21 de junho de 2011

Meu encontro com Herbet Marcuse

Em breve estaremos dando inicio ao nosso grupo de estudos em economia politica. Aos interessados, aguardem

Foi por obra e graça do acaso que na graduação, nos confins obscuros de algum lugar na biblioteca da Universidade Estadual do Maranhão deparei-me com um exemplar de “Razão e Revolução - Hegel e o advento da Teoria Social”. Na época eu já alfarrabista, tentava garimpar algum texto que me auxiliasse a compreender os processos revolucionários e a sociedade atual, influenciada sempre por qualquer bobagem que viesse de fora (seja estadunidense ou não) .

Confesso que foi quase uma paixão a primeira vista. Muito me chamava a atenção o fato do filosofo Herbet Marcuse, judeu, ex-membro do Partido Social Democrata Alemão, ter intenções de interpretar criticamente os Manuscritos Econômico-filosóficos de Marx e (assim como este que vós escreve) encontrar neles um fundamento filosófico da economia política. A mística que o maio de 68 provocara em mim e em meia duzia de colegas, motivou também as primeiras leituras a Marcuse.

Em meu intimo, sentia na verdade enorme repulsa a um certo “idealismo existencial” que a maioria dos meus colegas de graduação buscavam com suas respostas mais teóricas do que práticas. Era o principio do “comer e gozar”, ilusória e efémera em sua essência, que eu não queria de modo algum e que de certa forma empurrou-me a leitura de Marcuse. Na época senti frios e mais frios na barriga. Achara o que desejava. Chegava o fim de abstrações pra mim...

Neste excelente trabalho vemos claramente que existe uma simultaneidade entre crítica e práxis. Só a crítica em sí não basta, é necessário um nexo com a práxis objetiva. Exemplo: A pequena-burguesia interessada apenas em se divertir e consumir, poderia e pode ser instrumento de luta pelos direitos civis, desde que sejam criadas condições concretas para isso. Ou seja, a irracionalidade capitalista possuía uma “racionalidade”, passível de ser compreendida.

Os vetores necessários para a transformação de fraqueza em força: Arte e Politica. Condição “cine qua non” para a busca da felicidade, Marcuse defendia o materialismo dialético de Marx como correta teoria da sociedade, ou seja, a preocupação com a felicidade dos homens e a convicção de que esta felicidade seja conseguida “mediante uma transformação das relações materiais de existência”. Por isso em Razão e Revolução, afirma Marcuse, a teoria de Marx supera a de Hegel, justamente por pretender não só a realização da razão, mas, principalmente, a realização da felicidade.

Numa época impregnada de classificações, cálculos e avanços tecnológicos, onde se tenta drenar toda energia utópica, principalmente entre os jovens, onde o consumismo os convida agressivamente a compartilhar de sua miséria espiritual, reduzindo a sua existência a um bom emprego, a um bom salário, para o consumo ilimitado de objetos e pessoas – Marcuse ainda tem muito a dizer, particularmente as novas gerações.

A sua enorme contribuição de pensador integro e coerente ficará para sempre legada não ao “museu de idéias”, petrificadas para serem admiradas, porém para serem lidas criticamente e ultrapassadas, para delas se reter o essencial e avançar.
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1 comentários:

ameliapoulan@hotmail.com disse...

Ola Carlos Leen

Gostaria de saber se esse Grupo de Estudos em Economia Politica é aberto ou restrito a alunos da Unisulma.