Ano de 2007, por ocasião de mais um congresso da União Nacional dos Estudante [UNE] eu me encontrava em Brasília, precisamente em um dos anfi-teatros da UNB, para assitir a pré-estreia do filme "Batismo de Sangue", do diretor Helvécio Ratton.
O longa contava a vida do frade dominicano Tito de Alencar e as relações com a ALN [Aliança Libertadora Nacional] comandada por ninguém menos que Carlos Marighela.
A ordem dominicana se tornaria uma trincheira na luta contra a ditadura militar no Brasil, resultando com a posterior prisão e tortura de vários companheiros dentre eles o próprio Tito.
Quem também integrava a ordem era Frei Beto. Mas, por ser de família mais bem relacionado socialmente escaparia dos horríveis suplícios. O infame torturador Sergio Paranhos Fleury, interpretado por Cassio Gabus Mendes, interceptaria uma mensagem dos frades a Marighela e com isso armaria uma emboscada culminando no fuzilamento do guerrilheiro.
Toda a carga de realismo do drama foram bem retratados em quase 1:40 de filme. Impossível não lembrar da emoção coletiva que tomou conta do anfi-teatro. As lágrimas desciam pelos rostos. Algo que eu só havia visto parecido com "Dançando no Escuro" do Lars Von Trier.
A história de Tito correria o mundo graças ao relato que faria por escrito na prisão, se tonando um libelo de luta pelos direitos humanos.
Agora por ocasião de 50 anos do golpe militar mais um registro da saga de Tito pode ser conferida no livro "Um homem Torturado" das escritoras Leneide Duarte Pion e Clarisse Meireles.
É uma oportunidade interessante para se conhecer melhor os bastidores da trama que culminaria em diversos momentos históricos para os grupos que faziam a resistência a ditadura. É sempre bom acompanhar as angústias desse personagem marcante que foi Frei Tito e garantir que sua luta por uma sociedade justa não fique em vão e não seja invisibilizada pelos atuais filhotes da ditadura e múmias que ainda estão por aí. Tanto na mídia quanto na politica.
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