Pós-modernismo
Não teve jeito. De tanto colegas e amigos questionarem sobre que raio de monstro seria esse tal de pós-modernismo, resolvi-me atrever a elaborar o breve texto que agora se faz lido neste blog. Desde já aviso que minhas conclusões não pretendem ser definitivas, já que o tema parece estar se fazendo a todo instante, mutante, como a própria idéia de pós-modernismo parece ser. Peço também desculpas aos especialistas no assunto por qualquer esquecimento desde ou daquele aspecto, coisa inevitável, já que o espaço aqui é pequeno. Por hora, minhas analises partem mais da visão
Logo após os anos que se seguiram a Segunda Guerra, desenvolveu-se na cultura, nas ciências e no comportamento humano, no mundo ocidental capitalista, uma serie de mudanças e aspectos, que assim como a sociedade moderna (que aparece junto ao Iluminismo a partir da Renascença e desenvolve-se ate o século XX), esteve articulada a uma significativa transformação na tecnologia, em especial na informática, tomando corpo na arte Pop dos anos 60, para finalmente entrar na Filosofia durante os anos 70 como critica da cultura ocidental. A esse conjunto de mudanças alguns intelectuais convenientemente chamariam de pós-modernismo. Se na sociedade moderna temos como pressupostos a razão, a liberdade, deus, como formas de libertação do homem de um mundo perverso, violento, na dita pós-modernidade todos esses conceitos caem por terra e com eles todos os grande ideais. O pensador moderno enfim, valorizou a Arte, a Historia, a Consciência Social. Na dita pós-modernidade não há céu, nem sentido para Historia, o homem pós-moderno se entrega ao presente, ao prazer e ao consumo desenfreado e individualistico. Junto de tudo isso a “desconstrução” do discurso filosófico, desconstrução não somente no sentido de demolir, destruir, mas também no de perceber as entrelinhas, o não-dito dentro do discurso dos princípios como: Razão, Sujeito, Ordem, Estado, Sociedade etc.
Temas antes considerados menores na Filosofia passam a ser mais bem estudados como loucura, desejo, sexualidade, linguagem, cotidiano, poesia, sociedades primitivas - elementos que abrem novas perspectivas para a liberação individual e aceleram a decadência dos valores ocidentais. Temos uma valorização do lúdico, nos textos há excessos e finalmente o pensamento pós-moderno torna-se um Idealismo, pois não consegue ver nas questões praticas e históricas, sentido algum E como todo o velho Idealismo o "excesso pós-modernista" não vê a diferença e nem as interações recíprocas entre a "idéia" e a objetivação da mesma. Não vê as diferenças e as relações entre teoria e prática. No sentido comportamental temos como conseqüência um sujeito individualista e sem referencializaçao com a realidade, porra-louca como queiram chamar alguns, o sujeito pós-moderno tem a sua frente varias possibilidades de consumir e de se digitalizar num mundo totalmente digitalizado, sem que precise necessariamente sentir e representar o mundo onde vive, vivendo um certo conformismo social ao mesmo tempo em que vive em função de seus objetivos e pessimismos.
O termo pós-moderno é geralmente identificado a um conjunto de intelectuais (entre eles, filósofos e historiadores) que atacam o projeto emancipador proposto pelo racionalismo desde o século XVIII. Estes intelectuais desenvolvem críticas a razão, colocando-a no banco dos réus e a condenando como incapaz de promover a liberdade e o bem humano (FUKUYAMA, 1992: 350-351). Atribuindo-lhe assim, a responsabilidade por todos os desastres da humanidade: guerras; poluições; desigualdades políticas, econômicas e sociais; entre as desgraças de todos os tipos e formas. O foco pós-moderno é a análise de "psicologias" "culturas" "idéias" "pensamento" "religiões”. Mesmo quando há análise econômica por pós-modernos ela se faz no plano das abstrações ideais (com afirmações, por exemplo, que o baixo salário do professor é determinado de forma a diminuir o prestigio deste, afirmação que parece correta, mas que destaca da realidade a situação, sem explicar qual é o caminho histórico e a inserção econômica dos professores no mundo atual). Claro que aqui estou generalizando, mas quando vamos tratar de um movimento (pós-modernismo não é apenas um recorte cronológico, envolve uma série de idéias e preceitos), precisamos o tratar como um todo. A regra do pós-modernismo, ao menos no setor acadêmico, é colocar o valor do indivíduo a cima do indivíduo, é colocar o ultra relativismo. É colocar a idéia antes da matéria. Isso significa que todos os pós-modernos possuem todas essa característica? Não necessariamente. Mas se não possuir a maioria delas, então não é pós-modernista.
A base teórica em qual bebe os pós-modernos é a base idealista. Em história, por exemplo, é o momento que surgem as histórias das mentalidades, da cultura, dos conceitos. Nada contra abordar tais temas, mas dizer que a mentalidade não tem nada a ver com a vida material que rege a vida da pessoa pode trazer complicadores e certa aproximação com o neoliberalismo, pois este discurso tende a escamotear as contradições em que vivemos no sistema capitalista, que inclusive é o contexto em que surge a dita pós-modernidade. Desta forma percebe-se que alguns autores elevam o 'lúdico' ao posto de único critério orientador do agir e a máxima “comei e gozai, amanhã morreras” torna-se recorrente. No entanto ainda há autores que defendem a possibilidade de não haver uma pós-modernidade, autores como Habermas e Sérgio Paulo Rouanet (Razões do Iluminismo) defendem que tais críticas não significam uma ruptura com o projeto moderno, mas que é característica intrínseca da modernidade se criticar e se reformular. Habermas exemplifica com Hegel. Por isso toda critica da modernidade, elaborada desde os românticos, na verdade seria uma forma de AUTO-CRÍTICA, que revelaria, e ainda revela, todo o potencial emancipador da razão, que mostra-se capaz não apenas de julgar o mundo da experiência como também a si mesmas. Apenas o esgotamento desse potencial poderia justificar o uso do prefixo "pós" como índice de uma ruptura com a natureza da modernidade que é a crítica sem limites (Escola de Frankfurt). Quem assistiu a palestra do professor Assai (SEMANA H) pode perceber essa fator contraditório, Habermas inclusive achava a modernidade um projeto inacabado, Rouanet usa o termo “neo-moderno”.
O que há de mais tosco e inconseqüente no pensamento contemporâneo é essa intelectualidade academicista, que embalada por este ultra-relativismo chamado de pós-modernidade não possui sensibilidade aos potencias emancipadores da racionalidade (mil vezes reformulada). Enfim, quando não pudermos mais contar com a razão, com a nossa capacidade de comunicação, aí sim, estaremos em maus lençóis. O quadro é sinistro e por vezes esse horizonte parece próximo. Prefiro acreditar na objetividade, na utopia.
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