2 de abril de 2013

O DIA QUE DUROU 21 ANOS E O LIVRO DE MANOEL DA CONCEIÇÃO – INIMIGOS DO CAPITAL


Dizia-se até bem pouco tempo que era uma paranoia do pensamento de esquerda a possibilidade de uma ingerência estadunidense no Brasil. Pois é, caiu a máscara. O cinema documental tem produzido pérolas reveladoras sobre o período da ditadura militar e a vez agora é do documentário “O Dia Que Durou 21 Anos” de Camilo Tavares

Filho do jornalista e ex militante Flávio Tavares, um dos presos políticos trocados como resgate do embaixador americano Charles Elbrick [1969], Camilo deve ter tido acesso a informações valiosas para elaborar seu filme. Naquele período toda e qualquer forma de organização dos trabalhadores era tida como uma ameaça comunista. Os documentos provando toda articulação do golpe estão a disposição do público e pesquisadores nos Estados Unidos, o que no Brasil não acontece.

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A saga de Manoel da Conceição [foto], bravo lutador da opressão e da ditadura militar no Maranhão, já foi tema de reportagens, matérias e filmagens. Merece um documentário também. Suas [des] aventuras estão prestes a serem lançados em um livro, escrito pelo historiador e membro da Academia de Letras de Imperatriz, Adalberto Franklin

Este fez a fineza de enviar-me os nove primeiros capítulos que cobrem desde a promessa de Manoel da Conceição em enfrentar o latifúndio, feita em cima dos corpos de mulheres, crianças e lavradores assassinados em Copaíba dos Mesquitas, povoado de Coroatá, até a sua entrada na AP [Ação Popular]. Como é do conhecimento de todos, Manoel perdeu uma perna, lutando por justiça e democracia nestas terras. Boa parte de seus algozes ainda estão por aí. Filhotes da ditadura que são.

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Brasil. Ano 2013. Vivemos em uma democracia. Consta que na teoria política tradicional é comum contrastar sociedade totalitárias com sociedade democráticas. Se assim for, o que de fato mudou entre o antigo regime de exceção e o agora? 

Penso que é completamente um disparate afirmar estarmos em uma “democracia imperfeita” como afirmam alguns intelectuais. O termo nos leva a imaginar que é possível chegarmos a perfeição. 

Desda forma vale lembrar a análise de um celébre pensador - Jacques Derrida - segundo a qual é mais conveniente falar em “democracia do por vir”. Para Derrida “uma sociedade democrática é caracterizada por não se realizar completamente”. Isto posto é latente o caráter desconstrutível do ordenamento jurídico. 

Traduzindo para até minha vó entender: O Estado Democrático de Direito deve estar em disputa pelas lutas sociais sempre e junto com suas modalidades politicas. Assim avançaremos para uma maior pluralidade de vozes e para além desta falsa “democracia parlamentar”. 

Pronto falei.
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