22 de março de 2009

Assasinos de Padre Josimo continuam na impunidade.


O processo vem sendo acompanhado pela assessoria jurídica do Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos de Açailândia, MA; da Comissão Pastoral da Terra, TO, e da Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Estado do Tocantins.

De acordo com a denúncia oferecida pelo Ministério Público do Maranhão, por meio do promotor de justiça da 1ª Promotoria Criminal de Imperatriz, João Batista de Castro Neto (procurador municipal de Araguaína-To e juiz aposentado), José Elvécio Vilarino (agropecuarista), Pedro Vilarino Ferreira (fazendeiro) e, ainda, Osmar Teodoro da Silva e Geraldo Paulo Vieira reuniram-se várias vezes com o propósito de organizar a morte do padre, inclusive deliberando acerca da arma que deveria ser utilizada e quem deveria ser contratado para a execução.

Segundo a denúncia do promotor de justiça, os depoimentos do inquérito policial demonstram que o juiz aposentado, o agropecuarista e o fazendeiro organizaram-se, com outros acusados, para assassinar o padre em virtude da atuação da vítima como coordenador da Comissão Pastoral da Terra na região do Bico do Papagaio, área de conflito de terra que compreende o norte do Tocantins, sul do Pará e oeste do Maranhão. Na época, João Batista de Castro Neto era juiz de Direito em Tocantins e os outros acusados, proprietários de terra na região do Bico do Papagaio.

Segundo a testemunha Orinéa Pereira dos Santos, companheira de um dos envolvidos no crime, Geraldo Paulo Vieira, condenado a 18 anos e seis meses de prisão, que fugiu três vezes da cadeia e foi morto em um assalto a banco -, o contato com o pistoleiro Geraldo Rodrigues da Costa foi feito pelo presidente da Câmara de Augustinópolis (TO), Osmar Teodoro.

Com a prisão de Geraldo Paulo Vieira, o então juiz João Batista de Castro passou, de acordo com a companheira do preso, a fazer compras para a manutenção da família de Orinéa Pereira.

Além de Geraldo Paulo, foram condenados também Adailson Vieira, com pena de 18 anos; Osmar Teodoro da Silva, a 19 anos de prisão; Guiomar Teodoro da Silva e Vilson Nunes Cardoso, a 14 anos. Outro acusado, João Teodoro da Silva, morreu antes de ser julgado. Outros dois denunciados, Nazaré Teodoro da Silva e Osvaldino Teodoro da Silva, foram absolvidos pelo Tribunal do Júri. A sentença foi anulada pelo Tribunal de Justiça do Maranhão e os acusados recorreram.

O juiz da 1ª Vara Criminal de Imperatriz, José dos Santos Costa, emitiu no mês de maio de 2007 cartas precatórias, pedindo ao juiz da Comarca onde residem os acusados para que eles sejam chamados a prestar esclarecimentos, para os juízes de Araguaína e Araguatins, Tocantins. Porém José dos Santos explica que o processo está lento, pelo de fato de os acusados terem usado expedientes legais para se ausentar das obrigações de comparecimento.

Até o presente momento, foi enviada para a Comarca de Goiânia, Goiás, carta precatória expedida pela 1ª Vara Criminal de Imperatriz, em 5 de setembro de 2008 a fim de que João Batista de Castro Neto fosse interrogado, contudo o mesmo ainda não foi ouvido pelo Judiciário. Quanto aos outros dois acusados, José Elvécio Vilarino foi interrogado em Augustinópolis/TO no ano de 2008 e Pedro Vilarino Ferreira faleceu.

Em 2009, completará 23 anos do martírio de Padre Josimo, e os principais responsáveis por sua morte continuam livres. Em outubro de 2009, João Batista de Castro Neto será beneficiado pela Lei penal brasileira, com a prescrição do crime por ele cometido.

Testamento do Padre Josimo, escrito em 1986

"Tenho que assumir. Estou empenhado na luta pela causa dos lavradores indefesos, povo oprimido nas garras do latifúndio. Se eu me calar, quem os defenderá? Quem lutará em seu favor?
Eu, pelo menos, nada tenho a perder. Não tenho mulher, filhos, riqueza...
Só tenho pena de uma coisa: de minha mãe, que só tem a mim e ninguém mais por ela. Pobre. Viúva. Mas vocês ficam aí e cuidam dela.
Nem o medo me detém. É hora de assumir. Morro por uma causa justa.
Agora, quero que vocês entendam o seguinte: tudo isso que está acontecendo é uma conseqüência lógica do meu trabalho na luta e defesa dos pobres, em prol do Evangelho, que me levou a assumir essa luta até as últimas conseqüências.
A minha vida nada vale em vista da morte de tantos lavradores assassinados, violentados, despejados de suas terras, deixando mulheres e filhos abandonados, sem carinho, sem pão e sem lar."
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2 comentários:

Ju Carvalho disse...

Parece que o mundo anda realmente em circulos, grilagem, assassinatos por causa da terra, pessoas que querem ter o que nem precisam e que passam a maior parte de suas vidas mesquinhas impedindo o crescimento dos outros... Se fizermos uma análise as mudanças não foram muitas desde o auge do coronelismo na nossa região, a diferença maior é que cada vez mais as pessoas se importam menos..e as que se importam incomodam a maioria!

Anônimo disse...

Vale lembrar os assasinatos de Doroty Stangg, Chico Mendes, João Batista e tantos outros...