Os termos “bárbaro” e “barbárie” originam-se no helenismo, período da história da Grécia e de parte do Oriente Médio compreendido entre a morte de Alexandre, o Grande, em 323 a.C. e a anexação da península grega e ilhas por Roma em 147 a.C. Eram chamados de “povos bárbaros” todos aqueles que não falavam a língua oficial - o latim, bem como aqueles que não seguissem determinados preceitos e nuances da cultura oficial do Império Romano.
Atualmente, a expressão "bárbaro" significa não civilizado, brutal ou cruel. Provavelmente, os europeus que por aqui chegaram, devem ter assim designado os indígenas e demais sociedades não cristãs (“selvagens” e “bárbaros”).
Pois bem, nos últimos dias observamos o verdadeiro banho de sangue promovido pela rebelião ocorrida na penitenciária de Pedrinhas. Fato que acabou por escancarar as debilidades do sistema prisional maranhense e a omissão do Estado, que até agora não deu esclarecimentos satisfatórios à sociedade sobre o terrível acontecimento.
Ora, todo mundo sabe de onde esses “bárbaros” saíram. Em sua grande maioria, párias da sociedade elevados à condição de criminosos por não terem tido oportunidades melhores na vida. Não se trata de dizer aqui que estes indivíduos são santos ou mesmo completamente injustiçados, mas sim, explicitar que suas condições e oportunidades não foram lá das melhores na vida. Principalmente depois que adentraram a carceragem fechada.
A maioria vinda dos vários interiores do Maranhão, que já possuindo presídios superlotados, só transferem para Pedrinhas os criminosos, que ficam longe de sua terra, familiares, mulheres e chances de reabilitação para com a sociedade. Digam-me um projeto social de reabilitação de presos ali? Os indivíduos não têm nada melhor para fazer dia e noite a não ser “arquitetar o mal”.
O famoso ritual da “queima do plástico”, que consiste em queimar uma sacola pingando nos pés do detendo durante a noite, que acabara de chegar do interior e adentra em uma das celas superlotadas, ilustra o clima amigável que desemboca na criação das facções e gangues rivais no presídio.
Agora, deixar estes homens sem água durante vinte e cinco dias em um ambiente como esse, é pedir para que todas as potencialidades de brutalidade venham à tona. Três cabeças cortadas de presos (não coincidentemente todos de São Luis) e vários corpos depois é que teremos o saldo de um balanço que, não coincidentemente, já nasce negativo.
Não são culpa da barbárie, dos infiéis ou dos apátridas e párias essas e outras monstruosidades. É culpa da civilização, ou pelo menos deste modelo que nós temos, que se diz civilizado, mas que é incapaz de combater a violência em sua origem: a falta de respeito para com a vida humana.
3 comentários:
Caro Carlos Leen.
Barbárie é todo ato de lesa-humanidade, anti-civilizacional que se pratica em nome de religiões, políticas ou "civilizações".
Os maiores atos de barbárie foram e são cometidos dentro da civilização. Exemplo maior é o fascismo da "culta" Alemenha, guardiã de parte das artes, das ciências e da filosofia dos últimos séculos.
Portanto, o termo barbárie não se refere somente, como vc retratou muito bem em seu texto, à denominação "conquistador-conquistado", mas também e principalmente à relação "humanidade e anti-humanidade".
Dessa forma, os bárbaros, novos ou velhos, são todos aqueles que atentam gravemente à condição de humanidade.
Épreciso que se diga que: ou desenvolvemos novas e superiores formas de relações histórico-sociais ou vamos todos acabar na "barbárie" dos atuais donos do poder no mundo, no Brasil e no Maranhão.
Os homens, assim como as idéias e definições, ocupam lugar no tempo e nas sociedades.
Parabéns pelo texto.
Saudações.
Caro Capovilla:
Seu comentário é bastante pertinente. No momento certo (com melhor tempo) farei algumas ressalvas.
Obrigado pela visita! Se não fosse pedir muito gostaria de ver um link do meu blog no seu!
Saudações!
Já está mais do que adicionado !!!
Saudações.
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