17 de agosto de 2011

GRILAGEM: CONHEÇA A HISTÓRIA QUE A CLASSE DOMINANTE NO MARANHÃO NÃO QUER QUE VOCÊ SAIBA


"Temos guardado um silencio bastante parecido com a estupidez". A seguinte afirmação é a frase que abre a obra mais famosa do Jornalista Eduardo Galeano: “As veias abertas da América Latina”. É a "Proclamação insurrecional da Junta Tuitiva na cidade de La Paz, em 16 de julho de 1819", publicado em 1971, "Veias abertas.." é um livro que pelo seu caráter contestador e critico foi proibido em diversos países durante seus respectivos regimes militares. O teor do texto expõe através de uma analise brilhante e arguta, os diversos aspectos históricos da dominação colonial da América Latina, primeiramente pela Europa e seus descendentes e depois pelos EUA.
Toda a exploração e diversos outros fatores que causaram o empobrecimento dessas nações "latinas" são muito bem minuciadas através de dados históricos e sociológicos. Eis aí o principal motivo que as elites vetassem sua publicação pois estas se beneficiam sempre da miséria e falta de informação de nosso povo.
Essas mesmas elites, que ainda estão com muitos representantes no poder (claro, pois como não os te-los? Afinal são 500 anos de historia) manifestam seu repudio ainda hoje a qualquer tipo de tentativa de mudança no paradigma social dessas populações roubadas, sempre através de sua impressa comprada com o dinheiro sujo da corrupção e dos golpes a população.
A historia não para. O Livro de Galeano foi presenteado ao presidente dos USA, Barack Obama, por Hugo Chavez, coisa impensável até meados dos anos 80, afinal um trabalho “subversivo” de caráter “perigoso”, dado de presente a um chefe de nação, cujo papel foi o de sempre reprimir qualquer tipo de manifestação por parte dos povos sul-americanos. Que financiou as ditaduras militares para que estas torturassem e matasse quem quer que buscasse mostrar a população alienada de que sua pobreza é uma condição que poderia ser mudada.
E por aqui também temos as nossas “Veias Abertas.”. É o livro do padre beneditino Victor Asselin, chamado de “Grilagem nas terras do Carajás”, o livro foi editado em 1986 pela Editoras Vozes, de São Paulo, e mostrava a dura realidade dos camponeses do Bico do Papagaio, e da região tocantina que por aqui chegaram. Através de uma analise sociológica, descritiva, Asselin vai analisando de que forma as autoridades na época (décadas de 60 e 70) vão expulsando milhares de trabalhadores rurais utilizando assassinatos, atentados e demais outros tipos de violência, os donos do poder com seus capangas acabaram por formar um quadro de terror na região.
O livro foi proibido e Asselin não pôde sequer ficar para divulgá-lo. Teve que voltar às pressas para São Paulo para não morrer assim como outros que levantaram suas vozes para as injustiças sociais na região. (Como por exemplo, Padre Josimo.) Dizem inclusive que grande parte das edições ficaram em Fortaleza, foram retidas lá, proibidas pelas autoridades (e que ainda hoje estão por aí no MA) de circular. Para os grupos dominantes, atrelados a ditadura militar, quanto menos esclarecimentos de seu passado desonesto, melhor, claro.
Fazendo um paralelo entre as duas obras, percebemos que tratam de aspectos semelhantes. Ambas trazem a discussão da injustiça social e seu caráter histórico para explicar o tecido social, os problemas e as lutas de nosso povo. Isso porque faz muito tempo que a grilagem de terras (a fraude da posse da terra por meio de documentos falsos) foi inaugurada. No dia em que chegaram os portugueses, no dia 21 de abril de 1500, o país que viria a ser chamado de Brasil perdeu a autonomia sobre seu território e iniciou-se o processo de grilagem. De lá pra cá os povos nativos com seu sistema sócio-politico-econômico teve sua historia escrita sob humilhação, sangue e luta, enquanto que para os colonizadores glorias e poder. O Brasil hoje apresenta uma configuração muito diferente, mas parece que essa terra foi e é a encruzilhada no globo terrestre, onde se encontraram “os homens sem direito de o ser” do mundo africano, indígena e latino-americano e onde se articularam as forças econômicas e culturais do mundo ocidental, que constituem hoje sua elite dominante. Será verdade mesmo que “Deus é brasileiro?”.
Ainda verei estas elites comerem de suas próprias fezes oligarcas. Até lá o livro de Asselin deverá estar sendo reeditado muitas vezes, e assim como o de Galeano sendo presenteando, espero que para apenas recordar um triste passado.
Para finalizar este texto, gostaria de ressaltar que a frase de Galeano está mais atual ainda quando percebemos os escândalos no Senado Federal e a falta de uma mobilização popular para expulsar esses facínoras do poder. Vivemos um Estado de exceção que parece ser por enquanto, via de regra.

Resenha publicada em abril de 2008 neste blog.
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4 comentários:

Anônimo disse...

Carlos Leen, Faz tempo que a turma do Madeira tenta derrubar o Secretário de Educação Zeziel Ribeiro e não conseguem, agora em mais uma tentativa parece que encontraram a saída, convenseram o mesmo a entrar na Justiça para reivindicar a vaga de Vereador do Edmilson Sanches, caso o mesmo troque o PSDB pelo PC do B. Estão de olho no maior orçamento do municipio, são mais de R$ 70 milhoes por ano.

Josué Moura disse...

Carlos, sobre o livro eu também publiquei um post por ocasião do lançamento em Imperatriz. Veja:
http://josuemoura.blogspot.com/2010/05/grilagem-corrupcao-e-violencia-em.html

Anônimo disse...

Carlos Leen,aquele tipo de grilagem é passado.Hoje as grilagens são feitas por funcionarios públicos,advogados,industriais sda siderurgia,etc.Todas as grilagens de terras ,são feitas em cima de terra publica da União.O incra e seus funcionarios tem conhecimento das fraudes, e nada fazem.São coniventes,como tambem são,os funcionarios do Iterma,da Secretaria de Patrimonio da União,lideres dos sindicatos de trabalhadores rurais,mst e outros instituições ligadas a reforma agraria.Todos são omissos e depois das grilagens feitas.principalmente o incra vira tutor e protetor destas areas,para que ninguem questine a fraude.É uma vergonha.Aqui na região,não são os fazendeiros que são beneficiados pelos crimes,tem tambem siderurgicas,ex prefeito de Imperatriz,deputado estadual,comerciantes ,receptador de carga roubada,etc.Além de grileiros ,são tambem praticantes de crimes ambientais,com o consentimento tácito do Ibama e outros orgãos ambientais.A imprensa e alguns blogueiros sabem,mas não tem interesse em divulgar,sabe-se lá o por que.Voçe ,se até agora não sabia, a partir de agora está sabendo,e quero ver o seu comportamento,como cidadão,como presidente de partido politico de esquerda,como pessos preocupada na reforma agrária.Tem na nossa região aproximadamente 1/3 da terras griladas.Espírito de Gregor Macgregor.

Carlos Leen Santiago disse...

Grande Josué Moura, eu li seu post...muito bom.