Eu não poderia deixar de registrar no blogue a passagem do escritor Rubem Fonseca para o outro lado na vida eterna.
Em meio aos graves últimos acontecimentos na República e da crise da pandemia, temos que buscar arejar a cabeça com a boa literatura. Temos a arte para que a realidade não nos mate, já dizia Nietzsche.
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Conheci o trabalho de Fonseca nos fins dos anos 90. Sua obra não trata diretamente com a Política mas em suas entrelinhas nos deparamos com uma realidade nua e crua de personagens extremamente humanos, brutos e cínicos.
Sociopatas, prostitutas, criminosos, cidadãos tidos como normais (ou não) são apresentados em contextos tão chocantes quanto reais.
Do caos a lama, Fonseca faz emergir as "vozes da barbárie" urbana e as ironias das voltas que o mundo dá numa perspectiva onde "não há saída" para ninguém.
A História através da ficção sempre compareceu em seus romances, a exemplo de "Agosto" sobre as conspirações que culminaram na morte de Getúlio Vargas ou ainda em "O Selvagem da Ópera" em que retrata a vida de Carlos Gomes, ou ainda "A Cavalaria Vermelha", livro de Isaac Babel retratado em "Vastas Emoções e Pensamentos Imperfeitos".
Contudo é nos "contos" que Rubem Fonseca se torna imbatível. Secos, duros e cruéis ou ainda divertidos e irônicos. Com uma escrita e um estilo que permanecerão insuperáveis sempre.
Se você ainda não leu "Feliz Ano Novo", "A coleira do cão", "Romance Negro e outras histórias", "Secreções, excreções e desatinos" - corra até as livrarias virtuais e faça essas aquisições/investimentos. Vale a pena cada letra.
O mundo, a realidade e as suas voltas, idas e vindas podem ser tão fantásticas quanto cruéis. As duas únicas certezas são: 1) a morte e 2) o fato de que a literatura de Rubem Fonseca retratou muito bem tudo isso.
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