3 de agosto de 2011

OS ANTIGOS SERES IMAGINÁRIOS DA CHAPADA

(Conto fictício)

Foi em um dos álbuns fotográficos pertencentes a família de dona Enriqueta Barbára DiDumont, mulher do então embaixador da Turquia em Portugal, Hezarfen Ahmet, que o calhamaço de páginas manuscritas veio a público ainda no distante ano de 1924. Reproduzo agora o seu teor na integra. Com certeza a distinta e diletante Enriqueta adquiriu-o por acaso, não se sabendo ao certo sua origem. O texto é de um certo Jean Baptiste du Bellay, tenente e primeiro na patente de fieis serviçais da ainda coroa francesa nos idos de 1780 - período de grande interesse na cultura clássica tanto por parte dos pré-revolucionários quanto de sua majestade...

....de todas as malfazejas saídas da boca de Luis di Avignon, capitão de França, nenhuma delas me soou na cabeça tão forte quanto aquela proferida minutos antes da sua morte. Disse-me tudo olhando no olho. Eu sabia que não tínhamos lá muito tempo de convivência para devaneios e o resultado de nossa missão era tal qual uma soma zero que minuto a minuto nos destruía cada vez mais internamente.
Havíamos entrado sertão adentro pela floresta da nova terra e conforme ordens superiores mapeávamos o lugar de forma aviltante. Eramos em numero mui grande na caravana, porém as pestes, os pequenos bichos que mordem foram nos consumindo, tendo que alguns ficarem pelo caminho, enterrados aos cinco ou seis de uma vez. Era corpo enterrado sobre corpo e não tardou para muito dos conscritos debandarem, sumirem mata adentro. Logo ficamos em poucas pessoas e a morte ameaçava cotidianamente tanto eu como o capitão, responsáveis pela empreitada. Nosso intuito principal era na verdade bem mais ambicioso do que simplesmente traçar limites nos alcantilados longínquos, a busca era por uma cidadela pois corria aos ouvidos del rey a antiga morado dos descendentes do grande continente que se afundou mar a dentro. Os herdeiros trouxeram para estas terras distantes toda a sua ciência de viajar por baixo d'agua, cetas de luz forradas a ouro e mitra, fuzis que disparavam fogo como que do próprio sol. Etc.
Eram os assim chamados atlantes com seus olhos puxados e sua estatura cumprida (quase três metros) o motivo pela qual empreendíamos busca. Tudo por obra e graça daquele amaldiçoado mapa lapidado em pedra niquelada, que sua majestade, el rei, resolveu entregar-nos essa tarefa digna dos mais biltres e cornos seres humanos. A morte nos caiaria melhor com certeza.
Mas d'alem mar não parece existir o tempo. Mesmo que morrer parecesse tão próximo. Luis Avignom suspirou moribundo e segurando meu pulso com força, disse em um só átimo: “Que o inferno seja pouco para homens como nós e que satanás se encarregue pessoalmente de fazer você sofrer capitão...”
Dito isso desfaliu já sem vida, ferido por uma adaga traidora de um dos selvagens contratados para nos guiar. Esses primatas com traços humanos era piores que os mais traiçoeiros mercenários. Malditos filhos de macaco com gente.
Para fugir da morte iminente atirei-me nas águas turvas de um rio. Sobre meus ombros feridos por uma das flechas, apenas o sangue coagulado e partes de carne humana putrefata (carne, costurada e ressecada a ferro e fogo por mim mesmo). Sentindo febre e tremores pelo corpo arrastei-me floresta adentro, sempre seguindo os indicativos do mapa e me alimentando de folhas e insetos bem como frutos e galhos. Não sei precisar quantas dias e noites se passaram até que encontrei a entrada das Duas Gargantas, especie de ponte em forma de caverna talhadas por estes seres abissais que dominavam várias tecnologias malignas segundo el rei. Será que tinham o controle sobre a imortalidade também?
Adentrei pela “garganta” quando de súbito uma forte luminosidade cegou-me momentaneamente. Não soube distinguir bem o que seria e só depois concluí que deveria ser algum tipo de meio de transporte dos atlantes (poderia ser umas das carruagens de fogo). Pus me a questionar por que nação com recursos tão poderosos escondia-se tão profundamente inacessível. De certo que este novo continente trazido a ribalta por espanhois e portugueses católicos, jamais proporcionaria nada de sobremaneiramente avançado a esta civilização tamanho era o atraso das formas de vida encontradas ali.
Selvagens vestidos de gato, que comiam além de outros seres humanos, serpentes e outros vermes parasitas. Peculiaridades que encontramos caminho adentro por aquela chapada próximo ao assim denominado território do Grão-Pará e Maranhão.
Minha capacidade de raciocínio cada vez mais era testada enquanto avançava por dentro da garganta. Ao sair do outro lado deparei-me com um piso feito de cobre ou algo que o valha. A pouca luminosidade foi de certa forma amenizada por estalactites que brilhavam. Senti um forte choque como um tremor no corpo todo. Sei que desfaleci imediatamente.
Acordei não sei quanto tempo depois com mais uma forte luminosidade no rosto. Nos meus ouvidos pulsos como que ondas de vento fizeram-me ouvir vozes postadas como grunhidos. Os atlantes me estudavam minunciosamente. Na verdade suas estaturas não era assim tão altas. Não me lembro de muita coisa.
Não sei como sei - só sei do que vim a saber. Tudo é muito confuso. Não há lembranças palpáveis de nada. Poderia ser um sonho? Creio que não.
Anos depois escrevendo isso como um desabafo talvez para gerações que possam entender o sentido disso tudo, afirmo-lhes, que sei que este povo ali chamando de atlantes na verdade não pertencem aos limites de nenhum continente já visto. Pelo contrário, são anteriores a este mundo e para cá vieram por se tratar (segundo eles mesmos) de um “mundo vivo”. Como a própria natureza sendo um ser vivo e estes tentando consubstanciarem com o mundo de energia física. Segundo os antigos eles vieram do grande portal aberto no céu da noite, que consome muita luz e que os homens imaginam ser um astro, só que na verdade é o caminho que leva ao outro lado do firmamento.
Não sei como mas sei que eles trouxeram os caraíbas para cá. Estes eram os verdadeiros atlantes e suas terras foram inundadas por uma grande onda que veio do mar. Que esta onda foi causada pelo choquilhão de grandes placas internas do mundo, provocado pelos seres que por lá habitam. Que todos os mortais deste lugar, caraíbas ou não, são feitos da fina poeira que é feita de infinitos portais como o que os trouxeram aqui. Que não tardará para o homem dominar a locomoção que permitirá atravessar o passado e o futuro e já faz isso modificando a existência de uma forma paralela a que conhecemos e que tudo que existe veio de um mesmo ponto e a ele retornará infinitamente.
.....
O autor prossegue falando de visões das estrelas e outras confusas aparições sem nexo constitutivo com a realidade. Foi diagnosticado como insano e morreu ainda em fins do ano de 1829, segundo laudo do Maison de Santé Mentale et la Poursuite de la Paix, de Paris. Sua familia e seus descendentes permanecem em anonimato.
Segundo o filólogo Ludovico Schwennhagen os primeiros contingentes de imigrantes tupis foram trazidos por fenícios para o norte do Brasil entre os anos 940 a 900 a.C.
Segundo consta no autos o delta do Parnaíba (onde foi fundada Tutóia) fora colonia dos Tirrênios até a foz do Amazonas; mais acima andaram as mulheres guerreiras no alto amazonas onde situavam-se colônias hebraicas.
O autor esclarece também como aconteceu o processo migratório dos tupis para o litoral brasileiro com ajuda de embarcações fenícias.
Consta que uma grande inundação aconteceu no país dos Caris (leia-se Caraíbas) que eram originários das Atlântidas, ou antlantilhas, pequenas ilhas, cerca de mil anos antes de Cristo. A Venezuela fora seu primeiro local de desembargue, a capital Caracas é batizada assim porque se prende a essa origem.

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