11 de novembro de 2011

AINDA SOBRE A PÓS MODERNIDADE PARTE II

 
Mais um da série de textos onde copilo e sistematizo  as análises feitas por grandes pensadores da filosofia moderna. O objetivo é explanar minha opinião aos meus alunos e colegas professores o conceito de pós-modernidade amplamente debatido hoje em dia, bem como a busca pela compreensão de verdade, razão e sentido filosófico. 

Texto II: O surgimento da modernidade e seus dilemas

Grandes filósofos que começaram a refletir a partir dos critérios definidos não apenas por pensadores da antiguidade e nem muito menos por qualquer autoridade religiosa ou secular do seu presente, dariam inicio ao que Foucault chamaria de modernidade filosófica. Destacamos nesse sentido o pensamento de Fichte, Shelling e sobretudo Hegel, (foto) o mais influente desta tradição de pensadores idealistas alemães e que passaria a refletir a modernidade de forma bastante curiosa: com uma perspectiva problemática e problematizante sobre a modernidade e seu “desenraizamento das pessoas”.
Marx aprofundaria no seu “Manifesto do Partido Comunista”, este aspecto do “desenraizamento das pessoas” dizendo que os homens perdem as suas veiculações naturais - o camponês perde sua veiculação natural com a terra pela migração forçada, o citadino sofre com e a tendência a proletarização, etc. – de modo geral esse desenraizamento já era refletido no pensamento de Kant no sentido de haver uma vivência do desmembramento e uma fragmentação (verificada na própria razão kantiana, onde a razão até aquele momento era considerada uma “ration”, homogênea e única, e, depois, passaria a se desmembrar nas três razões kantianas: a razão prática, a razão teórica e a razão estética, esta ultima segundo a crítica do julgamento e do gosto).
O homem tinha sido desmembrado em papeis frequentemente contraditórios. Ao mesmo tempo em que era “cidadão” de uma sociedade politica, era também um “burguês” enquanto agente econômico, e, finalmente era um “particular” enquanto indivíduo e membro de uma família. Portanto papeis contraditórios que em tese existiram de uma maneira unitária em outras fases históricas mas que desta vez por conta da condição moderna, passou a ser desmembrado da mesma forma que a própria razão unitária se fragmentou e atomizou em diversas razões separadas entre si. De forma bastante curiosa a reflexão da filosofia moderna não resultou numa tese de endeusamento de si mesmo, ela não foi entronizada mas sim formou-se como uma tomada de consciência de como era dilacerada e dilacerante esta modernidade. Sobretudo no trabalho de Hegel há uma tentativa a todo custo de recompor a unidade desta que ele chama de “Sittliche Totalitat” (Totalidade Ética) que tinha sido desmembrada pela modernidade e precisava de alguma forma ser recomposta no plano do pensamento.
Há portanto um reconhecimento triste de que a razão é algo grandioso no sentido de que permitiu ao homem empunhar o “facho de Prometeu” e conquistar a natureza relacionando-se melhor uns com outros, mas também, algo de muito “triste e melancólico” deste reconhecimento da modernidade que surge de alguma maneira como autocrítica de si mesma, no registro da autocrítica consoladora no sentido de que nem tudo está perdido e de que é possível realmente “lamber as feridas” (segundo Sergio Paulo Roaunet) da modernidade e restaurar a “rigidez desta modernidade que já nascia doente”.

Quais seriam os principais temas e motivos da filosofia moderna do seculo XX ?

Eu diria que quase todos são transformações destes temas característicos da própria modernidade em sua origem. Sempre em torna da razão no combate iluminista, da “luz contra as trevas”, da razão contra o obscurantismo , da razão contra a metafisica. 
Continua....
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