O ator e produtor Cláudio Marconcine é um ícone em termos de trabalhos desenvolvidos na Região Tocantina. Seus projetos na área de teatro criam fôlego e vida na produção local. Porém, como ele mesmo afirma: “Não me sinto pertencente a Imperatriz. Nunca senti...”.
No seu currículo, além de diversos papéis encenados, também consta uma firme atuação na Fundação Cultural de Imperatriz (2000-2004), momento em que a entidade era presidida por Gilberto Freire de Santana. De lá para cá, nestas idas e vindas, sempre encontro Cláudio Marconcine se empenhando naquilo que mais gosta: O TEATRO. Vamos à entrevista:
Quais os projetos você está envolvido atualmente?
CM: Estou envolvido com dois de xilogravuras em Imperatriz, um está em execução e outro para o segundo semestre. O primeiro, com recursos do Governo Estadual e o segundo com recursos do Governo Federal. Outro é a circulação do espetáculo Pai&Filho da Pequena Companhia de Teatro, pelo palco giratório do SESC: São mais de 30 cidades. Também tem a produção de um espetáculo teatral, com a pequena companhia de teatro, fazendo parte das comemorações que o Sebrae fará em homenagem aos 400 anos de São Luís. Ah, estou escrevendo um livro de contos que publicarei virtualmente, chamado "Contos & Descontos".
Indo e vindo em tantas andanças pelo país, como o ator Claudio Marconcine vê as transformações na vida cultural de Imperatriz? Tivemos mudanças?
CM: Há sempre a repetição do mesmo. Não vejo transformações consistentes. Não me sinto pertencente a Imperatriz, nunca senti. Uma cidade árida em que se plantando nada dá. Um desperdício de tempo, energia. Meu vínculo para com ela ainda são as amizades.
Quais as barreiras objetivas que você enxerga para o fomento a cultura local? Ou o problema é de público (plateias)?
CM: Não há espaços públicos para construção coletiva, se existem não são humanizados. Produção consistente inexiste porque inexistem artistas. O que existem são pessoas, que são profissionais em outras áreas e que usam a arte como outra coisa.
Para mim, hoje não há problemas. As circunstâncias me fazem perceber que existe público se há algo para ser visto, que seja consistente e permanente, e que essa informação possa chegar às pessoas. Carecemos de continuidade em tudo: nas relações afetivas, nas montagens teatrais, nas ações educativas...
O poder público não faz sua parte em Imperatriz então?
CM: Então, é questão de Estado e não de governo. Enquanto for tratada só no âmbito dos governos, tudo será perecível, desperdício de recursos públicos.
O Poder Público imperatrizense, como o de São Luís e de boa parte do Brasil, não trata a cultura como política cultural de Estado. Os recursos são mal distribuídos, para poucas pessoas e de forma não democrática. Os espaços culturais inexistem.
Entrando um pouco neste tema, a gestão em que você participou na FCI é relembrada como a melhor até hoje. Porque as gestões subsequentes não foram capazes de desenvolver um trabalho sólido?
CM: E não é só neste governo. No governo Jomar era inviável discutir como política de estado...
É difícil quando os interesses de alguns determinam o ritmo dos governos. Se há algum culpado, são os prefeitos e suas visões. Os recursos deveriam ser, no mínimo, de 5% do orçamento destinado à cultura. Outra questão é que a cultura está relacionada com as outras pastas, não dá para pensar ela de forma consistente inarticulado / desarticulada com as outras áreas.
A classe artística não se organiza para reivindicar também, não é?
CM: Nós, da Pequena Companhia de Teatro, estamos conseguindo viver de teatro em função do Governo Federal que tenta construir uma política de estado para a cultura, através da implantação do sistema nacional de cultura. Se não fosse dessa maneira, certamente estaria passando fome. O sindicato é um espaço de discussão e conquista. Se não estão sindicalizados é porque não são profissionais. Então, não dá para reivindicar alguma coisa...
Você acha possível Imperatriz sair do marasmo que ora domina na cultura local?
CM: Existe uma cultura que é desconhecida. Não dá para negar espaços de criação à comunidade da periferia da cidade. Todos devem ter condições de desempenhar sua criatividade.
O papel do governo é articular, junto à comunidade, políticas claras de formação, difusão, circulação e produção, quer em recursos, espaços físicos, qualificação, concurso público (teatro municipal, orquestra municipal, balé municipal, grupo de teatro municipal, leis municipais que garantam tudo isso).
Planos para o futuro?
CM: Vivo o momento presente. Sou da escola do eterno retorno.
4 comentários:
Já respeitava o Cláudio Marconcine, mas depois dessa entrevista, minha admiração quadruplicou.
Caro Carlos Leen,
Bela entrevista, conheço o Marconcine, interessante o final do nome é "cine", desde o idos de 2000 da UEMA onde fizemos o movimento estudantil. Uma grande figura que, como o mesmo falou merece atenção do estado para patrocinar sua produções.
Abs, Jorge Furtado.
É meu irmão né???? Rs....
figuraça na forma de viver, pensar, atuar
Tem muito talento e criatividade e estava ficava limitado ao viver nesse mundinho daqui
então abriu as asas e está ganhando o mundo...
Parabéns pela divulgação da entrevista!
A repercussão da matéria na televisão foi muito boa, todos os meus colegas e alunos passaram a semana perguntando, comentando e parabenizando....
Isto é que é cuspir no prato que come.Viver neste mundinho daqui? Tenha a santa paciencia.Ingratos,boçais,devem voltar todos para a sua s origens,pois la é ´bom.
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