Publicado originalmente em 11 de novembro de 2009, para ler os comentários click aqui
O presente artigo busca viabilizar através do debate com a população da região sul do Maranhão, em especial a região Tocantina, subsídios teóricos e práticos para articulação de uma nova universidade pública, de caráter federal ou estadual, que possibilite responder aos anseios da sociedade em termos de tecnologia,desenvolvimento e preservação dos recursos naturais, flora e fauna.
O presente artigo busca viabilizar através do debate com a população da região sul do Maranhão, em especial a região Tocantina, subsídios teóricos e práticos para articulação de uma nova universidade pública, de caráter federal ou estadual, que possibilite responder aos anseios da sociedade em termos de tecnologia,desenvolvimento e preservação dos recursos naturais, flora e fauna.
Vivemos a chamada “era do conhecimento”. As novas relações econômicas (setor terciário ou de serviços intangíveis) potencializam a importância da tecnologia de informação para o conhecimento de todos os processos produtivos. Nos países desenvolvidos e nas grandes metrópoles esses serviços já superam em larga distância os setores da indústria e da agricultura, antes tradicionais motores da economia. Segundo o renomado economista Ladislau Dowbor, em seu livro “O que acontece com o trabalho?” (2006), essas mudanças na configuração econômica representam uma verdadeira revolução, não mais como “revolução da infra-estrutura”, como a ferrovia ou o telegrafo, ou de maquinas, mas de sistemas de organização do conhecimento, ou seja, é a própria forma de se inovar tecnologicamente que está sendo revolucionada. Essa mudança surge de forma sensivelmente ligada à necessidade de se apresentar novas relações econômicas, de se vencer os desafios ligados à condição do homem na natureza e na sociedade. Que seja capaz de produzir e gerar riqueza de forma sustentável, que apresente um desenvolvimento social e vença os diversos desafios que são impostos pela ciência. Afinal o mundo mudou muito desde a era da Revolução Industrial, não dá mais pra se poluir tanto com outrora, só pra citar um exemplo. Inicio este texto com algumas dessas considerações para ilustrar e sustentar a tese que mais adiante tratarei melhor. Vamos agora a segunda parte da analise, e que servirá também de arcabouço teórico.
Imperatriz representa hoje não apenas a segunda cidade do Estado do Maranhão. Sabe-se claramente que além de um ser um dos principais pólos econômicos do Nordeste, entre os 20 municípios nordestinos com o maior PIB, a cidade possui o diferencial de ter seu mercado alargado a mais de 80 municípios, segundo o historiador Adalberto Franklin, Imperatriz exerceria sua influência direta num raio onde residiria cerca de 1,6 milhões de habitantes. Com 157 anos de emancipação (bem completados agora), a cidade é um grande centro comercial e distribuidor, atacadista e varejista, possuindo um elevado consumo de bens e serviços, onde as pessoas visitam para comprar, vender, tratar-se medicamentosamente, utilizar serviços jurídicos e outros. Não obstante a tudo isso, a cidade sofre com a falta de projetos verdadeiramente ligados com as potencialidades econômicas que lhe compete. Os entraves peculiares são na maioria ligados a falta de uma “intelligentsia”, que perceba a necessidade de demandas para melhor aproveitamento de seu potencial produtivo. Isso por que Imperatriz possui em seu entorno (além de parcerias com as cidades vizinhas) terras agricultáveis de qualidade, um rio fértil e ainda não totalmente poluído, (mas que se encaminha para isso) e principalmente, a vocação comercial e a estrutura necessária para as atividades econômicas semelhantes as grandes metrópoles, como os setores de conhecimento, da tecnologia, do assessoramento, da intermediação e do gerenciamento e comunicação. Ainda segundo Franklin, em seu livro Historia Econômica de Imperatriz:
“A baixa produção agrícola e agroindustrial, porem, é responsável por uma elevada evasão financeira, fazendo com que o comercio local seja essencialmente, um entreposto comercial de mercadorias produzidas em outras regiões [...] O investimento necessário em tecnologia, subsídios e disseminação de conhecimentos, em médio prazo, seriam muito mais baixos que os dispêndios e concessões dados aos grandes empreendimentos que se instalaram no Estado”.
Esses empreendimentos, diga-se, são na maioria de caráter privado de grande porte, de capital e gerenciamento exterior, e se implantam apenas para drenar as riquezas locais e investir os lucros em outras regiões, apresentando-se com caráter desenvolvimentista, mas que na realidade só empobrecem mais a região. Tornando-a um mero apêndice do mercado. Abordarei agora a tese de que mencionei anteriormente, e que de certa forma já foi pincelada no texto. Senão vejamos. Se por um lado, através de projetos que potencializassem a economia local, mudaríamos esse quadro de meros “atravessadores” na economia, por outro com a criação de uma Universidade Estadual/Federal, autônoma, da Região Tocantina, em Imperatriz, teríamos a possibilidade real de fomentar o conhecimento local, que poderia servir de catalisadora dessa intelligentsia capaz de discutir e encontrar alternativas e caminhos que levem a um verdadeiro desenvolvimento social e econômico da comunidade. Permitindo também a melhor capacitação, através de concurso público com a participação e formação de mais doutores e mestres que possibilitaria um retorno científico para o estudo de questões proeminentes e característicos dessa região, do sul do Maranhão e que são proeminentes de todo o Estado, como: as florestas enérgicas, hidrelétricas, assentamentos, questões da produtividade para agricultura familiar, da saúde, do extrativismo, das questões do turismo, da siderurgia e da celulose.
Explico melhor: a região possui uma agenda própria no que diz respeito a varias dessas questões. Os impactos sócio-ambientais dos grandes projetos, do saneamento, os produtores do terceiro setor nos municípios, quer seja pela siderurgia ou pela indústria da celulose, da agricultura de escala, enfim, todos poderiam utilizar da estrutura da Universidade, no sentido mais amplo que este termo possa ser entendido. Alem disso o setor educacional no nível superior, ganharia mais celeridade, já que não dependeria de uma administração fora da região, diminuindo assim a burocracia estatal e de acesso ao ensino superior. Infelizmente UEMA e UFMA não podem ter essa AUTONOMIA devido a sua própria dinâmica interna, que possui seu maior contingente de mestres e doutores em São Luis, alem de centralizar financeiramente os recursos na capital. Precisamos articular os diversos segmentos da sociedade e do poder público e privado em torno desse propósito, criando uma rede de discussões e apresentação da idéia para a totalidade da comunidade. Utilizando os exemplos de Universidades já criadas em outras regiões, e discutindo junto aos parlamentares a viabilidade de uma instituição de ensino superior, que possibilite uma melhor dinâmica de criação de conhecimento para nossa agenda regional e global, que diminua os entraves burocráticos diversos, frutos da falta de uma UNIVERSIDADE de verdade para a região. A proposta de criação de uma UNIVERSIDADE do Sul do Maranhão deverá ser, portanto, pautada para e pela sociedade, através dos setores dos trabalhadores, dos empresários, estudantes, enfim, todo setor produtivo, envolvendo a totalidade dos cidadãos e cidadãs do campo e da cidade, que acreditam no potencial de Imperatriz e Região Tocantina.
1 comentários:
Muito bom à matéria Carlos. Concordo que Imperatriz e toda a região tocantina, necessitam de uma Universidade que venha a trazer novos horizontes.
Abraços.
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