11 de julho de 2012

SILVIO BEMBEM AFIRMA : “O PETISMO SUCUMBIU....”


Militante histórico não só do Partido dos Trabalhadores mas da própria esquerda maranhense, Silvio Bembem, servidor público federal, mestrando da PUC/SP (Tema: PAC do Anil), protagonista das lutas contra o racismo, teve sua trajetória de vida ligada ao do partido. Sua carta de desfiliação reflete um pouco esta história.   

CARTA 

Depois de 25 anos de filiado no PT, decidir neste momento solicitar a minha desfiliação do partido. Chega ao fim a minha motivação, entusiasmo e convicção de seguir militando no Partido dos Trabalhadores. No PT, iniciei a minha militância política ainda jovem, com 19 anos de idade. Hoje sinto que é hora de sair. Mudo de casa, mudo de endereço, mas a minha concepção de lutar por uma sociedade fraterna, solidaria, democrática, sem racismo, sem homofobia, sem machismo, com igualdade, justa e socialista continuar! 

No PT, ocupei função de dirigente no Diretório Municipal de São Luís como Secretário-Geral, em uma época que ainda tínhamos dois vereadores na capital: Helena Barros Heluy e o Professor Joan Botelho. Prof. Joan sendo do mesmo do grupo político que sempre fiz parte no PT. No partido, coordenei várias campanhas, venci prévias e PED´s (Processo de Eleição Direta) para escolhas da direção e perdi outras. Em 1992, concorri pela primeira vez ao um cargo eletivo no Partido dos Trabalhadores, o de vereador, pelo bairro da Areinha, em São Luís (o candidato a prefeito da época foi Haroldo Sabóia e o vice Prof. Joan). Na época, ajudando a eleger Ademar Danilo como o segundo vereador da história do PT de São Luís. E depois, em 2006, fui candidato a deputado estadual. 

No Diretório Estadual do PT também exerci vários funções na direção, cito-os: Secretário Institucional (esse ainda na gestão de Washington Luiz), Secretário de Organização e Secretário de Comunicação (esses dois últimos nas gestões do Dep. Domingos Dutra). Dos cinco PED´s, fui coordenador geral no Maranhão de dois, diga-se os mais polêmicos e disputados: o de 2005, período da maior crise ética já vivida pelo PT, o mensalão, e o de 2009, quando o partido optou pela aliança oficial com a oligarquia no Maranhão. Foi quando a direção nacional por meio de uma intervenção mudou o resultado do encontro de delegados (as) que escolheu Flávio Dino (PCdoB) - candidato a governador em 2010, entregando o partido para Roseana Sarney Murad. 

No PT, fundei com outros companheiros (as) a Secretaria de Combate ao Racismo e depois, com lideranças do movimento negro, ajudei a criar a Secretaria de Estado da Igualdade Racial do Maranhão (SEIR), na qual exerci, de 2007 a 2009, o cargo de Secretário Adjunto no governo Jackson Lago (PDT). No PT fiz boas disputas, enfrentei bons combates e nunca fugi da guerra de posição. Sempre fiz parte de um campo que se posicionou contra a aliança com a oligarquia Sarney, a principal tese em disputa que divide o partido no Maranhão ainda hoje. Todavia, analiso que o petismo sucumbiu ao Lulismo e o presidencialismo de coalizão (o maior já montado da história republicana) com objetivo de garantir a governabilidade, só enfraqueceu os partidos, cooptou os movimentos sociais, anulando sua autonomia frente à política de governo. 

E no PT, a democracia interna está cada vez mais fragilizada, não se tem nenhuma segurança jurídica nas regras internas do partido. É triste ver como um partido nascido das massas se torna um partido da política tradicional. No PT, agora vale mais a força do dinheiro. Acabaram-se as ideologias pela transformação da sociedade. E, sem a reforma política, ficará mais difícil, pelas condições normais, vencer alguma disputa pela esquerda no PT. 

Por fim, quero desejar aos militantes do campo da Resistência Petista do Maranhão, representados por Manoel da Conceição, Francisco Gonçalves, Dep. Bira, Dep. Dutra, augusto Lobato, Marcio Jardim, Joan Botelho, Carlito Reis, Creuzamar de Pinho, Luís Carlos Cintra, Bernardo Felipe, Janete Amorim, Irene, Adilene Ramos, Bruno Rogens, Terezinha e Jomar Fernandes, Nelsinho Brito, Marlon Botão, Ed Wilson, Genilson Alves, Dr. Raimundão, Balbina, João de Deus, Paulo Jorge, Ivaldo Coqueiro, Paulo Oliveira, ex-vereador Cacá, Prof. Gilberto, Nilian Goulart, Itamar, Hildonjackson, e de toda a esquerda do PT que fica, boa sorte a todos e todas! E saibam que tenho a mais sincera admiração e valeu todas as nossas lutas juntos, companheiros e companheiras, para tornar realidade o sonho de um Maranhão livre e democrático. São Luís (MA), 10 de julho de 2012. Sílvio Bembem
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