9 de junho de 2010

Bulcão não agrada muito com sua conversa macia

No último sábado, dia 05 de junho, aconteceu em Imperatriz mais uma etapa do Fórum Regional de Cultura, realizado pela Secretaria de Estado da Cultura (Secma) e contou com mais de 20 municípios da chamada mesorregião oeste. O evento é estruturado em cinco grandes encontros, sendo eles nas cidades de Arari, Bacabal, Codó, Impeartriz e São Raimundo das Mangabeiras e reúne gestores públicos culturais e representantes da sociedade civil organizada.

Durante o encontro foi lançado um edital para financiamento de projetos culturais. Nomeado de Edital Universal, lançado no último ato do espetáculo, de uma tragédia medíocre, na qual a platéia, que somos nós, devemos simplesmente aplaudir, como se não soubéssemos ler nas entrelinhas da maquiagem, da luz, do figurino e do cenário montado com atores despreparados e um texto piegas.

Alguns painéis de debates que abordaram os Sistemas Nacional, Estadual e Municipal de Cultura, o Conselho Estadual de Cultura, conduzido pelo atual presidente Armando Nobre, e ainda Estruturação e Sistema Estadual de Informações Culturais e ao Sistema Nacional de Cultura, apresentado por Roberto Peixe, representante do Ministério da Cultura.

A cidade de Imperatriz foi bastante representada, tanto pelo poder público, quanto pela sociedade civil representada pelo Fórum Permanente de Cultura, demonstrando o quanto a cidade encontra-se preparada para as discussões referentes a políticas públicas para cultura.

Com o olhar bastante crítico para todas as abordagens, questionamos a dificuldade para recebermos informações da Secma, em especial os municípios mais afastados, que sequer tem sinal para celular, e a internet ainda é uma realidade distante sendo assim penalizados por não estarem “conectados” ao mundo globalizado e excludente.

Contrariando deste modo a definição de globalização que o representante do governo do estado, Chico Brasil, quando disse: “globalização nada mais é que informação para todos ao mesmo tempo”.

Visão simplista de um processo que têm por conseqüência a subjugação e exclusão e os efeitos sobre a cultura, especialmente nos países pobres, onde os contrastes sociais são ainda mais perceptíveis. Por um lado os excluídos são taxados de incompetentes e passam a ser responsabilizados pela sua própria pobreza e falta de informação. Por outro lado, aqueles que recebem as “benesses” da dita globalização, detém a informação e os meios de produção.

Quando falamos do descompromisso, é porque sabemos e ajudamos a construir os avanços que tivemos nos dois anos em que a oligarquia nefasta, que insiste dominar nosso estado, esteve afastada do Palácio dos Leões. Vários editais, posse do conselho de cultura, descentralização de recursos para cultura, fóruns e seminários permanentes com a participação ativa de centenas de fazedores de cultura no estado do maranhão.

O discurso raso feito pelo representante da governadora Roseana Sarney, e o discurso esvaziado feito pelo então secretário de cultura do estado do maranhão, senhor Luis Bulcão, foi criticado por vários ativistas culturais, dentre eles Conceição Amorim, do Centro de Direitos Humanos Padre Josimo, que, aliás, teve participação relevante no Fórum e afirma categoricamente: “é uma demonstração dupla do descompromisso que este governo tem para com a cultura do povo maranhense”.

A tentativa ao que nos parece é a de querer “maquiar” com Fóruns realizados às pressas e sem diálogo com os atores culturais das respectivas regiões, a remissão de suas falhas históricas. Para Carlos Leen, membro do Fórum de Cultura, “O secretário não tem clareza das propostas, escorrega nos questionamentos feitos pela plenária e tenta desviar a atenção com citações poéticas e um jogo corporal performático” e completa dizendo: “Bulcão já esteve por quatro vezes na mesma secretaria, e o resultado do desastre como gestor é notório e público”.

Com isto não estamos tirando a importância dos Fóruns, eles são importantes, inclusive para percebemos de fato qual a proposta de políticas públicas para a cultura do maranhão. Os Fóruns são imprescindíveis, independente do governo e são espaços para formação, informação e elaboração de um pensamento, ainda que não unificado, a respeito da cultura e das políticas públicas para cultura a serem traçadas em nosso estado, a começar por nossos municípios, distante da bela ilha.


Por Lília Diniz

Artista de Imperatriz-MA

e do Fórum Permanente de Cultura de Imperatriz
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