19 de setembro de 2014

O U2 NO PRIMEIRO TEXTO QUE LI SOBRE A INTERNET


O ano era 1993. Eu era só um moleque espinhudo, achando a vida fácil, doido para vivê-la e morrendo de medo enfrentá-la.

Cheio de dilemas típicos de um "aborrescente" e contando as moedas fui a banca comprar uma edição da extinta Revista Bizz

Uma edição histórica hoje em dia, mas que na época foi apenas mais uma.

Eu tinha adquirido "acidentalmente" o novo disco do U2, intitulado "Zooropa" (um amigo distante me vendeu a preço de banana pois o tinha odiado) e a capa da revista era justamente sobre tudo isto: o disco e a banda (vide imagem). Imaginei que o destino queria me dizer alguma coisa. E queria mesmo.

A matéria era assinada pelo André Forastiere, que de forma muito competente e pedagógica levantava algumas hipóteses. Lendo-a nos dias de hoje diria que quase proféticas. 

O texto argumentava sobre as novas possibilidades na cultura e na comunicação, na prestação de serviços e nos relacionamentos, na mudança global do capitalismo, criando "pontes de compreensão", "surfar na terceira onda". Abrir os olhos para as fronteiras do futuro. 

"Estamos no amanhecer de um novo mundo - onde estaremos todos conectados via fibra ótica, brigando e se amando e aprendendo e votando e transmutando a maneira como nossos cérebros funcionam e principalmente, antes de mais nada, comprando (o shopping-orgasmo, além dos nossos mais desvairados sonhos, agora ao alcance de seu controle remoto)." Era assim que começava o artigo.

Sim meu caro leitor era um texto sobre a Rede Mundial de computadores - nossa internet. O problema era que estávamos em 1993 e sequer a palavra Web havia sido inventada. Zooropa foi um disco fodástico do U2, o meu preferido hoje em dia e que na época por pura limitação intelectual não dei muita bola para estes outros insights publicados dentro da matéria. 

"Zooropa 93, a tour - uma superprodução que embaralha completamente o que se espera do U2 com o que o grupo espera de si mesmo. Antes de mais nada, porque é um disco conceitual. A ambição explícita é retratar um mundo que vive na fronteira da revolução eletrônica - e como isso afeta o cotidiano das pessoas comuns deste planeta..."  De forma certeira Forastiere desnudava os símbolos ocultos por trás das canções. 

Pulando para os dias de hoje e especulando sobre o advento das mudanças com as novas tecnologias digitais, na química fina e nos limites quânticos que se alargam cada vez mais com possibilidades fora do comum, eu diria que estamos vivendo o limiar do fantástico e cujo a essência ainda se desenha para nós. Não cabe mais aqui fazer análises sobre o prisma do mundo de outrora: analógico, fordista, bi-partido, Socialismo x Capitalismo.

O U2 hoje em dia virou Ong e seu legado musical é inesquecível. A internet reina e o Forastiere tinha razão. 

Há 23 anos, direto do túnel do tempo.    
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