31 de março de 2010

Flavio Dino e o perfil da esquerda maranhense

Eis que o PT, embora aos 45 minutos do segundo tempo, resolve-se. O debate foi acirrado, a diferença estava em cada voto computado. Final de jogo 87 a 85 para os setores mais progressistas do partido, leia-se anti-atraso-sarney do Maranhão. Meu caro amigo e mestre Expedito Barroso que o diga, assim como ele vários comemoraram a decisão que possibilitaria a conjuntura política no estado modifica-se plenamente, tanto em significados quanto em significantes. Se o apoio do PT fosse direcionado ao clã responsável por atrasos terríveis nestas cercanias, teríamos no mínimo uma campanha mais desanimadora possível, com prováveis vitórias dos senhores medievais sarneystas que gozariam de ampla estrutura graças ao neo-companheiro Lula.

A feliz expressão de Jaguar – rebeldes a favor – dá conta perfeitamente do fenômeno que foi essa disputa interna que inclusive já está sendo chamada de 1° turno das eleições. O estilo de fala dos que defendiam a aliança com Roseana, supostamente radical e indignado, parecia estar sintonizado com certo sentimento de que tudo deveria mudar, “basta!”, e vamos a luta ! Cabe nesse exemplo lembrar que a candidatura Flavio Dino será pautada por um discurso dos setores da esquerda, uma espécie de avesso do avesso de quem só deseja reformar a si mesmo, quanto menos o capitalismo. Paradguima vivido pelo atual Partido Comunista do Brasil.

Eu explico melhor: ontem conversando com companheiros do PCB, estes me diziam que um apelido recorrente a Flavio internamente no partidão é de “sarneyzinho”, originário com certeza de velhos vínculos que deve ter com a trupe do presidente do senado. Nesse cenário, se há muito tempo anda difícil definir quem é de esquerda e quem é de direita, imagina por aqui no Maranhão, onde as opções de voto são para evitar certo candidato, ou seja, o voto contra? “E aí companheiro?” “Você vai votar em quem?” “Não sei, só não quero que X ganhe”! Tem sido assim. Vota-se no menos pior.

Fica mais difícil e distante o sonho de uma candidatura voltada exclusivamente aos interesses da classe trabalhadora. Graças à incompetência e o silêncio de nós, que nos reivindicamos de esquerda, e que muito pouco temos feito, ou de forma atrapalhada e por vezes auto-proclamatória ou por comodidade de seguir uma maioria.
É preciso levar em conta também o significado da própria concepção partidária do que seja ser de esquerda. Esse pode ser um ponto interessante de analise que antes de não dizer nada com nada pode ser um vértice para uma boa auto-reflexão. No caso do PSOL as coisas andam meio desordenadas, mas ainda em ponto fulcral para seu esplendor. Só depende de nós mesmos.
Com essas eleições e antes dos próximos debates, o PSOL precisa como ocorreu a uma de suas lideranças mais eminentes, procurar um novo eixo. É evidente que o ponto de equilíbrio interno e externo não será o que se definiu antes da ultima eleição presidencial.

O PSOL cresceu no país inteiro, vivemos outra conjuntura, e a fratura em seu interior precisa ser corrigida. As direções, os grupos e a militância podem encontrar uma linha comum, o que exige concessões mútuas. O exame acurado do processo político, sem violências recíprocas e sem irenismos, pode conduzir o PSOL a se determinar como um projeto viável e democrático. Caso a atitude autoritária de algumas lideranças e a falta de respeito pelos militantes da base se mantenham não haverá novas conquistas, e sim, uma nova via-crúcis da esquerda no Brasil e no Maranhão, rota que segue do radicalismo as concessões de mercado, em detrimento dos valores éticos e programáticos.

Em política nada é definitivo e absolutamente necessário, salvo o princípio de que as forças próprias devem ser aumentadas, nunca diminuídas. Os militantes são a grande e confiável força do PSOL.
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