O diretório estadual do PT caminha para uma espécie de "intervenção branca" no Maranhão na qual o diretório estadual não se aliaria formalmente nem à governadora Roseana Saney (PMDB) nem ao deputado federal Flávio Dino (PCdoB), adversários das eleições de outubro. Para tanto, as soluções desenhadas são a do lançamento da candidatura própria, a ser encabeçada pelo presidente do PT-MA, Raimundo Monteiro, da ala pró-Sarney, ou mesmo a neutralidade, sem coligação formal a ninguém - o que tende a prevalecer.
Nas duas hipóteses aventadas, há uma clara vitória de Roseana, pois em ambos os cenários ela consegue atingir seus dois objetivos. O primeiro, o de desidratar a candidatura de Dino, que, sem o PT, perde dois terços do tempo estimado de propaganda eleitoral no rádio e na televisão. O segundo, evitar a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em um palanque adversário ao de Roseana, o que foi acertado em recente conversa entre Lula e o presidente do Senado, JOSÉ SARNEY (PMDB-AP).
A intervenção branca, porém, não eliminará os problemas do diretório nacional do PT no Estado. Históricos adversários da família Sarney, os petistas que conseguiram maioria para deliberar em um encontro estadual o apoio a Dino prometem fazer greve de fome em Brasília, São Luís e no interior maranhense. "Se for candidatura própria, será de um laranja de Roseana. Se não apoiar ninguém, aí acaba o PT no Estado de vez", diz o deputado Domingos Dutra (PT-MA), que promete greve de fome no salão verde do Congresso, ao lado de "um dossiê com crimes da família Sarney para refrescar a memória de todos" -ainda que isso lhe custe a expulsão da legenda. No último sábado, seu grupo fechou a coligação com o PCdoB e lançou a petista Teresinha Fernandes para vice de Dino, assim como Bira do Pindaré (PT) e José Reinaldo (PSB) para as duas vagas para o Senado. Apesar de convite, ninguém da direção nacional do PT esteve no evento.
O vice-presidente do PT-MA, Augusto Lobato, apoiador de Dino, diz que seu grupo analisa ainda a possibilidade de recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que uma decisão definitiva sobre o assunto seja dada. "Há na legislação eleitoral alguns motivos para fazer intervenção, mas acontece que aqui fizemos tudo de acordo com o estatuto do PT e com as regras eleitorais determinadas pelo partido em 2009 e no Congresso deste ano", diz. A tese de recorrer à Justiça é defendida também, segundo os petistas, por Flávio Dino, que é jurista.
Por outro lado, os petistas Sarneysistas descartam qualquer uma dessas probabilidades. Apostam em um recurso apresentado ao diretório nacional interposto por uma delegada do partido que não pôde votar no encontro que o PT-MA, por 87 x 85, decidiu apoiar Dino e não Roseana. "Não vai ter intervenção nenhuma. Acho que a cúpula vai decidir entre se coligar com o PMDB, com o PT, ou com ninguém", diz o presidente Raimundo Monteiro.
Hoje, o secretário-geral do partido, deputado José Eduardo Martins Cardozo (PT-SP), e o secretário de Organização, Paulo Frateschi, desembarcam em São Luís para avaliar as denúncias de oferta de dinheiro a petistas em troca do apoio a Roseana nos encontros internos do partido. Aos dois serão apresentados mais denúncias, como a promessa de cargos no governo.
Por Caio Junqueira, de Brasília
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