6 de novembro de 2011

AINDA SOBRE A PÓS MODERNIDADE


Série de textos que compartilho agora com todos (as) meus alunos  e leitores (as) onde trato sobre os diversos campos do conhecimento humano afim de identificar e estabelecer critérios explicativos sobre os conceitos de modernidade e pós modernidade...

Áreas de interesse: História e Filosofia


Texto 01: Sapere Aude: definindo o que é modernidade ?

Há várias maneiras possíveis de se definir o que é modernidade mas vou tentar reduzir a duas: 1) Modernidade Cronológica, sendo tudo que aquilo que aconteceu a pouco tempo neste caso diriamos que a modernidade começou no seculo 17 com o advento do capitalismo mercantil e a alvorecer da visão cientifica no mundo. E, Modernidade Filosófica, seria tudo aquilo que começou com Descartes e Bacon, passando pelo seculo 18 chegando até o período contemporâneo.

2) Uma segunda maneira seria um ponto de vista mais sociológico do que histórico - cronológico. Definindo a partir de Max Weber em sua monumental obra produzida em vários volumes acerca da sociologia da religião
Weber definiu os contornos do que nos poderíamos chamar de modernidade nesse sentido estrutural não-temporal como conjunto de processos de racionalização que aconteceram no ocidente aprimorando a eficácia das diversas estruturas sociais.

Isso significa que podemos falar de uma racionalização da esfera econômica com características da incorporação incessante da ciência e da tecnologia nos processos produtivos, gestão econômica racional da empresa, modernidade politica que Weber chamaria de “dominação legal” , monopólio da violência por parte do estado, estabelecimento de um sistema tributário central, exército central e sobre tudo a “burocracia” que na terminologia de Weber não designa algo depreciativo mas uma prova de maturidade e de modernidade politica.

E finalmente modernidade cultural que seria o famoso processo de desencantamento do mundo (ou dessacralização do mundo) - Processo pelo qual a religião que até aquele momento era hegemônica, onde todas as esferas de valor coexistiam simbioticamente no seu bojo, passam a existir de forma separadas e autônomas ou seja, não era mais o principio da divindade que estabelecia o nexo constitutivo na moral, no Direito, na ciência e podemos incluir aí a Filosofia. Talvez a melhor maneira de se referir a modernidade sem cometer abusos terminológicos excessivos seria combinar estas duas maneiras: estrutural e temporal.

Combinar estas duas perspectivas nos traz a possibilidade de desenhar o surgimento da modernidade a partir de tudo aquilo que vem do final do seculo XVII aos dias atuais. Isso nos permite falar de Filosofia Moderna com melhor delineamento incluindo aí tudo que veio a partir de Imanuel Kant e consequentemente ao longo do seculo XIX.

Foucaut em um ensaio interessante sobre a filosofia moderna afirma que que a modernidade filosófica começou propriamente com Kant no sentido de que até aquele momento os homens tentavam se situar com relação a antiguidade e não com relação ao próprio período em que viviam. Eram famosas as grande “querelas”, debates entre os “antigos e “modernos, onde existiam partidários entre aqueles que aderiam a filosofia aristotélica e os que permaneciam veiculados a uma visão pre-aristotélica.

Era a divisão entre “antiqvi” e “modernii” feita por professores da Inglaterra e França (Sorbonne) que passou a se dar em torno do critério da adesão ou não a filosofia aristotélica. A exemplo da querela realizada em torno do poeta Homero (Sec. XVII) onde os modernos achavam que este já era ultrapassado ao passo que os “partidários” da antiguidade o reverenciavam.

Pois bem, Foucalt afirma que depois de Kant o homem foi buscar critérios na própria atualidade e passou a não mais questionar “qual período era pior ou melhor em relação aos meus antepassados”, mais sim estabelecer de que forma poder-se-ia compreender a própria atualidade. 

O que eu sou enquanto homem do seculo XVIII? O que é esta atualidade em que eu vivo?

Portanto Kant inaugura a modernidade compreendida no sentido definidor da própria “carteira de identidade” do Iluminismo (conforme afirma Sérgio Paulo Rouanet). É celebre a afirmação Kantiana que versa sobre a modernidade onde esta seria “a capacidade de pensar por si mesmo”, enfim, a capacidade de recusar tutelas alheias sejam elas seculares ou religiosas. Na própria definição do Iluminismo o termo “SAPERE AUDE”, “ouse a saber”, lema de todo um contexto histórico-filosófico da ilustração.

Continua....
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