13 de dezembro de 2010

O novo e o velho coronelismo no Brasil


Antonio Carlos Magalhães na Bahia, Joaquim Roriz no Distrito Federal, Tasso Jereissati no Ceará e tantos outros políticos brasileiros são figuras públicas, marcadas pelo fenômeno social e histórico conhecido comumente por “coronelismo”. Surgido ainda no período colonial e tão presente nos dias de hoje, o termo tem origem nos títulos que a Guarda Nacional – milícia de cidadãos criada pelo Regente Diogo Antonio Feijó em 1831- distribuía aos grandes proprietários de terras e outras pessoas influentes que em troca forneciam ajuda para manter a ordem pública em uma época de crescentes insurreições e revoltas que caracterizaram todo o período regencial.

A figura do “coronel”, no entanto, como dito acima, é oriunda do Brasil colonial, que tinha nos chefes locais o organizador-mor das comunidades, de certa forma, análogo a um senhor feudal europeu, mesmo que em condições diversas. Segundo o historiador Raimundo Faoro, em seu clássico trabalho “Os Donos do Poder”, a origem da corrupção e burocracia no país teriam se dado através do processo de colonização por Portugal, então um Estado absolutista. De acordo com o autor, toda a estrutura patrimonialista foi trazida para cá. No entanto, enquanto isso foi superado em outros países, acabou sendo mantido no Brasil, tornando-se a estrutura de nossa economia política.

Segundo a socióloga Maria Isaura Pereira o fenômeno conhecido por “mandonismo” foi comum as varias colônias européias na América Latina e dependendo da região possuía características próprias: era o “caudilho” argentino, o “gamonal” peruano, o “cacique” espanhol.

O tempo passou e a figura do coronel resistiu no Brasil. Durante a chamada Republica Velha (1989-1930), o coronel indicava os candidatos a deputado federal que o eleitor deveria votar, através por vezes da troca simbólica entre algum favor recebido – ou em espera – onde o eleitor reconhecia o poder que o coronel tinha em conseguir alguma benfeitoria no município ou na entrega de cargos públicos a quem lhe agradasse.

Em pleno século XXI o fenômeno não deixou de existir e se adequou aos novos tempos. Cabe lembrar que os atuais coronéis em muitos casos são herdeiros diretos dos antigos patriarcas e senhores do engenho, da casa-grande, que herdam dinasticamente o poder político que lhes é repassado.

Os novos métodos de dominação são outros. Um deles é o controle total e irrestrito dos meios de comunicação, como rádio, TV, jornais impressos, etc. O coronel de hoje finalmente não é mais o fazendeiro de terno branco, botas e chicote de couro na mão. Ele viaja de avião, conhece a Europa e às vezes até tem título universitário.

Minha tese e a de que num futuro não muito distante, os historiadores e sociólogos irão estudar e descrever o “canto do cisne” do coronelismo, como um processo que cumpriu uma triste transição para nossa História Política rumo a condições mais democráticas e socialmente justas. O nosso poder de comunicação agradece.

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