12 de agosto de 2014

50 ANOS DEPOIS O CINEMA NOVO AINDA É REFERÊNCIA


Há 50 anos o apocalíptico "Deus e o Diabo na Terra do Sol" era lançado pelo cineasta Glauber Rocha contando para o mundo a realidade de pobreza brutal ao qual estava afundado o nordeste brasileiro.

Junto com esta produção outros grandes filmes retrataram de forma nua e crua os graves problemas sociais do Brasil. Dentre eles "Os Fuzis", de Ruy Guerra e a adaptação do livro "Vidas Secas", de Graciliano Ramos, dirigida por Nelson Pereira dos Santos. Era o assim chamado movimento do "Cinema Novo" que ganhava o mundo via películas cinematograficas com sua originalidade estética. 

Na época Glauber Rocha declararia em seu texto "Estética da Fome":

"A fome latina, além de sintoma alarmante, é o nervo de sua própria sociedade. Aí reside a trágica originalidade do Cinema Novo: sua originalidade é sua fome, e sua maior miséria é que esta fome, sendo sentida, não é compreendida. O Cinema Novo compreendeu esta fome, vista como um estranho surrealismo tropical pelo europeu; uma vergonha nacional pelo brasileiro, que não come, mas tem vergonha de dizer isso, nem sabe de onde vem essa fome."

Uma semana antes no Brasil o hediondo golpe militar era uma realidade que lançaria o país em cerca de 25 anos de letárgia atráves da censura e coibição artísticas e estéticas. 

Porém o Cinema Novo resitiu como legado cultural e quando assistimos produções como "Tropa de Elite". "Cidade de Deus" "Central do Brasil", é perceptível insinuar os paramêtros que o movimento criou, mesmo que, na atualidade não exista mais. 

Glauber Rocha ainda produziria o curta "Maranhão 66", disponível no youtube. O filme documental retrata as extremas mazelas sociais e a ascensão ao poder de um certo José Sarney no governo estadual. Mas isso já é uma outra história.

"Deus e o diabo.." me traz boas recordações a época que eu compunha o quadro de direção do DCE da Universidade Estadual do Maranhão. Bons tempos. 

Na época, mais jovens e "destemidos"  exibíamos filmes como forma de preparar o movimento estudantil para uma retomada de espaço, ou seja, utilizando-os como formação política.  
  
 
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