Cansativo, mas necessário! Essa é foi a principal resposta quando se perguntava aos conferencistas sobre este evento de suma importância para nossa classe artística. A despeito de todos os debates ocorridos na plenária final, deve-se ressaltar o caráter maduro com que a comissão organizadora buscou conduzir o processo.
Estavam ali vários segmentos artísticos - Música, Teatro, Literatura, Artes Visuais, Carnavalescos, Artes Plásticas. O caldeirão proporcionou a pluralidade de idéias, sem prejuízo para que vários aspectos de cosmovisões fossem aproveitados e não excluídos. A cultura popular pôde se manifestar e teve voz e vez. Infelizmente, ficaram rendidas as artimanhas da retórica e do discurso de quem já é velho de guerra em plenárias, manipulou-se por vezes até a própria mesa condutora dos trabalhos.
Ressalte-se aqui também o excelente debate feito do lado de fora, por entusiastas do discurso anarquista, populares e demais artistas, que se mostravam atentos, criticando oportunistas de plantão e velhas raposas dos processos culturais de nossa cidade.
Conclusões: Conselho de Cultura esboçado, delegados a etapa estadual tirados e a certeza de que a luta não acabou. A democracia perpassa não apenas aos limites do discurso, ela também se estabelece nas ações descentralizadoras e geradoras, que proporcionam realmente estrutura a todos que desejam produzir, criar, inovar, para que a sociedade não seja apenas aquela da competitividade, da crise e da desesperança.
Devemos caminhar para a ruptura de que a idéia de produção cultural seja apenas privilégio de uma pequena parcela e que o seu comprometimento histórico não se articule apenas com as necessidades ideológicas de “iluminados” ou da burguesia, que se reivindicam únicos aptos a estarem intelectualmente produzindo cultura.
Relembramos como exemplo a concepção da Antiguidade Grega, segundo a qual as manifestações culturais se encontram numa esfera separada, que transcende o âmbito da reprodução da vida e que divide a sociedade entre uma esmagadora maioria que deve realizar o trabalho físico e os poucos escolhidos que têm o ócio (em grego: Skolé, de onde veio a palavra latina schola) para se dedicar às coisas do espírito; ao verdadeiro ao bem e ao belo. Nesse período da história, o próprio discurso das classes dominantes não esconde a concepção de que existem, por um lado, pessoas inferiores, às quais cabe a dura labuta física e, por outro lado, seres humanos superiores – responsáveis pelas atividades intelectuais que propriamente engrandecem a humanidade.
Voltando ao nosso tempo e ao nosso lugar, caberá a partir de agora que a Fundação Cultural lidere o processo de democratização das condições materiais de produção da cultura, que os gestores se reúnam com a classe artística e que deixemos que os artistas façam sua parte: criar, tornar o mundo mais belo, humano, para todos sem exceção.
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