

Tem surtido grande repercussão nos blogues locais o “súbito” processo judicial movido pelo blogueiro Rui Porão, a outro colega seu de blogosfera, o ativista liberal-democrata Holden Arruda. De certa forma há neste episódio uma clara característica que diz respeito ao profundo debate acerca dos novos tempos para a comunicação social e as mídias digitais.
Se antes a informação era colhida do ponto de vista macro, com grandes empresas seguindo o modelo de manipulação e monopólio da informação, hoje com o advento da internet a mudança de paradigma subverte totalmente este modelo concentrador. Há um claro acesso maior as mídias e formas de divulgação das idéias. A máxima “quem diz o que quer ouve o que não quer” aplica-se agora ao mundo da informação e da construção das verdades. Motivo: como todo mundo (em tese) pode ter um twiter ou mesmo um blog, fica mais fácil disseminar opiniões.
Outro grande fator dessa hiper-textualidade e interatividade dos tempos atuais é o sentimento de defasagem em relação as notícias. Em questão de minutos (até segundos) um fato qualquer vira informação atrasada; já existe outro em seu lugar, mais atual, e mais outro e mais outro, at infinitum.
Não será a toa se acontecer que no momento em que escrevo estas palavras, o processo judicial já nem exista mais, portanto, desde já esclareço que não pretendo fazer um acompanhamento do caso, apenas dar uma visão do fato em si, existindo ele atualmente ou não. Outra característica da atualidade: a mudança repentina do sentido da notícia. Penso que blogueiro necessariamente não precisa ser jornalista, mas deveria estudar pelo menos os princípios básicos .
A legislação vigente vai ter que se adequar aos novos tempos. Reside aí um perigo quase paradoxal: Se por um lado os poderosos têm que se precaver mais para não pisarem na bola e terem seus nomes “blogados” nas redes sociais, por outro, há uma certa falta de clareza e regulamentação no que tange ao direito de quem publica o fato. Não tem com saber se tudo que foi dito é verdade, cabe aos implicados recorrem ao bom senso, portanto.
Afinal como já disse o Luis Inácio (reveja aqui) no geral: “tentar censurar os blogues é besteira”. Não obstante, é preciso repudiar a má-fé de quem pública o que quer muitas vezes em nome de interesses escusos. A História há de desmascarar as grandes (in) verdades.