29 de março de 2010

Comunistas como motor de reprodução do sistema capitalista

O companheiro Reynaldo Costa, da Secretária de Comunicação do MST, me pediu para publicar esta reflexão sobre a condição de alguns trabalhadores na atual conjuntura politica-econômica em que vivemos:

Como pode um escravo nunca se revoltar contra a escravidão? Simplesmente ele deve não saber que é escravo. Mas como pode um comunista se manter e reconhecer-se como um escravo do modo de produção capitalista? Ai é mais difícil: 1- escravos são tópicos do modo de produção escravista. Escravos não são assalariados como os dos dias de hoje. Porém não nego que haja escravidão hoje, e tem muitas características da antiga, não se paga salário, se aprisiona. Agora não se pode ser escravo se você é livre para mudar de patrão. Escravos não vendem sua força de trabalho, elas lhes são tomadas a força. Alguém que vende sua força de trabalho num mínimo é um assalariado e isto não é ser comunista, é ser proletário. 2 – Comunista, não é comungar com idéias, é se revoltar contra a forma de exploração deste sistema do capital.

Se nós achamos ser comunistas hoje mas nos mantemos sob as barbas do patrão, e mesmo dos sem barbas, já que esta é típica dos comunistas, simplesmente somos pior que os parasitas patrões. Ora como ser comunista e se manter a sustentar o patrão. Ou nos esquecemos do refrão da internacional comunista, “... uma terra sem amos...” este amo, quer dizer sem patrão. Patrões devem no mínimo ser adiados. A primeira idéia sustentada pelo comunismo é de que os meios de produção devem está sobre o controle dos trabalhadores. Portanto quem é patrão e acha ser comunista, deve se depor de suas empresas e quem é assalariado e acha ser comunista deve se opor e tomar as fabricas, se preferem se manter como tais jamais cantaram conosco a INTERNACIONAL.

Marighela dizia que mesmo os escravos por vocação se revoltam contra a escravidão.

Vamos pedir ajuda a Lênin: ser comunista é romper com o estabelecido pelo mundo social e político, e não reproduzir o mundo social e político com oposições. Nosso camarada Trotski acrescenta que é condicionar uma ação de ruptura política com esses discursos e revolucioná-la, e não se manter na produção e reprodução de discursos. Os camaradas anarquistas, que muito contribuíram para estas idéias, diziam que é ser partidário no sentido de classe e não institucional, muito menos promover hierarquias. É a “subversão”, sem patrões, sem instituição.

Agora vem uma minha: será que ser comunista é se distinguir dos outros por ordem intelectual, de conhecimento e de vanguarda, ou se sentir povo, humilhado, oprimido, explorado e humano? Será ser apenas o operário e não o camponês o homem que vai a fabrica e não a dona de casa?

Vale a pena lembrar que muito próximo de nós há “comunista” que odeiam Índios. Será pela forma coletiva de uso da terra de comungar coletivamente do fruto do seu trabalho? Talvez isto seja o comunismo puro. Ser comunista é ser companheiro (não concepção de dividir o pão) e não dividir as sobras das festas.Ser comunista é lutar incessante mente pela emancipação dos trabalhadores e outra variante não há. Não dá pra ficar em cima do muro.

Acho que não sou um comunista, mas tenho muitos sonhos em comum entre eles o desejo da liberdade plena. E quando eu compreender o que é ser comunista decidirei se serei um ou não. Iguais aos que estão ai, se reivindicando como tais, já me decidi que não vou ser.

Reynaldo Costa, também é estudante de Comunicação Social da Universidade Federal do Ceará, numa parceria com o MST e militante do PSOL.
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