Desde que as primeiras aglomerações humanas fixadas em um mesmo local passaram a existir com suas populações desenvolvendo atividades estáveis é que podemos destacar a cidade como fruto das relações sociais complexas e suas representações simbólicas identificadas como escolhas estéticas.
A partir deste aspecto a historia da sociedade começa a ser contada. Identificada. E até tipificada como sistema de trocas de bens materiais e imaginários. As diferentes formas de sociabilidade surgem com os grupos e classes sociais expressando suas manifestações culturais.
Os indivíduos através de suas regras morais e normas de conduta em constante conflito quer seja via luta de classes quer seja via lutas étnicas culturais abaixo do capitalismo, tendem a salientar e ocultar determinados aspectos de sua memória histórica. Nesta lógica os interesses da classe dominante surgem sempre como “melhores e mais bonitos” e com isso temos por vezes o estranhamento do indivíduo com sua própria historia pois este não se sente criador da mesma e nem seu produto para o conjunto da sociedade.
Imperatriz surgiu a ferro e fogo articulada por seus ciclos econômicos. Trazendo uma leva de imigrantes de várias partes do país e até do mundo, a região sempre foi um entreposto de exploração dos recursos naturais. Suas terras em grande parte devolutas transformaram-se em latifúndios “griláveis” a serviço da especulação financeira e imobiliária, média e grande produção monocultora.
Estes imigrantes trouxeram seus costumes e culturas que aos poucos foram se adaptando as condições diversas, criando uma população sul maranhense ainda por ser melhor estudada. A arquitetura e demais manifestações culturais expressam-se neste bojo de junções tornando a divisão clássica entre cultura material e imaterial até falsa. Neste ínterim “esquizofrênico” nomes de prédios e pratos culinários ganham adjetivos e nuances próprios na região tocantina. (Ex: Condomínio Wall Street, X-Maranhão do Sul, etc)
Segundo o Professor Darcy Ribeiro no seu celebre trabalho “Aos trancos e Barrancos: Como o Brasil deu no que deu”, a noção de pertencimento é algo fundamental para que os homens tenham prazer em cultuar seus monumentos, e este, só assim, é entendido quando os mesmos são produto de uma história engajada na luta politica e não como algo imposto por uma força ideológica e econômica segundo interesses de uma determinada classe social.
Vejam o exemplo do célebre Movimento Ocuparte, que por cerca de dois anos travou uma feroz luta para ter um espaço cultural (questão essa que ainda não chegou ao seu termo) digno de suas aspirações artísticas mais nobres. Concluindo: O grande gargalo da falta de museus e casa de memória em Imperatriz reside no fato de que além de nossa classe economicamente dominante sequer possuir vínculos culturais (naturalidade) com a região, temos nosso povo alienando por uma forte cultura opressora, que relega ao segundo plano tudo aquilo que não lhe for atraente segundo ditames culturais vide globalização.
Tudo isso está mudando. Aos poucos uma nova geração de políticos, estudiosos, artistas, jornalistas e etc. tomarão a firma tarefa de construir através do auto reconhecimento o significado de sua “essencialidade histórica”. Prédios e espaços públicos em Imperatriz poderão ser melhor valorizados do ponto de vista artístico e estético sem se menosprezar a questão econômica.
Cultura + Turismo = Qualidade de Vida e dividendos para o município.
(As fotos utilizadas neste artigo datam da decáda de 50 e foram retiradas do Arquivo Público do Maranhão: 1-Rua XV de Novembro. 2-Igreja Santa Tereza D'Avilla)
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