18 de setembro de 2010

Depeche Mode in the Peixe Pôde






Fanáticos pela música e cultura pop em geral aos poucos vão se encontrando num ponto longe demais das capitais, na distante e semi-alfabetizada/pauperizada pela Rede Globo, Imperatriz do Maranhão. E mesmo que uns digam o contrário, aqui não tem só pistoleiro.
Ora bolas, mais o titã Arnaldo Antunes já havia profetizado nos anos 80, quando a coisa (leia -se televisão) estava no auge; a bem da verdade a TV não havia somente nos deixado “burro(s), muito burro(s) demais”, ela havia de tentar retirar nossa capacidade de indignação e, acreditem, nossa possibilidade de diversificar culturalmente, frente aos grandes pensamentos hegemônicos e globalizados.
Isto teria acontecido gratuitamente mais fácil se os nossos artistas e poetas não houvessem ousado dizer o que pensam e, usando para isso, as armas fornecidas pelo colonizador. Que ver um exemplo? Leia a poesia abaixo, cantada por um dos menestréis de nossa região, Glauber Martins:
"Se farinha fosse americana Mandioca importada Banquete de bacana Era farinhada..."
A diversidade ainda precisa ser cultivada e depois fumada entre nós, tal qual o cachimbo da paz dos velhos índios Tremembés: “aqui somos mestiços, mulatos, cafuzos, pardos, mamelucos, sararás, crilouros, guaranisseis, judárabes, ameriquítalos, luso, nipo caboclos, orientupis iberibárbaros, indo ciganagôs”. Somos o que somos inclassificáveis. Arnaldo de novo.
Há um ponto na cidade, que creio, acena nesta direção, trata-se de um pequeno butequinho as margens da Praça União, onde o fenômeno da diversidade parece estar posta numa esquina perigosa para o pensamento cultural hegemônico que nós que impor sua lógica. O nome não é dos mais agradáveis, mais o ambiente é ótimo, com uma cerveja trincando de gelada, ao som de Bob Dylan, Abba, João do Vale, Luis Gonzaga e Deep Purple. Trata-se do Peixe Pôde, o apelido é antigo e não tenho a menor idéia de onde ele surgiu, nunca tive curiosidade pra perguntar também. Adorei só.
Os estereótipos me parecem estar revirados do avesso, lá não existe tribos, mesmo que de vez em quando apareçam uns índios e ah! Tem uma boa e velha cachacinha temperada para ânimos mais dispostos.
O proprietário do estabelecimento, mais conhecido como Lourival, é uma figura! Fanático por música ele possui um acervo e tanto de várias pérolas do cancioneiro popular, além dos medalhões do rock, mpb, punk, pop 70 ‘s, 80’s e funk.
Ali metaleiro dança Luc Dug com camisa do Kreator e tudo, forrozeiros “made in Calipso” curtem Iron Maiden e porra-loucas universitários (as) pós-modernos encontram-se para discutir política. Há também a turma da velha guarda, vide Jerry Adriane e Diana, que prefere um carteado pra passar o tempo.
Mesmo que a TV Bobo não queira, preocupada com a queda na audiência, a diversidade de pensamentos, idéias e de culturas continua.
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1 comentários:

Anônimo disse...

Muito legal esse post, parabens!!

Marcelo Lira