PORQUE O BUTECO ESTÁ ENCERRANDO AS ATIVIDADES

“Olá, informamos a todos os nossos clientes e amigos que o projeto do Boteco do Frei chega ao fim. Após muitas avaliações, concluímos que não temos mais como continuar de portas abertas apostando em um projeto que não tem mais como dar certo financeiramente (...)”. Trecho da carta de despedida, redigida pelo jornalista e um dos sócios do Buteco, Marcos Franco.

O espaço cultural, bar e casa de shows Buteco do Frei era uma opção de qualidade sem dúvida. Vários grupos e artistas tiveram a oportunidade ali. O Buteco com certeza deu boas crias. Jovens talentos “nascidos” entre um gole de Devassa e fumaça de cigarro do clima “noir” do lugar que o digam.

Mas porque a Imperatriz não consegue “sustentar” por muito tempo um espaço dessa natureza? A resposta meu amigo está no ar.

Além da forte incidência da industria cultural de massa que repete a exaustão formulas massificantes com vistas mercadológicas, temos o sério agravante de vermos uma juventude hoje em dia acéfala, estudante de escola-faculdade particular sem referências históricas, perdida entre o abismo do mero consumismo da classe média e a cultura pop, brocha, pós moderna, boba.

Soma-se a isso a quantidade de nulidades artísticas que surgem a cada novo verão. Inventadas pela expressão que privilegia o exibicionismo e o consumo. Os enlatados são outro problema, mas por ética agora não vou comentar.

Claro, Imperatriz ainda não possui um vasto campo de atuação cultural. As politicas de formação de platéia não existem. A cidade ainda engatinha no cosmopolitismo (que aos poucos vai sendo aprofundado via web). Mesmo que poluamos completamente o Rio Tocantins para trazer o tão sonhado “desenvolvimento” ainda sim vai levar uns 100 anos para se reconhecer uma característica cultural da cidade. No futuro os historiadores e comunicólogos vão se debruçar para entender o que foi o Buteco do Frei, quem era Zeca Tocantins e o que fazia a panelada ser tão apreciada neste tempos.

Não obstante a tudo isso há uma luz no fim do túnel. A experiência nos ensina que a história não para. Uma tendência clara da juventude é ir para onde está a ação. Vez ou outra temos um ocuppy wall street regional (via ocuparte). È a roda dialética girando. Entre a ruína emo-tatuada dos enlatados e a música-bunda-corno de sempre, temos boas iniciativas. Para fugir do óbvio como diria o slogan do Buteco.

Marcos Franco meu caro, na boa, não nos deixe, faça uma quinta "sertanoja" de vez em quando. Afinal não há diferença alguma entre o que diz o Guns-in-Roses e o Chitaozinho e Chororó. Vide letras. È tudo uma questão de chifres e idiomas.