24 de janeiro de 2020

NEWS LEEN: Raízes sangrentas da Música brasileira


Anos 90.

Havia muito menos opções em plataformas musicais e shows de rock do que hoje em dia. 

A internet não existia e uma das diversões era visitar aquele amigo que havia adquirido algum disco de vinil novo para, quando possível, gravar via fita cassete. 

Foi mais ao menos em 1993 que a banda mineira Sepultura lançava seu quinto álbum de estúdio intitulado “Chaos AD”. 

Não me lembro como e nem por quais meios eu entrei em contato com a sonoridade do Sepultura, mas na época chamou-me especial atenção aquele barulho forte, tribal, com letras cheias de metáforas da realidade moderna. 

Os trabalhos anteriores da banda eram bons, porém nada se comparava com aquilo. 

Três anos depois, em 1996, o grupo lançaria “Roots". Na capa do CD a imagem de índio provavelmente da tribo Xavante, com um olhar pra lá de fragoso e ao mesmo tempo cheio de dignidade. 

Na faixa de abertura “roots blody roots”, dava-nos a sensação de que o caos que o Brasil vivia naquele momento fazia parte de uma história cheia de sangue, fé e tribalismo. 

Tido na época como “heavy metal”, o Sepultura sagrou-se então no cenário internacional como um dos grupos mais criativos e influentes do estilo. Max Cavalera, o vocalista, chegou a ser batizado de “Bob Marley do Metal”. Venderam horrores de discos, fizeram shows à beça mundo afora. 

No Brasil a banda se tornaria icônica, mas apenas entre os seletos fãs. 

Tirando as revistas especializadas no assunto, não se via nada na grande imprensa. 

Era como se simplesmente fosse preferível fechar os olhos para aquele tipo de música/letra. 

O que era para ser algo digno de nota, era mais visto como aberrante e execrável. Talvez um tipo de preconceito musical que ia além de barreiras sociais e culturais 

E acreditem: uma certa esquizofrenia cultural permitia que até mesmo dentro dos próprios seguidores do heavy metal, o estilo Sepultura de tocar fosse “mal visto e mal falado”. O motivo: a banda utilizava-se de elementos culturais brasileiros nas letras e na música. 

Muitos fãs antigos descordavam do novo som por motivos de puro preconceito e desejavam um retorno da banda pra o velho e maçante “Death Metal” de sempre. 

Foi nessa época também que a ficha caiu. Escutar um só estilo musical e querer fecha-lo dentro de um molde é coisa de fundamentalistas. Tô fora amiguinh@s! 

Você pode acompanhar parte dessa história ao vivo e a cores no documentário “Endurance” disponível na Netflix. O documentário relata parte da rotina do Sepultura e das brigas internas entre os seus integrantes que culminaram na separação entre Max Cavalera e a banda. Tem também imagens raras das origens do Sepultura, as gravações com os índios Xavantes e suas turnês pelo mundo. 

Passados vinte três anos do lançamento de “Roots” fica a impressão que dificilmente uma banda de rock conseguirá conter em sua música tanto ritmo, integridade, caos, brasilidade com letras acima da média acerca da realidade social - direito do Brasil para o Mundo.  

É um trabalho musical ainda muito atual, nos dias que seguem, de  tentativa de desmonte da cultura brasileira e de ataques aos direitos dos indígenas  


NENÉM BRAGANÇA  

Falar em “raízes”, esses dias fez cinco anos que nosso papa festivais, fez a viagem final para o andar de cima. Neném agora canta em outro patamar. 

Quanto saudade de ouvi-lo em toadas como “Plenitude das Palavras” e “Quintal Planetário”. 

Tinha também “Linguagens”. Uma pérola musical digna de se aplaudir em pé. 

ABRAÇÃO 

Pro parceiro Gleydson, que nos confidenciou que sempre ler esta cartinha semanal. Ele é irmão de Clauber Martins, outra fera da música regional brasileira. 

Um dia eu ainda vejo esses caras tocando por aí de novo. 

ESTA CARTINHA 

Chega semanalmente via zap as vezes com alguns papos de boteco mesmo. Sem pretensão fora prosear. 

A vida anda tão dura ultimamente pra a gente só noticiar coisa triste, vamos falar de música e cinema arte e literatura em geral também. 

Toda sexta, neste bat - canal e bat – horário 

I believe in our fate 
We don't need to fake
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