13 de maio de 2011

Minha crônica sobre os 25 anos sem Pe Josimo

Há um livro da escritora inglesa Binka Lê Breton intitulado “Todos sabiam: A morte anunciada do Padre Josimo”. Binka se notabilizou internacionalmente, junto de Berta Becker e tantos que estudaram sobre a região Amazônica, pela pesquisa e pelo rigor humanístico com que tratava a questão agrária no Brasil. Muitos, disso, não sabem.

Neste excelente trabalho ficam registrados como fora planejada o assassinato de Josimo Morais Tavares, morto em 10 de maio de 1986, aos 33 anos, na escada do escritório da CPT, localizada em Imperatriz.

Negro e adepto da linha teológica de libertação, Josimo aos poucos foi tirando conclusões políticas que explicavam o porquê de tanta violência e pobreza no campo. O latifúndio, a (in) justiça, a polícia, as oligarquias que ainda continuavam mandando mesmo depois de 500 anos de colonização, tudo isto emperrava e emperra o planejamento e execução de uma reforma agrária que conceda cidadania popular e consequentemente beneficie a maioria no campo.

Acima de tudo Josimo era um homem de fé também: seguia como poucos os preceitos bíblicos que primavam pela vida, sem cair em meros casuímos divinos. Sabia que a causa de tanta desigualdade não estava na falta de Deus no coração, mas sim na desumanidade e na lógica perversa capitalista e militarizante. Sabia Josimo também que sua luta não era só local, mas continental, pois em toda América Latina, a (neo) colonização européia seguia vícios de ganância e riqueza, matando pais de família, escravizando filhos e prostituindo filhas.

Curiosa é a declaração, na época registrada nas páginas do jornal “O Progresso”, do então vereador Lamarck, que na tribuna soltou a seguinte pêrola: “ O assassinato pela terra está no sangue do brasileiro e muitos ainda morrerão(...) “este padre é um tolo que no afã de defender os pobres acabava incentivando o choque entre oprimidos, posseiros e latifundiários”. Na matéria conta ainda que Lamarck justificava a ação dos latifundiários “que têm o direito de matar pela terra e esmagar os pobres (sic) ” Enojado caro leitor? Eu também.

Cada página, cada linha que li do livro de Binka me fez sentir que o caso Pe Josimo deveria ser estudado por todos aqueles que se interessem por desenvolvimento social e pelos conflitos pela terra na América Latina. Nesses dias de luta é confortante saber que não estamos sozinhos. Josimo está vivo e seu legado ecoa longe, iluminando nossos caminhos rumo a mudança e a liberdade.

Postagem mais recente Postagem mais antiga Página inicial

1 comentários:

Anônimo disse...

Concordo plenamente contigo, eu vivo em São Sebastião e sou Católico inclusive trabalho na Igreja, e não entendia toda a importância dessa homem até lê o livro da Binka. Ela soube retratar muito bem o q aconteceu realmente, pena q a justiça não fez sua parte. É meio estranho quase todos os dias eu me deparo com um dos homens q concerteza esteve envolvido no crime, inclusive ela ja veio muitas vezes na minha casa pedir votos em tempos de eleição, eu fico injuriado com isso.

Uma dica: Acontece todos os anos homenagens ao padre Josimo, geralmente no mês de maio, quando não é romaria é a semana social da terra, participe é muito bom, ouvir as historias contadas por pessoas q acompanharam e sofreram as injustiças ao lado Pe. josimo.