30 de março de 2015

ENTREVISTA COM PAULO MACIEL, AUTOR DO LIVRO SOBRE A GUERRILHA DO ARAGUAIA


O professor e historiador Paulo Maciel lançou seu primeiro livro, fruto da monografia de conclusão de curso, sobre os processos políticos/históricos que culminaram na Guerrilha do Araguaia. Segue abaixo uma breve fala sua acerca deste trabalho. 

Resgatar eventos como a Guerrilha que de certa formou marcaram nossa história é garantir a memória disso tudo para que não se repita. E foi pela na luta por direitos que muitos brasileiros entregaram a própria vida. Democracia conquistada com sangue. Liberdade ainda que tardia. Segue o fio da História. 

Que motivou a escrever um livro sobre a Guerrilha do Araguaia? 

Em um primeiro plano posso dizer que foi a realização de um desejo pessoal, de aprofundar pesquisa sobre o tema e consequentemente compartilhar essas informações com outras pessoas, através da publicação, segundo, foi a inquietação provocada pela pouca ou mesmo a ausência de pesquisa sobre esse importante fato da história do Brasil em nossa região. Um episódio histórico de abrangência internacional, mas muito pouco conhecido no próprio chão do conflito. 

Que balanço histórico você faria do conflito? Valeu a pena? 

A dinâmica de cada contexto histórico gera em si seu próprio movimento seu próprio conflito. Assim, as iniciativas de luta armada no Brasil, dentre elas a Guerrilha do Araguaia, configuram-se como ações ou reações insurgentes, contextualizadas com uma realidade internacional de disputas ideológicas entre as forças capitalistas e socialistas, onde o Estado assumiu para si a defesa de um lado, o capitalismo e, consequentemente, tornando todos aqueles que pensavam contrariamente a essa lógica, como inimigo da pátria. Nesse sentido, posso dizer que a Guerrilha do Araguaia foi uma luta contextualizada com seu tempo, com seus erros e acertos, representou no Brasil certa atmosfera revolucionária que transcorria a América Latina, inclusive com resultados práticos positivos. A prepotência das ações do Estado militarizado deixou poucas alternativas para seguir, seria, portanto, acomodar-se, diante dos fatos, partir para o exílio ou, como fizeram muitos militantes da esquerda brasileira, reagir e ousar enfrentar as forças do Estado. Se valeu a pena? Penso que a reação contra um poder opressor e repressor é necessária e faz parte do processo de construção histórica, discutem-se os métodos utilizados se foram condizentes ou não, mas certamente foi uma iniciativa radical e entrou para a história do Brasil como a bravura de uns poucos contra a fúria do governo militar. 

Como você avalia alguns setores minoritários da sociedade que pedem retorno do regime militar?

Ignorância. Acho que o jargão que diz que "a pior democracia é melhor do que a melhor ditadura" cabe bem nesse contexto. Acho que essa é uma atitude que encaminha para a insanidade, injustificável para o atual estágio de organização social. Não podemos regredir e voltar a condição formal de submissão.

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