A UHE de Estreito localiza-se no médio curso do Rio Tocantins na divisa entre os estados do Maranhão e Tocantins. A maior parte de seu canteiro de obras encontra-se na cidade de Estreito (MA) o restante corresponde a Aguiarnópolis (TO), do outro lado do rio. A usina está projetada para uma potência total de 1.087 MW, com um reservatório de 555 km² de superfície, sendo 400 km² de terras inundadas. Os investimentos estipuladas para a implementação da obra orbitam e torno de 1.890.950.580,00, tendo como conseqüência um custo de geração de 1.704,02 /kw aproximadamente.
Os municípios diretamente atingidos por este empreendimento são Aguiarnópolis, Babaçulândia, Barra do Ouro, Darcinópolis, Filadélfia, Goiatins, Itapiratins, Palmeirante, Palmeiras do Tocantins e Tupirantins no Estado do Tocantins e Carolina e Estreito do lado do Maranhão. È importante, no entanto, ressaltarmos que esses impactos dar-se-ão não apenas no que concerne às comunidades urbanas, porquanto a zona rural será sensivelmente afetada como a Ilha de São José, perto de Babaçulândia, e a Barra de São José. Sem falar nas reservas indígenas.
As empresas responsáveis pelas obras são: a Companhia Vale, Alcoa Alumínio S.A., Suez, Tractebel EGI South América Ltda., BHP Billiton Metais S.A., e Camargo Corrêa Energia S.A. Juntas essas empresas formam o CESTE (Consórcio Estreito Energia). O planejamento da implantação da UHE de Estreito prevê para este mês (dezembro de 2010 o enchimento do reservatório e a posterior submersão total da ilha pelas águas .
A Ilha de São José encontra-se no braço esquerdo do Rio Tocantins distante quarenta quilômetros de Babaçulândia. A ilha mede aproximadamente 10 quilômetros de comprimento e três de largura, em sua parte mais ampla. Ainda não possuímos dados estatisticamente corretos, mas a população da ilha gira em torno de 84 famílias.
O reservatório do lago vai encobrir 400 quilômetros quadrados no nordeste tocantinense, que corresponde a terras do Tocantins e do Maranhão. A ilha está inserida neste perímetro e será totalmente tragada pelas águas provenientes da barragem.
O pesquisador Cícero Junior em sua breve estada na ilha no ano de 2008, procedeu à coleta de depoimentos de cinco famílias e todas elas eram contrárias à construção da barragem e às suas saídas da Ilha da forma como vinha sendo,ou seja, sem os devidos esclarecimentos para os mesmos. E principalmente, sem deixar brechas para lutar pela permanência no seu lugar de origem ou melhores condições de realocação.
Outra questão sintomática é que os moradores, principalmente os mais velhos, perderam o interesse pela lavoura e as criações de animais. As vazantes estão sendo abandonadas aos poucos e o gado vendido, por conta da iminência das águas.
Enquanto o consórcio responsável pela barragem propaga a idéia de progresso como sinônimo de desenvolvimento associado à urbanização e produção de energia para a venda, os moradores da ilha de São José, por seu turno, olham essa concepção com desconfiança e perguntam pelas garantias de uma vida digna.
O depoimento da dona Maria ao historiador Cícero Junior nos chamou à atenção por causa de seu marido, Leonardo, que nasceu e se criou na ilha. Ele tem aversão à cidade e gosta de ficar de frente para o rio Tocantins no momento em que o sol nasce e se põe. O seu ritual é feito todos os dias, ele já tem uma cadeira que deixa na frente da casa, para que todos os dias ele possa fazer o que gosta: admirar o sol nascendo e, à tardinha, se pondo. Ele também não se imagina morando na cidade, pois não gosta do barulho nem da agitação, características marcantes do meio urbano.
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