6 de abril de 2011

Greve dos professores ou a quem servem os meios de comunicação social?


A greve dos professores da rede estadual no Maranhão tem evidenciando uma questão deveras pertinente para a compreensão de como funcionam os meios de comunicação social nestas cercanias.

Além da queda de braço entre Seduc e Simproessema, temos aí, via poder midiático, jornais, programas de TV e rádio, permitindo que um lado seja ouvido e evidenciado mais do que o outro. Cai por terra completamente a suposta imparcialidade de alguns mercenários da comunicação. Muitas vezes conservadores e sem compromisso com o jornalismo e o papel real do comunicador social.

No celebre livro do Pe. Pedrinho Guareshi, “Sociológia Crítica” (Ed. Mundo Jovem) há uma capitulo sobre “Os aparelhos ideológicos da comunicação”, onde vemos que na opinião deste autor talvez esteja no aparelho ideológico da comunicação o segredo de existir uma sociedade com tantas contradições e injustiças e não acontecer uma transformação rápida e profunda como era de se esperar. O chamado “quarto poder” parece ser o instrumento mais importante de resistência à mudança e de manutenção da exploração e domínio do ser humano pelo ser humano.

O autor aponta que a saída para esse problema se dará apenas quando a hegemonia for quebrada, ou seja , quando a população puder ter seus canais de TV , radio, jornais impressos de forma livre e organizada. O poder público nesse sentido deveria facilitar a inclusão de novas rádios comunitárias e emissoras de TV que não estejam atreladas apenas ao interesse da lucratividade e do consumismo, por exemplo.

Utópico? Eu diria que nem tanto. Todas as discussões e processos são criados historicamente, isso abre precedentes sem igual no rumo das coisas. A realidade e suas contradições permitem que a própria relativização das categorias e pensamentos aconteça, mesmo que se faça de tudo para evitar: “o novo sempre vem”. A comunicação como um dos direitos do ser humano e a consciência dessa relatividade histórica é a condição essencial para qualquer perspectiva de mudança, aliadas sempre a um pensamento radical, livre, no sentido de radicalidade enquanto busca da “raiz” do problema. Quem não se lembra (ou já ouviu falar) da forma como eram na ditadura militar os jornais? Mudou, estão “menos piores”. Que bom.

Finalizo afirmando que no fundo, tudo isso é feito para manter toda a população pobre e trabalhadora dominada ate na alma, pois quando alguém já se considera inferior, nunca vai questionar os de cima. Quando alguém está convencido de que vale menos ou não presta nunca vai procurar crescer, procurar seus direitos. É isso que querem os que se aproveitam dos debaixo.

Viva a luta dos professores por melhores condições de trabalho. Abaixo a repressão ideológica do governo estadual.

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3 comentários:

Amanda Oliveira disse...

Concordo com o post. Realmente o que vemos são as mídias tentando marginalizar a greve dos professores a todo custo. Ora, o que era de se esperar de um estado em que suas emissoras são empresas de grupos políticos oligarquicos? Os meios de comunicação comunitários seriam uma boa idéia para dar voz ao outro lado da história, e não, não é impossivel se criar, existem cidades que já implantaram e dá muito certo. Quanto à "imparcialidade" citada no texto, só queria fazer uma ressalva e esclarecer algumas coisas só para título de informação: é impossivel no jornalismo ser completamente imparcial. Quando se escreve uma notícia, relata um fato ou coisa assim, o jornalista sempre trará para a matéria sua carga de ideologias, preconceitos e etc. porque ele, querendo ou não, terá que selecionar fatos que julgar importantes para a matéria, e só pelo fato de fazer isso, já não será imparcial. Quando se fala em imparcialidade no jornalismo, na verdade queremos falar que o os jornais têm, por obrigação, ouvir os dois lados igualmente, dar voz às partes envolvidas e de forma ética, para que o público possa tirar suas conclusões, o que não acontece na prática em muitos jornais, como a Mirante e a Difusora no caso da greve.

zema ribeiro disse...

é covarde a guerrilha midiática da oligarquia sarney contra os professores. para entender o joguete político, basta lembrarmos que estes mesmos professores, hoje massacrados pelo império comunicacional da família da governadora, tiveram bom espaço, favorável, diga-se, na mirante, nos tempos do governo do recém-falecido jackson lago (que também vacilou no trato com os educadores, à época). em resumo: a mídia se comporta de acordo com os interesses. dos patrões. o interesse público vem sempre em último lugar, uma pena. abraço, meu velho!

Anônimo disse...

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