20 de abril de 2008

Conheça a classe dominante global


Segundo o sociólogo James Petras, professor emérito de sociologia da Binghamton University (Nova York), a classe dominante mundial é composta hoje por 946 multimilionários. A riqueza total desta classe dominante aumentou 35% em 2006, atingindo atualmente a marca de US$ 3,5 trilhões, o que equivale ao rendimento de 55% das pessoas mais pobres dos seis bilhões de habitantes do planeta. Mais da metade dos atuais multimilionários (523 deles) procedem de apenas três países: 415 dos EUA, 55 da Alemanha e 53 da Rússia. Petras garante que os 35% de aumento da riqueza dessas pessoas verificados no ano de 2006 provém “mais da especulação que se tem registrado nos mercados de capitais, no imobiliário e no comércio de matérias-primas do que de inovações técnicas, de investimentos em industrias criadoras de emprego ou de serviços sociais.” A especulação “move”, então, a economia mundial e faz aumentar a riqueza dos que já a tem. A América Latina contribui com 38 pessoas para o seleto grupo dos bem-aventurados. Destes 38 indivíduos, 20 são brasileiros e 10 são mexicanos. Estas pessoas beneficiaram-se das lucrativas privatizações, da desregulamentação financeira e desnacionalização levados a cabo pelas políticas neoliberais na América Latina nos últimos anos. Políticas estas constituintes dos “princípios operativos chave da política econômica externa norte-americana implementada na América Latina pelos FMI e Banco Mundial.”Na América Latina a riqueza desses 38 indivíduos (US$ 157,2 bilhões) equivale à riqueza dos 250 milhões de latino-americanos mais pobres. No Brasil, a riqueza dos 20 multimilionários (US$ 46,2 bilhões) equivale à riqueza dos 80 milhões de brasileiros mais pobres.


Fonte: PETRAS, James. Como eles se tornaram multimilionários – Conheça a classe dominante global. Disponível em: http://resistir.info/petras/multimilionarios.html

19 de abril de 2008

Movimentos Sociais na busca por soberania popular.


Atualmente vivemos uma espantosa conjuntura no que diz respeito aos assuntos do campo e da cidade, no que diz respeito às manifestações dos Movimentos Sociais. Só que infelizmente uma boa parte da população não está conseguindo acompanhar essas discussões, quando pode, assisti pela TV as noticias, que são dadas de modo rápido e superficial, pois geralmente estas emissoras já vêem com idéias preconcebidas, fruto de interesses de meia dúzia de poderosos, que possuem muito dinheiro. Mas a grande pergunta é: O que motiva esses Movimentos Sócias a estarem se manifestando? E, também, por que muitas vezes são tratados pela impressa como criminosos?
Essa conjuntura conflituosa se dá basicamente pela seguinte questão: O domínio de companhias transnacionais sobre a cadeia de produção agrícola. Na pratica isso quer dizer que grandes empresas estrangeiras estão gradativamente tomando todas as decisões no campo e o país está perdendo o controle da qualidade e da quantidade dos produtos feitos em seus territórios, inclusive na águas dos rios também.
Isso representa basicamente uma ameaça a soberania de nosso país, pois vivemos no chamado sistema capitalista internacional e o Brasil atualmente virou um paraíso das empresas estrangeiras, que compram a preço de banana nossas riquezas naturais,.Um caso bem próximo a nós está aqui em Estreito,onde um consorcio transnacional (estrangeiro) se aproveitando das concessões publicas está construindo uma hidrelétrica, que só servirá para fornecer energia para a VALE ( outra transnacional ) e que por fim destruirá todo o ecossistema local,a grande desculpa pra isso é a de que o projeto irá trazer desenvolvimento,mas estudos feitos por vários pesquisadores comprovam que não há desenvolvimento nenhum para os menos favorecidos e para a população em geral apenas a insatisfação de não poder ter qualidade de vida digna.
Enfim, a Reforma Agrária está parada. Cresce a concentração fundiária, os assentamentos não recebem apoio efetivo, aumenta a violência contra os sem-terra e a impunidade dos latifundiários e do agronegócio. O Massacre de Eldorado de Carajás é o principal símbolo do descaso do Estado com os trabalhadores.
A Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária do MST, neste mês de abril, denuncia a lentidão da Reforma Agrária, os efeitos negativos do agronegócio e apresenta propostas para reverter a situação.Reinvidicam principalmente mudar a política econômica vigente, que beneficia as grandes empresas e o capital financeiro, enquanto a população sofre com o desrespeito dos seus direitos sociais, previstos na Constituição, e com a falta de políticas públicas efetivas para enfrentar a desigualdade e a pobreza.
O Brasil está atrasado no processo de democratização da terra e na organização da produção para garantir a sustentabilidade dos pequenos e médios agricultores. Não podemos admitir a perpetuação do latifúndio, símbolo da injustiça no campo, tanto improdutivo como produtivo. A jornada de lutas dos movimentos sócias apresenta propostas de desenvolvimento para o campo brasileiro, e defende um projeto de geração de emprego, com promoção de educação e saúde. Infelizmente a mídia medíocre e os meios de comunicação de grande alcance ignoram essas questões porque estão mais preocupados com os próprios bolsos. São o que de pior nos deixou a Ditadura Militar.
foto: Sebastião Salgado.

13 de abril de 2008

Sobre a questão da propriedade




Outro dia, num daqueles não tão raros intervalos de aula, estava eu folheando no DCE daqui da UEMA um jornalzinho do MST, de repente um dos colegas que estava próximo desferiu o seguinte comentário: “Eu é que não confio no MST, eles pregam tanto o socialismo mas duvido se teriam coragem de dividir suas casas com os moradores de rua,são uns hipócritas..”
Me espantou não só a forma ignorante do comentário, vindo de um suposto letrado e universitário, suposto também membro de uma elite intelectual, mas também a gratuidade com que foi dito, como se não existisse saída diante de tal fato exposto.
Imediatamente tentei de forma didatica convence-lo de que em primeiro lugar estes que estão na rua são os sem teto e que também estão organizados em um movimento; em segundo lugar todos nós somos sem terra, e não é dividindo um quintalzinho ou um quarto de apartamento que será solucionado o problema das injustiças, até porque o Socialismo não pressupõe a divisão de bens de consumo (carro, quitinete, aparelho de som, etc.), mas sim a divisão dos meios de produção, o latifúndio, ou seja, não se trata apenas de propriedade, ou de local de moradia, mas da terra como unidade de produção, pra usar o conceito sociológico. É da democratização da produção no campo que estamos falando. E é sempre bom lembrar que a Constituição garante a obrigatoriedade desse uso da terra
A produção, antes de tudo, deve servir a sociedade e não aos interesses particulares de quem quer que seja. Assim, é indecoroso que haja um latifúndio improdutivo de um lado, cujo preço da terra torna proibitivo sua aquisição por agricultores descapitalizados, e do outro gente passando fome por não ter o que comer.
Outra grande equivoco, que é feito também geralmente pela mídia medíocre que infelizmente tem sido controlado pelos mesmos grupos desde ditadura militar, nos diz que o MST invade e destroem propriedades produtivas. Uma fazenda pode ser produtiva e no entanto:
- utiliza trabalho escravo ou degradante;
- não registra trabalhadores;
- desmata;
- utiliza agrotóxicos em demasia;
- etc.
O parâmetro de produtividade do INCRA é ridículo, pois se baseia em padrões técnicos dos anos 70. Anos 70! Só por aí, dá pra perceber a piada (de mau gosto, claro). Quanto a ter fazenda produtiva ocupada, as poucas ocupações realizadas em "propriedades produtivas" foram em latifúndios, ou seja, totalmente justificáveis e dignas de aplauso.
É absurdo pensar, após séculos de crescente desigualdade, que a manutenção da propriedade privada dos meios de produção não tenha que ser combatida. E a máxima comunista se encaixa como luva: ‘se a propriedade é boa, que todos a tenham; se ruim, que se a elimine’. Uma pessoa mal-intencionada diria que o escopo da propriedade privada seria de resguardar o fruto do esforço individual e garantir o futuro da prole. Outra ignorante, que a propriedade privada deve ser mantida para se garantir o desenvolvimento de uma sociedade, pois sem aquela não se geraria riquezas necessárias para a subsistência desta. O que o infeliz subscritor não percebe é que ele segue uma lógica simplista e conformista de manutenção das estruturas sociais INJUSTAS.

10 de abril de 2008

O Neo-Medievalismo.

O Filosofo Alemão Hegel foi o primeiro pensador dividir a Historia como a conhecemos hoje. Ele brilhantemente construiu uma organicidade histórica sobre datas e referencias históricas criando assim um mote que ainda hoje é usando para se periotizar a historia do mundo ocidental. Historia Antiga, Medieval, Moderna e Contemporânea passam então a ter data certa para começar e terminar, ajudando a criando uma ferramenta inestimável aos estudantes secundaristas europeus e americanos.
Não entrarei aqui no mérito de discutir se Hegel foi ou não bem sucedido em sua arguta analise dos tempos históricos, sendo inoportuno uma analise agora pela proposta desse texto, mas essa estrutura que nos legou certa influencia merece aqui rápido destaque para exemplificar a seguinte questão.
Hoje em dia possuímos como principal organizador da vida social o dinheiro, e nada nos motiva mais que o todo poderoso mercado, que finalmente incide sobre nossas vidas através do papel-moeda, símbolo de confortos e do que a vida pode nos proporcionar.Há por atrás dessa lógica embriagadora uma insensata busca pelo prazer que chega a tomar de assalto nossas vidas. Diria que se Hegel pudesse definir o nosso tempo histórico ele diria que estamos vivendo uma espécie de neo-medievalismo. Onde os elementos de barbárie não estão mais motivados pela relação com a figura da divindade, esta abstrata no período medieval.Nos tempos atuais de pos-modernidade vivemos o paradigma totalizador diferente em se avaliando sua dinâmica interna mas igual na sua lógica homogenizadora, que padroniza e nos coloca sua proposta de lhe sermos fieis ou corrermos o risco de queimar na fogueira inquisidora do sistema.
Por termos sido colonizados pelo mundo ocidental europeu judaico-cristão , nada mais lógico que nossa cultura sofresse e absorvesse características ocidentais de mesma tendência ideológica, mas passando 500 anos de colonização e exploração agrícola via modelo agroexportador.por que não ainda não conseguimos sai das trevas medievais e arcaicas do entreguismo, da falta de valorização do humano, do respeito e da cidadania para todos e todas que trabalham na terra , no campo e na cidade. Triste tempos esses que ainda escravizam trabalhadores, matam e prostituem crianças.....

1 de abril de 2008

A Atualidade do pensamento de Marx.


A maior dificuldade em se produzir esse texto reside no pouco espaço que a ele se destina agora. Dedico estas linhas ao professor Edmilson Bezerra que, marxista, é fonte de conhecimento e bom humor desta Universidade.
A idéia de sistema-mundo como conhecemos hoje indelevelmente surge a mais ou menos 500 anos, quando as sociedades primitivas foram progressivamente unificadas em um novo sistema muito mais amplo e sob a influencia do antigo sistema europeu. Os agentes e promotores dessa expansão tinham motivos próprios para fazê-lo e buscavam um sentido no que faziam. Primeiro tinha-se na propagação do cristianismo a principal teoria do discurso expansionista, porem já se vivia um tempo histórico novo e logo outras idéias fariam a cabeça de colonizadores e colonizados. Afinal em vez do tradicional mote cristão de revelação/fé, surge o iluminismo e como alvo preferencial a idéia de razão/liberdade. Dois conceitos gêmeos que de certa forma justificariam os ideais universais da burguesia européia.
Para os iluministas a razão pressupunha a liberdade, pois o sujeito só poderia alcançar a verdade se tivesse plena liberdade para agir e pensar. Por outro lado a liberdade pressupunha a razão, pois ser livre é poder usar plenamente o conhecimento da verdade.Surge daí, razão e liberdade, a idéia universal de progresso e desenvolvimento que acionará as vanguardas européias. As mitologias, as religiões, a arte, a tradição, o direito, o Estado, a política e a economia, tudo será julgado à luz do ideal homogeneizador do progresso.
Marx, no século XIX, monstrou que, ao contrario do que achavam intelectuais e burguesia, o motor da expansão européia não estava na razão ou na liberdade, conceitos abstratos, mas sim na forma-mercadoria, nas condições matérias de existência, de suas potencialidades e contradições.
Marx demonstra que o desenvolvimento da forma-mercadoria sempre esteve presente na Historia das sociedades primitivas, mas de forma marginal e limitada. A moderna sociedade européia tratou de libertá-la de vez. Isso ocorreu a partir da inclusão, no circuito mercantil, de três elementos que sempre haviam ficado fora dele: a força de trabalho humana, a terra e os meios de produção.
Com a sociedade banalizando então em mercadorias os atributos fundamentais das pessoas (força de trabalho) e da natureza (meios de produção) Marx probabilizou o que viria a seguir. Os mais desavisados o chamariam de determinista, porem há uma relação de causalidade (causa e efeito) no que ele escreve sobre a sociedade organizada dessa forma, senão vejamos:
I) No limite, tudo seria transformado em mercadoria. Quer seja pelo aumento incessante da massa de mercadorias, quer pela capacidade de produzi-las. II) O espaço geográfico inserido nesse circuito teria que abranger o maximo possível de populações e riquezas para dela participarem, esse espaço seria todo o planeta. III) Novos bens e novas necessidades teriam que ser criadas incessantemente. Como as “necessidades do estomago” têm fim e são limitadas, esses novos bens e necessidades teriam que vir da fantasia e ilusão, que são ilimitadas.
Marx, antes de tudo um filosofo, promoveria com sua critica da economia política uma leitura inquietante que atualmente foulcotianos, pos-modernos, pos-estruturalistas não percebem (ou desconhecem) que é a falsa dicotomia entre o econômico e a cultura de modo geral,uma é reflexo e continuação da outra, própria da relação do homem com a natureza/sociedade em que vive. Não são as idéias que fazem a historia, mas indivíduos reais em condições reais. A ideologia finalmente faz com que as idéias (representações sobre o homem, a nação, o saber, o progresso, o poder) expliquem as relações sociais e políticas, tornando impossível perceber que as idéias só são explicáveis pela própria forma de sociedade e política.
Outro tiro certeiro de Marx: com o avanço cada fez mais freqüente do capital sobre os homens e a natureza haveria uma revolução técnica incessante para expandir o espaço e diminuir o tempo de acumulação, realizando assim uma profunda revolução cultural que faria surgir o homem apto as novas necessidades em expansão. Tudo isso foi confirmado vide globalização e o que temos a vista atualmente é a disparada da acumulação financeira global, ou seja, riqueza abstrata, apartada do trabalho e da natureza, N’O Capital ele nos escreve que ao repudiar as “coisas”, o trabalho e a atividade produtiva, ao afastar-se do mundo-da-vida, a acumulação de capital não poderia mais ser o eixo em torno do qual a vida social se organiza. A forma-mercadoria teria então de ser superada ou, pelo menos, remetida novamente a um lugar secundário, sendo substituída por algum outro princípio de organização da vida social. “(fonte: César Benjamim, A opção brasileira)”.
Em tempos em que tudo vira mercadoria para se consumir cada vez mais e loucamente Produz-se por dinheiro, especula-se por dinheiro, mata-se por dinheiro, corrompe-se por dinheiro, organiza-se toda a vida social por dinheiro, só se pensa em dinheiro. Cultua-se o dinheiro, o verdadeiro deus da nossa época – um deus indiferente aos homens, inimigo da arte, da cultura, da solidariedade, da ética, da vida do espírito, do amor. Um deus que se tornou imensamente mediocrizante e destrutivo.Finalmente Marx anteviu que para perder o capitalismo deve vencer primeiro.Hegel dizia que um sistema antigo deva atingir sua forma mais plena ,para que outro novo possa vir. As crises no mundo contemporâneo mostram que a forma mercadoria e a acumulação de capital não podem ser mais o principio organizador da vida social. Sem duvidas um grande desafio para nosso século. Marx nunca esteve tão vivo.
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