29 de abril de 2011

Os desafios do PSOL ou pra onde vão os ideais socialistas de hoje?


Eu queria começar companheiros numa apreciação categórica que nos coloca de forma diferenciada sobre vários prismas dos outros partidos da esquerda. Nós consideramos que existe atualmente no mundo um cenário complexo que envolve as possibilidades do avanço do socialismo. Apesar da enorme crise do capitalismo na Europa em geral, do ascenso nos movimentos na América Latina, das sublevações dos paises árabes e africanos - não há um cenário favorável para imediatamente de um dia pro outro a implementação das idéias socialistas.

Falando um pouco de Brasil temos que avaliar o cenário que se formou logo após a ruptura democrática - política com o fim da ditadura militar. A direita conservadora, até os dias de hoje não conseguiu totalmente sustentar seu projeto pacificador e reacionário. Naquela a época (anos 80) amplos setores da sociedade, dos trabalhadores, das camadas médias, dos intelectuais, seguiram a construção do PT como ferramenta, como instrumento de luta e transformação social para o país, não obstante a tudo isso os latifundiários, os banqueiros, os corruptos, de forma alguma recrudesceram e resolveram compor com este bloco ligado aos movimentos sociais, aos sindicatos, aos movimentos do campo, uma política conciliadora para legitimar suas ações e permanecer dando o tom da política econômica. Neste caldo nada palatável nos teremos a figura de Lula e o lulismo como principal articulador dessa composição entre os diversos setores.

No entanto companheiros (as) se a responsabilidade da entrega total as oligarquias políticas é de responsabilidade da complexa transição entre esse velho e o novo, entre ditadura e democracia política, será nosso dever enquanto revolucionários transformar por meio da arte e da política fraqueza em força. Retomando as grandes bandeiras históricas das grandes tarefas que Lula não fez e que Dilma certamente não fará, é que passaremos a dialogar mais e melhor com amplas camadas da população em geral que continuam a sofrer com a desigualdade social e falta de oportunidades.

Foi nessa perspectiva que se iniciou o debate em torno da composição com Marina na eleição de 2010. Tínhamos na figura da ex-ministra do meio ambiente a certeza de que era possível tencionar e enfrentar polarização PT x PSDB, que leia-se, representava a mesma política econômica. Infelizmente Marina não aceitou nossas recomendações do conteúdo programático e preferiu torna-se uma chapa branca tucana, que não dizia a que vinha e preferiu surfar no seu mar de popularidade.

É preciso dialogar a partir da mudança da economia. Um fortalecimento do estado como elemento coordenador do desenvolvimento e de coerção ao grande do capital, como elemento de disputa ao mundo do trabalho. Há um momento de avanço para as idéias novas, com o franco recuo do discurso neoliberal, precisamos de uma política compressiva, que dialogue e não que imponha propagandismos e conteúdos programáticos somente.

Devemos propor um processo de emancipação social. A reforma agrária é um destes pilares, mas não a atrasada reforma agrária defendida por tanto tempo por alguns movimentos, que mais faveliza e cria minifúndios sem capacidade de produção. João Pedro Stedile recentemente reconheceu isso lá no RS. Temos sim que propor a organização e o incentivo da produção camponesa ligada diretamente com o meio urbano. Nós achamos que é preciso avançar num processo de fusão da intervenção do estado, que sustente de forma objetiva a realização da reforma agrária, que estimule as formas cooperativas da produção, que garanta condições de competitividade para esse produtos, que garanta possibilidade de um de outro perfil produtivo, que seja ecológico, que tenha escala de produção e vínculos diretos com o consumo das cidades. Finalmente é necessário democratizar a terra, democratizar os meios de produção e democratização do poder, porque terra no Brasil esta associado ao poder da velha oligarquia.

Finalmente na questão ambiental, não se trata apenas em defender a preservação da Amazônia e de seu patrimônio, isso já vem sendo feito e nós sempre apoiaremos essa luta. Trata-se de defender uma nova concepção de existência para o ser humano e de sua civilização. A reprodução desse modo de consumo de produção capitalista é insustentável neste planeta. Acenam com a idéia de que padrão de vida dos Eua, Europa, Japão e Canadá, são o que devemos alcançar para chegar ao primeiro mundo. Mas chegar ao primeiro mundo nestes termos significa inventar ou descobrir mais quatro planetas Terras, porque esse dito primeiro mundo, que possui 20% da população mundial, consume cerca de 80% dos recursos naturais.

Lançamos como linha geral a necessidade de tributar, taxar, penalizar as atividades econômicas, que são predatórias e estimular as que são sustentáveis, além disso propor ao estado brasileiro que assuma a frente da construção de um novo centro de conhecimento de saber e de produção cientifica como foi a Petrobrás, que desenvolva um novo processo de produção e que chame a população brasileira para uma campanha de educação ambiental . Fora disso companheiros é balançar a bandeira de “verdinho” sem perspectivas de dar uma resposta a realidade objetiva. O Brasil pode e deve ser vanguarda nesta questão a nível mundial
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