Ao me convidarem a discorrer sobre um assunto tão amplo em apenas uma lauda (só o tema cultura já o seria, imagina acompanhado do eixo desenvolvimento sustentável) não conseguia tirar da cabeça em se tratando de Imperatriz, nossa carente falta de projetos que viabilizem a inclusão social de largas parcelas da população urbana á cidadania. Trata-se aqui de socializar a condição de cidadão. De criar as condições culturais para que a população menos integrada socialmente viva a cidadania e tenha acesso ao conjunto de direitos da mesma.
Isso não só minha opinião, mas para diversos organismos e entidades ao redor do planeta e (até alguns governos), o direito á cidadania através, por exemplo, da criação de novos espaços públicos surgidos nos processos de urbanização, é apenas o inicio para uma justa redistribuição dos recursos públicos implicando numa adequada repartição da receita as políticas sociais e culturais, zelando assim pelo interesse das pessoas menos favorecidas e vulneráveis. Diria que dentro deste debate estaria inserida a parte decisiva da questão dos Direitos Humanos.
Ás autoridades locais, portanto, cabe a partir de suas ações de governo, assumir o compromisso de desenvolver programas que tendam a criação de novas fontes de emprego e incentivando formas de lazer e ocupação nesta era de mercados, crise e globalização. Diria mais, estaria aqui o DNA da cura para o problema da violência nas cidades. Imperatriz com certeza poderia ser pioneira nesta mudança.
Quais seriam esses programas? Infinitos, eu poderia citar vários, mas receio que o espaço aqui não permita. Fica para outro anexo. Isso se chama projetos de Políticas Publicas Sociais e Culturais.
Com essas Políticas Publicas sociais e culturais, Imperatriz avançaria em torno de um desenvolvimento que além de satisfazer as necessidades da geração atual, não comprometeria em nada as gerações futuras. Ora teríamos na verdade semeado uma nova cidade, constitutiva de plenas realizações de desenvolvimento social e econômico e de realização humana e cultural.
Vamos á um exemplo prático: Bairro de Vila Cafeteira, onde atualmente leciono na Escola Santa Tereza D’avilla. Periferia de Imperatriz, bairro com altos índices de criminalidade e marginalidade juvenil, é uma comunidade que não possui uma praça, uma espaço (galpão, terreno, teatro, salão etc) qualquer para nada. Na Escola não tem sequer biblioteca ou arborização.
Já que o tema desta Conferência de Cultura é a diversidade, nada mais justo do que reconhecer a diversidade cultural da Vila Cafeteira e a partir dela, elaborar para aquela comunidade: Espaço cultural, com grupos e oficinas dispostos a trabalharem nas varias áreas artísticas, imediatamente, e com o apoio direto da escola. Capacitação de gente interessada de lá mesmo pra isso.
Lembrei-me de uma coisa: A diversidade cultural é um dos eixos do assim chamado Desenvolvimento Sustentável. O respeito ao multiculturalismo e a biodiversidade também passa pelo reconhecimento de outras formas sociais e culturais. São conceitos e idéias que a Antropologia já reconhece plenamente e que foram de certa forma ao longo da história deixadas de lado pela lógica dominante do Etnocentrismo. Algo bem parecido com que querem fazer hoje em dia os filósofos da Globalização. Dizendo-nos que são assim mesmo as coisas, e que o mercado é que deve guiar nossas expectativas de vida, abrindo espaço para a competitividade e etc. Digo que não. Essa lógica só gera exclusão. Temos que desenvolver políticas de coesão social e de proteção aos direitos e liberdades de todos. Não pelo lucro, mas pelo o humano.
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