Findo mais uma edição do Exame Nacional do Ensino Médio, porta de entrada para milhares de estudantes no ensino superior, a prova igual para todos no Brasil causou algumas impressões que se não estavam bem claras agora ficaram gritantes.
A primeira e óbvia é a enorme distância entre os conteúdos e a capacidade de interpretação dos concorrentes. Só para falar de Maranhão e da parte de Ciências Humanas - que é a minha praia - a totalidade dos estudantes de nosso estado não estavam devidamente preparados para concorrer de verdade. E sabe de quem é a culpa?
Podemos dividir a conta disso tudo com a omissão histórica que os sucessivos governos vêm tendo com a Educação. É claro que se a estrutura fosse melhor daria para reverter um pouco mais o quadro de abandono e criar nos alunos a cultura de interesse pelo conhecimento.
Porém neste atual estágio de desenvolvimento da inteligência nas escolas públicas é nítido e perceptível que pelos menos 70% não querem estudar.
Não há um reconhecimento por parte dos jovens que vão a escola nos conteúdos ensinados - no sentido de sentimento de pertencimento aos bens simbólicos que trarão dividendos futuros a sua carreira profissional.
E o quê sobra para o professor? Mal remunerado e com a estima baixa em muitos casos cabe-lhe o papel de chato, louco ou mesmo incompetente por não ser capaz de despertar a massa para o aprendizado.
Principalmente nas periferias, onde a rua, as drogas e as turmas de fim de semana trazem um convite bem mais sedutor a(os) jovens. Sem acesso a bibliotecas, projetos culturais, programação de rádio e tv decentes - sobra sim a ignorância, o desconhecimento, a falta de sentido poético e artístico para viver.
Hoje em dia as oportunidades estão bem melhores que antes. E a tendência é que se invistam mais. Até lá teremos que ver a maioria dos jovens sem saber sequer quem foi Clarice Lispector, Karl Marx, Zeca Baleiro, Vinicius de Morais, Lou Reed, Kafka, Stanley Kubrick, etc.
Felizmente, "vaga-lumes ainda iluminam as trevas". Em cada turma sempre tem algumas "almas" aptas a serem salvas. E isso nos motiva.
Conforme dizia Paulo Freire: "A leitura do mundo precede a leitura da palavra".
Conforme dizia Paulo Freire: "A leitura do mundo precede a leitura da palavra".
0 comentários:
Postar um comentário