Fiz este texto em julho de 2011 e aproveitando o momento interessante onde os artistas maranhenses aparecem na mídia nacional de forma boa ou ruim, resolvi republicar o post. Para quem não viu, na ultima semana a maranhense Alcione Nazaré, a notória "Marron", provou sua total despolitização e ignorância, já Baleiro desfilou bom humor, consciência e talento.
José Ribamar Coelho Santos, vulgo Zeca Baleiro, é na humilde opinião deste que vós escreve, sem tons pejorativos, “O CARA”. Poucos se comparam a seu nível e “método” no atual cenário musical. Talvez alguém pense aí em Alceu Valença ou Caetano Veloso, mas estes estão profundamente arraigados com a tônica que convenientemente foi apelidada pela mídia de MPB. Zeca ultrapassa essas barreiras. Zeca é samba, é brega (dúvida? Então você precisa ver o atual show dele com presença de ninguém menos que Odair José), é rock, é punk, é pop, att afinitum.
O que mais tem por aí? Arnaldo Antunes escreve muito bem canções no estilo “Arnaldo Antunes”, mas é só. Zeca é pau de dá em doido e sai flertando com deus e o diabo e quando pensa que não, já tem nego com a camisa do Deicide (notória banda death metal) dançando o “Vó embolá”, que ao vivo ganha paredes ultra-sonoras de guitarra.
E as matracas ? É arrepiante. Como o próprio Baleiro afirmou na sua ultima entrevista, o show “Baile do Baleiro”, “ tem um caráter informativo, sem ser didático”. O show com mais de duas horas traz a golpe de sonoridades a lembrança de diversos “itens” da música e rompem de vez a linha que separa "MPB Chique", música pra gente fina e intelectual, e, os bregões, reagues, funcks e sambas de outros tempos.
E aquela maranhensidade? Está toda lá. Provando que não tem Rio 40 graus melhor (nem pior) do que a Bateria alá São Maçal e os sotaques do boi acompanhando os hits do “Baile do Baleiro”. Os gringos se mexem tal qual lagartixa em cima do teto de zinco quente. O povão acompanha com as matracas. “Nega tu dá no côro ou nega tu não dá”?.
Comento com um amigo do lado sobre estas peculiaridades e este me lembra que no Titãs também tem essas coisas de misturar ritmos e de que Caetano fez recentemente um disco “indie rock”. Sobre o Titãs prefiro não comentar pois nunca entendi bem qual é a deles na atualidade, mas o Caetano, ele pode até reinventar todas as cancões do Pixies e ter músicos com metade da sua idade, mas nunca convencerá como rock.
Foram duas horas e quarenta minutos de show na Lagoa da Jasen (0800 leia-se) em que Zeca Baleiro é acompanhado por Tuco Marcondes (guitarra), Fernando Nunes (baixo), Adriano Magoo (teclados e acordeon) Kuki Stolarski (bateria e percussão), Hugo Hori (sax e flauta), Jorge Ceruto (trompete), Tiquinho (trombone), Flávia Menezes (vocal) e Rosy Aragão (vocal). O palco teve presenças de Odair José e a maranhense Flávia Bittencourt (linda por sinal).
Tem muita música boa por aí, e muita letra inesquecível. Mas não sei de banda ou músico que seja tão claramente rock'n'roll, MPB, Ragga e tão assumidamente brasileiro - e mais, maranhense - quanto Zeca Baleiro; nem conheço roqueiro, artista brasileiro que tenha feito tantas músicas boas com tantas letras ótimas então pouco tempo – catorze anos. Com cerca de cinco discos e a participação de outros cantores do Brasil, muitos dos quais são seus parceiros em composições: Chico César, Rita Ribeiro, Lobão, O Teatro Mágico, Arnaldo Antunes, Zé Geraldo, Paulinho Moska, Lenine, Fagner, Zeca Pagodinho e Zé Ramalho, derivando sua música de muitos ritmos tradicionais brasileiros: samba, pagode, baião com elementos do rock, pop, música eletrônica e com um modo muito particular de tocar violão.
Este é Zeca Baleiro, atualmente o melhor.
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