18 de julho de 2011

NOTAS RÁPIDAS DA COLUNA ABAPORU

Coluna Abaporu
Criação coletiva


VALE PROTESTAR

Findo o mês de junho, com ele se concluiu a tradição das brincadeiras juninas em arraiais do Maranhão. Estica-se por um mês mais, contudo, os negócios. Sai a tradição, entra a invenção do arraial fora de época, o “Vale Festejar”, agora hospedado no arraial do Murad – mais conhecido como Arraial da Lagoa.
A “política cultural” da oligarquia, baseada no “pão e circo”, fez dos festejos juninos deste ano uma verdadeira aberração: confirmou o fim do Arraial do IPEM e, pela primeira vez, não se brincou no Arraial do Renascença. Afora os arraiais dos bairros devidamente desprovidos. Três, quatro arraiais, com a sensação de superlotados e espetacularizados foi o suficiente para boas imagens na propaganda da TV.
Emerge o Arraial do Shooping São Luís/Mirante. Com ele a exploração dos universitários ávidos por algum trocado para suas festas de formatura, pagando R$ 4 mil reais por duas semanas pelo “direito” a uma barraca e de trabalho gratuito aos lucros da oligarquia. Apresenta-se o Arraial da Lagoa. Ambos com seus palcos elevados e as brincadeiras devidamente afastadas do povo. Feitas para ver, não para com elas interagir, brincar, dançar, como se fazia nas praças dos arraiais de antes. Nos dois arraiais dos Sarney-Murad, as despesas são em grande parte, como de praxe, custeadas pelos cofres públicos (energia, segurança, atrações, limpeza, etc).
No Vale Festejar, é mais do mesmo. Com “overdose” de invencionice.
Não se pode chamar de tradição esse bumba-meu-boi de índios e índias “sarados” e corpos perfeitos, do palco distante do povo, de sotaques cada vez mais esquisitos... melhor se chamar de espetáculo de dança, como se autodenominou o “boizinho” Barrica, anota Américo Azevedo. Como reflete o escritor e pesquisador cultural, isso é inovação, não tradição; espetáculo por espetáculo, por que as companhias maranhenses de dança, como Olinda Saul, Pulsar e outras, também não têm o mesmo volume de recursos?
Simples: porque o lucro não vai para a conta da famiglia.
Nos tempos do Vale Festejar no Convento das Mercês, o teatro popular, estudantes e militantes se insubordinaram contra esse escárnio oligárquico. Satirizaram com o Vale Protestar. No distanciado camarote do Murad, longe da “praça de alimentação” onde foram alocados consumidores e cidadãos, o protesto continua a ecoar. São Catirinas e Pais-Francisco populares a vaiar quando se avista um Sarney – pai ou filha. Mantêm a tradição da senzala, de que contra tudo isso, bom é comer a língua do boi do patrão, brincar e ainda PROTESTAR!

A FLORESTA E A ÁRVORE
O balaio de tendências contrárias ao sarnopetismo, sem o Deputado Domingos Dutra, reuniu-se no final de semana passada. Divulgou um manifesto: Bira prefeito em São Luís, outros tantos noutros municípios, formalizar o campo de atuação “Resistência Petista” e afirmar sua independência ao sarneismo (??)...
Solidariedade ao professor Wagner Cabral pelos ataques desferidos por Sarney? Nada no manifesto...Contestação ao artigo do barrica José Inácio, que acusou Bira de se oferecer para ser senador na aliança PT-PMDB, em 2010? Nenhum desmentido no manifesto...Com esse “silêncio obsequioso”, a meia Resistência Birista nasce sob uma tese conciliatória com o sarnopetismo: Bira – prefeito e o vice indicado pelo vice-governador Washington Luiz. “Não fui [à reunião] por essas e outras. Estou preocupado com a floresta, e eles apenas olhando para uma árvore”, justifica-se Dutra. Pelo visto, dessa árvore vai sair fruto bichado...


NUVENS POLÍTICAS
Já dizia Magalhães Pinto, “política é como nuvem. Você olha e ela esta de um jeito. Olha de novo e ela já mudou.” Com a quase filiação do (ex)tucano Roberto Rocha ao Partido Socialista Brasileiro (PSB), o que parecia resolvido no condomínio Castelo trouxe ciúmes no Partido Democrático Trabalhista (PDT). Ou melhor, efervesceu a disputa pela vaga de vice na chapa tucana.
No PSB, o deputado federal Ribamar Alves alenta o sonho da candidatura própria do “socialista” Roberto Rocha. O ex-deputado gosta da ideia: acha que recicla a imagem FHC-Geraldo-Serrista que tem no eleitorado da ilha e se posiciona bem para uma nova empreitada para a Câmara Federal, em 2014. Na legenda PSB, precisaria de menos recursos e menos votos.
Com a volta do PSB ao condomínio, o PDT estrebucha. Pressente que lhe tomaram a vice castelista. Na pajelança pedetista, o ex-todo poderoso Aziz Santos agora namora a candidatura Flávio Dino, que namora Igor Lago, que namora Clodomir Paz, que namora Weverton Rocha, que só pensa em se casar com o mandato de deputado federal a ser viabilizado por Castelo.
E assim vai (ou não vai) a caravana castelista.

IMORTALIZADO PELA COERÊNCIA

Se estivesse vivo, o professor Nascimento Morais Filho completaria 89 anos. Ele nasceu em São Luís no dia 15 de julho de 1922. Intelectual irriquieto e contestador, ele inaugurou a poesia de protesto no Maranhão, com o Clamor da Hora Presente. Nascimento Morais Filho foi o titular da Cadeira Nº 37 da Academia Maranhense de Letras, lembra o jornalista Manoel Santos, o Manoelzinho.
Nascimento Morais Filho foi membro do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM), onde ocupou a Cadeira Nº 25, mas a ela renunciou no ano de 1980, por não encontrar apoio dos sócios do IHGM contra a implantação da Alcoa/Alumar no Maranhão. Antes, rompera com a Academia Maranhense de Letras (AML) quando os seus pares reuniram-se, no dia 7 de junho de 1979, para eleger o ex-governador Pedro Neiva de Santana (1907-1984). “Protestei porque Pedro Neiva nunca escreveu uma linha. Reagi, votei contra e nunca mais pus meus pés lá”. Pouco antes de falecer, Nascimento Morais Filho disse a Manoelzinho que, dessa sua atitude, nunca se arrependeu:
“Larguei a Academia, sim. É uma Casa que não imortaliza ninguém. Quem tem valor, quem tem talento mesmo, não precisa de Academia”, assinalou o poeta e ambientalista, lembrando que seu pai foi presidente desta mesma Academia. Por essas e outras atitudes coerentes, Nascimento já está imortalizado na luta popular maranhense.

SÓ ALEGRIA...
Diferente de sua versão paulista, que elegeu o tema “Amai-vos uns aos outros: basta de homofobia!”, a quinta Parada da Diversidade Sexual de São Luís trouxe o insípido, inodoro e incolor “Viva, ame e seja! Viva a vida. Ame o próximo e seja feliz!”
Em São Paulo, politizaram o tema enfrentando o preconceito da Igreja Católica com seus próprios lemas. Colocaram em pauta a violência homofóbica e as responsabilidades do aparelho do Estado. Lá, reforçaram o posicionamento de políticos que levantam a bandeira da causa GLBT, como Marta Suplicy (PT) e Jean Willys (PSOL).
Aqui... ficaram os comerciais com o devido destaque “apoio: Governo do Maranhão”. Sem política, sem luta, sem mensagem pedagógica aos que foram à diversão na Litorânea.
Pelo visto, tudo é só alegria para a luta GLBT maranhense...

SE OS MÉDICOS DO CEUMA DAQUI SÃO ASSIM, IMAGINA OS DA JAMAICA
Nem entre os piores, nem entre os melhores. No Exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o Uniceuma aprovou 7,66% de seus bacharéis em Direito (7ª posição dentre 12 instituições cujos estudantes se submeteram ao exame). Esta semana, novos 49 médicos foram graduados pelo Centro Universitário dos Fecury. A tomar como parâmetro o índice de aprovação de seus graduados em Direito, e houvesse um exame de ordem no Conselho Regional de Medicina (CRM), salvar-se-iam uns quatro médicos...
Em breve, será questão de saúde preventiva dos pacientes, nos poucos hospitais maranhenses que ainda funcionam, perguntar ao seu médico antes da consulta: mas o doutor se formou onde mesmo?

CONFERENCIAS DE SAÚDE NA UTI
Proliferam-se como vírus as denúncias de manipulação das Conferências Municipais de Saúde realizadas no interior do Estado. E também na capital!
Nomeação de pessoas alheias ao Conselho Municipal de Saúde para a comissão organizadora, desobedecendo lei que determina claramente que a comissão deve ser formada diretamente pelo Conselho Municipal; revogação de resoluções dos conselhos; homologação de portarias no sentido de manipular as conferências; manipulação de delegados; omissão de informações; orçamentos obscuros; prestações de contas dos recursos da saúde escondidas das conferências. E por aí se vão os demandos em Imperatriz, Urbano Santos, São Luís e eteceteras.
Com certeza o Ministério Público está atento aos acontecidos. A Conferência Estadual ocorrerá em agosto, em São Luís.


TOUCHÊ E AS DESVENTURAS DO GOVERNO DO MARANHÃO
O Estatuto dos Direitos da Criança e do Adolescente, o ECA, completou 21 anos, no último dia 13 de julho. Uma das leis mais avançadas do mundo no tocante aos direitos de meninos e meninas, o ECA só se mantém pela força das organizações permanentemente mobilizadas na área.
Mortalidade infantil, criança fora da escola, desnutrição, subregistro de nascimento, pedofilia, falta de Conselhos Tutelares, teu nome é Maranhão!
Na terra das aventuras de Touchê, das estórias infantis do escritor Wilson Marques, para variar, não tem Governo. O Comitê para as Ações em Defesa dos Direitos das Crianças e Adolescentes do Semi-Árido Maranhense, por exemplo, seis meses após empossado o governo do PMDB/PT, não foi nomeado.


VERSO E REVERSO
Hay govierno, estoy dentro. Essa é a máxima do ex-balaio, novo barrica, Juarez Lima, prefeito da sofrida Icatu. O pedetista, ex-PV, voltou à base roseanista, depois de ser Jackson até debaixo d´água, tal qual aquele ex-deputado petista da região tocantina.
Tem corrupção, estou fora. Lema do auditor fiscal Wellington Resende, que peregrina pelos municípios realizando palestras e encontros populares para dar informações ao povo de como fiscalizar o uso do dinheiro público. Está explicado por que o comunista (sim, ele é filiado ao PCdoB, e daí?) anda apanhando tanto de blogs da mídia propagandista da oligarquia. Cobertura isentíssima, há de convir o deputado Rubens Júnior (PCdoB). Resende sequer teve seu direito de resposta destacado no blog de Marco Aurélio D´Eça.


POUCAS E BOAS...
n Do blogueiro retratista Felipe Klamt: “E a semana vai terminando... com o governo passando dos seis meses com quase R$ 200 milhões de dispensa de licitação!”
n A tréplica (do professor Wagner Cabral) à réplica da mentira (de José Sarney): “o Estadista de Curupu tenta novamente falsear a verdade, apelando para o surrado chavão de que as críticas promovem uma ofensa ao Maranhão, quando na realidade se dirigem à nefasta e corrupta oligarquia que desmanda e mama no estado, dessa vez se equilibrando na república petista e sua cor local, o sarnopetismo”.
n A Via Expressa não tem edital de licitação lançado, não tem projeto técnico concluído, não tem recurso garantido, mas já tem propaganda em retornos e sinais de trânsito. Literalmente estão começando a obra de trás pra frente ...
n ... e, de novo, para o Centro e abandonando a periferia, como observa o historiador Jhonatan Almada: “Governa-se para o centro e ‘bairros nobres’ da capital. O que não livra essas áreas da buraqueira. No entanto, comparando-se os problemas aí observados com os das regiões ‘periféricas’, onde residem a maioria dos trabalhadores e trabalhadoras dessa cidade, isso é nada”
n Do balaio Domingos Dutra: “Dona Marly Sarney pede divórcio por infidelidade conjugal. Chiquinho Escórcio revelou ser o filho bastardo de José Sarney”
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1 comentários:

Anônimo disse...

Não tem quem faça o Governo do estado do Maranhão restituir os dias parados dos professores de Tuntum. Havia um acordo entre o Governo do estado e Sinproesemma para que esta restituição fosse feita no contra-cheque de Julho e nada. Percebe-se, com isso, o seguinte:

1. O Sinproesemma continua a reboque nestas mesas de negociação sem poder de nada.
2. O gestor de Barra do Corda José Benones é o cara do governo Roseana por aqui, perseguindo os professores de Tuntum.
3. Os professores de Tuntum ministraram 15 dias no mês de julho.
4. Há uma descrença por aqui em Tuntum contra o Sinproesemma e Governo do Estado.
5. Os professores de Tuntum serviram como bode expiatório para todas as repressões do Governo, José Benones e omissões do Sinproesemma.