coloca o Maranhão como o estado com o segundo maior índice de número de empregados submetidos a trabalho análoga à condição de escravo, e que “a maioria de trabalhadores resgatados em outras unidades da federação, principalmente no estado vizinho Pará, são maranhenses”.
Uma causa que precisa não apenas ser apoiada, mas, sobretudo, ser abraçada.
Essa chaga que envergonha a sociedade, em pleno século XXI, tem que ser extirpada.
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