O escritor e advogado, membro da academia imperatrizense de Letras, Ulisses Braga, em algum dia do ano de 1987 escrevia para uma seção do Jornal “O-Progresso”, intitulada “Problemas políticos contemporâneos”, sobre os dois grandes pólos da mesma realidade surgida no seio da sociedade moderna industrializada: Capitalismo e Socialismo.
Para Braga tanto um quanto outro falharam em suas intenções. O socialismo falhou por buscar a perfeição absoluta e relegar ao individuo a perca de seus interesses individuais frente aos interesses coletivos, burocratizando-o cada vez mais. Já o capitalismo transformava os indivíduos possuidores do capital em “seres possuídos pelo capital”, quê os tornava egoístas e causava de um lado a concentração da riqueza para poucos e do outro, pobreza, doença e analfabetismo para muitos.
No ano em que este texto foi lançado vivíamos já uma desgastada guerra fria entre as duas grandes superpotências da época: EUA e União Soviética. Ambas possuíam arsenal bélico nuclear suficiente para exterminar a vida na Terra. Um representava o ideal capitalista e a outro, a socialista – ambos juntos eram tão somente um quadro da débil condição humana frente ao infinito Cosmos. Do ponto de vista espacial nosso planeta é um grão de poeira cósmica e que corria rumo á autodestruição.
Para Eduardo Galeano as utopias serviriam para que nunca deixássemos de caminhar em buscar de nosso horizonte. O autor do clássico “As veias abertas da América Latina” refletia aí a necessidade de termos um sentido de existência maior, mesmo que fosse de caráter utópico - A busca por um mundo mais justo e fraterno. Algo semelhante ao que dizia Leon Trotski em seu conceito de “Revolução Permanente”, onde afirmava da necessidade do caráter dialético e de constante reformulação da teoria revolucionária. Trotski pagaria com a própria vida por ter rompido com o Partido Comunista russo e com Stalin, que imporia uma ditadura de estado na URSS. O final disso vocês conhecem.
Figura importante para o pensamento ocidental era Wladimir Lênin. Em seu celebre trabalho “Esquerdismo: Doença infantil do comunismo” falava sobre o idealismo ingênuo de alguns teóricos que viam com maus olhos tudo aquilo que não lhes tinha caráter pré-determinado. “Para alguns ditos comunistas, quando um dia, chegarem ao poder, pronto: farão o comunismo ser realidade no dia seguinte. Quem não concordar com isso não é comunista (...)”, dizia Lênin.
Toda a teoria que não se transforma, que é imutável e infalível, é dogmática e passível de ser tornar uma religião. Uma teoria sobre qualquer coisa da realidade que explique-a totalmente é a teoria de um mundo morto, de uma realidade engessada. Não existe verdade. Existem verdades. Os homens não escolhem a que tipo de realidade terá que enfrentar para viver um mundo melhor. Ponto.
Retomo novamente ao Universo – vistos lá de cima parece-me difícil defender cegamente qualquer tipo de dogma, religião ou nacionalismos. Somos apenas um pontinho de poeira, esquecidos numa galáxia na periferia do cosmos, com bilhões de estrelas e nebulosas.
Quanto a Ulisses Braga, este nasceu em Carolina no MA. Se tivesse nascido em Berlim, Paris ou Roma, seria reconhecido internacionalmente como integrante do rol dos mestres - os que elevam a forma no estilo da escrita ao seu ápice, tais como: Kant, Rosseau, Gramsci, Mezzaros, Thomas Mann, Saramago etc.
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