28 de fevereiro de 2008

Carta da Plenária Nacional da Juventude da Via Campesina Brasil .


Nós jovens camponeses (as), representantes dos Movimentos Sociais e organizações da Via Campesina Brasil, MST, MPA, MMC, CPT, MAB, FEAB, PJR, ABEEF, CIMI, Movimento Quilombola, Consulta Popular, Articulação Puxirã dos povos Faxinais de todos os estados do Brasil, reunidos em Goiânia no dia 26 de novembro após muito debate constatamos e reafirmamos que:


I - Vivemos um período adverso para a sociedade brasileira, em especial para a classe trabalhadora, para os camponeses (as) e para a juventude pobre do campo e da cidade, fruto de um longo período de descenso das lutas de massas, de consolidação do modelo neoliberal que tem privilegiado as grandes multinacionais e o grande capital financeiro.

II - Os camponeses (as) e a juventude têm sido vítimas desse modelo, que além de concentrar renda e terra, traz vários problemas para o meio ambiente e para nossa biodiversidade expulsando os camponeses (as), indígenas, quilombolas e ribeirinhos de suas terras.

III -Esse modelo econômico tem marginalizado a reforma agrária e a agricultura camponesa. O Estado vem priorizando o financiamento das grandes empresas transnacionais para construção de barragens e o desenvolvimento dos monocultivos de cana, soja e eucalipto.

IV- A ausência do Estado no campo, em especial nas áreas de educação, saúde, esporte, lazer, cultura e comunicação e a falta de uma política voltada para a geração de renda impossibilita a permanência dos (as) jovens no campo.


Diante desse quadro reafirmamos:


- A necessidade de construir um projeto popular para a agricultura e para o Brasil convocando a juventude camponesa a lutar contra o Estado burguês, as empresas transnacionais e o grande capital.

- O compromisso com a preservação da biodiversidade, da água, e da cultura camponesa. Cultivando o Internacionalismo e os valores Socialistas.

- O compromisso da luta contra todo tipo de exploração e de desigualdade social lutando permanentemente contra o preconceito, cultural, racial, étnico, de gênero, de orientação sexual e religiosa.

- Nos comprometemos em continuar a luta contra a marginalização e a criminalização da pobreza e dos movimentos sociais.

- Desenvolver os valores da educação, da cultura, do estudo, da disciplina e da solidariedade, como parte do processo de formação política dos (as) jovens do campo.

- Entendemos que o papel da juventude nessa conjuntura consiste em debater um projeto popular para o Brasil garantindo sua implementação e a continuação da luta pelo Socialismo.

- Construir alianças com todas as organizações da classe trabalhadora, tanto na elaboração política como na luta concreta.

- Nos comprometemos a organizar os coletivos de jovens em nossa base, regionais e estado, além de contribuir com o fortalecimento do coletivo nacional e de nossas organizações da Via Campesina.

- Nos comprometemos em construir e consolidar os nossos próprios meios de comunicação, ajudando a consolidar os nosso veículos já existentes como rádios comunitárias e o jornal Brasil de Fato.

- O compromisso de contribuir na organização da juventude do campo, da cidade, e de todas as entidades e organizações de jovens da classe trabalhadora.


Juventude que ousa lutar, constrói o poder popular.
Globalizemos a Luta, globalizemos a esperança!
Goiânia, 26 de novembro 2007.

ESTAMOS TODOS CONECTADOS A TUDO, Inclusive esta universidade, inclusive você...


Ainda não faz muito tempo: a historia do povo brasileiro tem sido uma constante de lutas por liberdade e justiça social, muito embora uma parcela significativa da população não se dê conta disso. Temos contra o nosso povo uma mídia covarde que não mede esforços para esconder e dissimular a realidade, assim o discurso oficial busca deslegitimar as lutas sociais e chamar a atenção para os “transtornos que elas causam a paz e a democracia” (sic). Foi assim com os Escravos, Canudos, Contestado e agora com o MST.
Com o fim da ditadura militar a classe dominante precisava fazer uma transição “democrática” conforme as diretrizes de Wasghinton (EUA) e para assegurar seus interesses, não permitiu de imediato eleições diretas colocando no poder presidencial um de seus principais representantes de políticas aliadas ao entreguismo , corrupção , desmandos. Finalmente em 1989 temos a volta das eleições diretas, onde o povo poderia escolher seus dirigentes para os principais cargos políticos. Isso em tese, pois novamente a mídia televisiva ( leia-se Rede Globo ) atrelada ate o talo com setores mais conservadores distorce totalmente o processo eleitoral e o candidato da burguesia vence , preservando assim uma correlação de forças onde os desmandos e o aprofundamento da cultura política clientelista e o enriquecimento de uma elite política que concentra renda e poder são “os difusores da barbárie humana.” .
A hedionda elite brasileira, com sua hedionda concentração da terra e injustiça social, transforma um país de riquezas imensuráveis num grande atoleiro de miséria e violência contra os trabalhadores e trabalhadoras urbanas e rurais (sem terra) que reivindicam apenas o direito inalienável de trabalhar. A paz no campo e na cidade é comprometida, pois esta só se dará atravez do aceso de todos a cultura, educação e trabalho. Finalmente com o governo de FHC vemos a construção dos projetos neoliberais se concretizarem, onde vários setores da burguesia se juntam para defender os interesses do capital estrangeiro e ao modelo econômico voltado para a exportação, alem das trocas de favores onde se privatiza serviços públicos, estabelecendo monopólios de grupos, imobilizando a educação e comprometendo-se o desenvolvimento regional.Todas as maiores riquezas do país são vendidas ilegalmente ou se tornam objeto do desejo de multinacionais.Isso dura dois mandatos, cerca de oito anos.
Com a eleição do próximo presidente a esperança de dias melhores se acede para todos, afinal de contas é um trabalhador que esta lá agora, e não mais politiqueiros filhos da elite, de coronéis ou representantes de oligarquias.A vitória do senhor Luis Inácio Lula da Silva representa a luta de brasileiros lutadores que foram perseguidos, torturados e mortos ao longo do século, que combateram ou combatem exploradores, escravocratas , monarcas e senhores de terras.Infelizmente, este prefere aprofundar mais ainda as reformas neoliberais e jogar sua trajetória pela lata de lixo, traindo o povo que o elegeu, e assinado em baixo tudo que “seu mestre mandar ( leia-se FMI , Banco Mundial , EUA ) e nas palavras de Frei Beto “deixando que a esperança perdesse para medo..”
Essas reformas neoliberais unificam as classes dominantes agora subordinadas ao capital internacional e financeiro permitindo que setores mais dinâmicos da economia, em especial o setor financeiro e os setores exportadores vinculados as transnacionais obtenham elevadas taxas de lucros e ganhem muito dinheiro.
Só um exemplo do que isso representa para a classe trabalhadora: os serviços públicos básicos que o povo recebe do governo somam cerca de 52 bilhões; cerca de 14 bilhões para o bolsa-familia, mais 18 bilhões na Educação e outros 20 bilhões no Ministério da Saúde. Nesses dias, os jornais revelaram que os bancos brasileiros cobraram de seus correntistas,
(você que tem conta em banco) somente em taxas de serviços, sem contar juros, nada mais nada menos que 85 bilhões.
Agora olhe ao seu redor e pergunte a si mesmo: será que esta é a universidade ideal para meu aprendizado? Será que quando eu precisar ir Hospital serei prontamente atendido? Porque tantos têm tão pouco e alguns têm tanto?
É preciso entender que todos nos somos causa e conseqüência de fatores externos a nos mesmo, que nada acontece isoladamente, num mundo cada vez mais “conectado” e que é necessária a conscientização política.
Entender essa dinâmica do social é se perceber como responsável da mesma. E ser politizado e compreender que tudo o que existe foi historicamente construído pelas relações entre os homens e o meio em que vivem e que, portanto tudo o que foi produzido pelos homens pode ser desconstruido e reconstruído cotidianamente mediante relações econômico-sociais alienadas.
Já ser despolitizado é achar que as coisas são assim porque são assim mesmo, sempre foram assim e sempre assim serão. È não dar valor aos movimentos sociais e acreditar em revistas de tom duvidoso (VEJA etc.) é desacreditar principalmente em seu interlocutor menos favorecido dentro da sociedade.
Precisamos ser curiosos, precisamos ler mais, entender a realidade em que vivemos ler muito, seja qual for sua área de atuação profissional, somente assim poderemos contribuir para uma nova fase, onde haverá melhor distribuição de renda e não o começo de uma barbárie, que pelo andar da carruagem parece vai acontecer muito cedo, o meio ambiente já esta dando sinais que não vai suportar muito tempo à sede de dinheiro do homem.
A luta pela liberdade e pela justiça social deve ser uma luta de todos, principalmente a luta contra alienação, condição necessária para todas as lutas.

27 de fevereiro de 2008

Socialismo – A perspectiva marxista.

Marx parte da critica da economia política. De forma esquemática (portanto grosseira) podemos caracterizar alguns aspectos:

- Marx desmistifica a política liberal, de separação entre a esfera privada de propriedade e a esfera publica de poder. O poder político sempre foi à maneira legal e jurídica pela qual a classe economicamente dominante de uma sociedade manteve seu domínio.
- Os homens se distinguem dos animais não por que tenham consciência (como dizem os ideólogos burgueses), mas por que produzem as condições de sua própria existência. A consciência está indissoluvelmente ligada às condições matérias de produção da existência, das formas de intercambio, e as idéias nascem da atividade material.
- Da concepção hegeliana, Marx conserva o conceito de dialética como movimento interno de produção da realidade cujo motor é a contradição. Porem Marx demonstra que a contradição não é a do Espírito consigo mesmo, entre sua face subjetiva e sua face objetiva, entre sua exteriorização em obras e sua interiorização em idéias: a contradição se estabelece entre homens reais em condições históricas e sociais reais e se chama luta de classes.
- A produção e superação das contradições é o movimento da historia. A produção e superação das contradições revela que o real se realiza como luta.
- A historia não é o desenvolvimento das idéias, mas das forças produtivas. Não é a ação dos Estados e dos governantes, mas da luta de classes. Assim sendo qual é o palco onde se desenvolve a historia? A Sociedade civil.
- O fenômeno da ideologia que confere autonomia a consciência e as idéias julga que as idéias não só explicam a realidade, mas produzem o real.Ex: A ideologia burguesa através de uma ciência chamada Sociologia, transforma em idéia cientifica ou em objeto cientifico essa “coisa” denominada “classe social”, estudando-a como um fato e não como resultado da ação dos homens.
- A ideologia diz que todos os homens são iguais. No entanto para a grande massa de trabalhadores que não podem ter transporte, moradia, saúde e educação como seus patrões isso esta longe de acontecer. Se os trabalhadores puderem descobrir pela compreensão do processo de trabalho, que formam uma classe social oposta aos senhores do capital (que retiram o lucro da exploração do trabalho) e que a ideologia e o Estado existem para impedi-los de tal percepção poderiam se organizar, para transformar a sociedade e criar outra sem a divisão e a luta de classes.


(Fonte : A Ideologia Alemã, Karl Marx)

24 de fevereiro de 2008

De como gerar uma sociedade violenta.

A receita se resume há alguns aspectos básicos, vamos a eles:

I – A sociedade tem que ser bem consumista, ela tem que priorizar o estilo “Big Brother” de ser, atraves de um individualismo mutuo onde não importa se aquela criança de rua não tem o que comer. Desde que eu posso ir aos melhores restaurantes.
II – Nossos governantes não têm nada que se meter nas questões de meio ambiente, se os EUA querem ‘investir” aqui, comprando terra pra monocultivar e aproveitar mão de obra barata no campo deixando milhares sem terra pra produzir : ótimo. É bom que um maior numero de trabalhadores vá mesmo pra cidade, não vai faltar é subemprego e favela pra eles, e quanto mais mão de obra tiver menos o patrão paga. É a lei do livre mercado, fazer o que !?
III – Nada de investir em ensino fundamental e médio publico de qualidade. Alias tem que deixar esse “ramo” é pros empresários abrirem mais escolas particulares. E quem quiser fazer faculdade tem que guardar uma graninha que é pra “poder se qualificar melhor pro mercado”. Inclusive quem deve dizer qual o curso você deve fazer é o todo poderoso mercado.
IV – Cultura pra brasileiro tem que ser carnaval, futebol e novela, assim ninguém vai ter tempo de pensar melhor em outras coisas como, por exemplo: dinheiro do povo indo pra banqueiro, falta de espaços pro lazer e cultura (o que é isso?).
V – Falando em mídia, esta deverá sempre priorizar quem puder pagar mais pra veicular qualquer noticia, isso por que somente a classe empresarial é que deve veicular seus interesses no jornal. Os mais pobres somente serão vistos como bandidos, como espetáculo de fim de ano pra gente se lembrar que tem que dar uma esmolinha a eles (os pobres), como atletas de cristo ou então sendo jogador de futebol cantando pagode( mais aí já não será mais pobre provando que é um vencedor e que já que consiguiu vencer na vida outros tembem podem. É so querer).
VI - A policia tem que ganhar "razoavelmente mal" , tem que ser despreparada tecnica e socialmente, ela deve sempre bater e torturar os mais pobres que nao tem como pagar advogado. Dos mais ricos ela recebe uma propina basica ( alias tudo aqui deve ser resolvido como "velho jeitinho ").
VII - Os presidios devem ser verdadeiros depositos humanos, onde nao se educa pra nada há nao ser pro crime organizado. Tem que deixar os presos o dia todo la na cela um olhando pras caras dos outros , essa cela tem que estar superlotada com os presos mais pobres sempre comendo mal e sempre se matando uns aos outros pra ver quem é o proximo "chefe de cela".
Tai pessoal , sei que ainda faltam algumas outras questões , mais acredito que estamos no caminho certo . E que venha a barbarie consentida!

Caos em Buriticupu

Há alguns dias vimos uma rápida e evasiva matéria no jornal local (na maioria das vezes as matérias são rápidas e evasivas para o publico não pensar melhor) acerca do assassinato de um indígena na Reserva Florestal de Araribóia, que fica no parte oeste do estado e abrange os municípios de Amarante, Bom Jesus e Buriticupu. Esse ato por demais pavoroso seria justificado pelo fato de que os índios teriam “seqüestrado” um caminhão madeireiro e por retaliação sofreram o atentado, diga-se, dentro da própria reserva.Não foi só isso, um incêndio criminoso fora iniciado e mais dois índios (um homem e uma mulher) sofreram ferimentos a bala. A noticia dava conta ainda que atividade madeireira que “é uma das bases principais da economia local”, tornou-se um grande foco de pressão sobre a Reserva Biológica e as áreas indígenas situadas no noroeste do estado. Uma mentira descabida e absurda.Segundo dados do próprio IBAMA exploração da madeira em especial na região de Buriticupu, corresponderia a 6% do PIB local, o que em tese não justifica essa chamada “base principal” que ficou latente na matéria e, ah sim, na anterior interdição do Km 515 da BR-222, feito alias pelo mesmo grupo de madeireiros.Numa leitura um pouco aprofundada o que se percebe na realidade é que parece existir grupos de exploradores da madeira arquitetando e manipulando moradores, comprando-os com migalhas, e se alimentando da desigualdade social gerada pela ignorância de quem explora e da fome de quem é explorado. Quem já passou pelo município sabe o grau de pobreza que vive aquele povo, um prato perfeito para a lógica inescrupulosa do sistema capitalista, onde a vontade do lucro individual destroem até a natureza, fonte de todas as maiores riquezas de verdade. A matéria também não fala do desespero que tomou conta do lugar, e o mais interessante é que não houve repercussão nacional desta mesma mídia. Ate o momento sabe­ se é que estão ameaçando a vida da coordenadora do IBAMA na região, Adriana Carvalho e de que tropas da força nacional e da PRF (policia rodoviária federal) encontram-se de prontidão.VAMOS PROTEJER OS REMANECESNTES DA FLORESTA AMAZONICA.

Uma experiencia na I Plenaria da Via Campesina

Faltando exatamente um dia para que se inicie a I Plenária da Via Campesina - Brasil, é que consigo confirmar minha ida, estou indo com uma dupla responsabilidade: representar o movimento estudantil da UEMA e fornecer um relatório que por hora se faz lido em partes neste texto.

O evento aconteceu, entre os dias 27 a 30 de novembro, na Arquidiocese Dom Fernando, um centro de estudos muito arborizado e com ares de semi-internato, no coração de Goiânia. Nossa chegada se dá às dez da manhã de segunda-feira e logo somos remanejados para o cadastramento e alojamentos; viajam comigo varias figuras e representantes de movimentos sociais entre eles: MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens), PJR (Pastoral da Juventude Rural) MMC (Movimento de Mulheres Camponesas) CPT (Comissão Pastoral da Terra) e lógico MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), entre outros. 

Todos ali com o mesmo o intuito: discutir o avanço do agronegocio sobre a soberania alimentar dos povos e debater um projeto alternativo para o Brasil no que diz respeito a cultura, educação e renda. Alem disso discutir também as propostas sobre a compreensão sócio política que os trabalhadores devem ter em relação a mais nova tendência que se estabelece nas questões energética e do campo ,ou seja : BIODIESEL e as mudanças na matriz .

Ao que parece se inicia agora uma nova etapa no modelo produção de energia e o Brasil passa a ser olhado com ambição por parte de grandes empresas estrangeiras que já compram e especulam terras devolutas. Mais uma vez, como há mais de 500 anos, volta o Brasil a ser considerado mero fornecedor de matéria-prima. É a chamada “vocação agrícola”.Outras discussões foram feitas em uma semana de encontro, palestras, mesas redondas e grupos de comunicação. 

Entre elas eu poderia apontar quatro: transposição do Rio São Francisco, construção de inúmeras hidrelétricas nos rios Madeira e Tocantins, soberania energética dos povos na América Latina e juventude camponesa. Transcorro neste texto um breve relato de algumas conclusões feitas em Goiânia, com a participação de economistas, agrônomos, historiadores, sociólogos, antropólogos, trabalhadores rurais, lutadores e lutadoras do Brasil todo, que não se curvam frente às dificuldades e preferem resistir a esse modelo de sistema neoliberal que por hora vem se estabelecendo na cidade e no campo .

Um dos temas mais gerais e por conseqüência bem discutido é a participação da juventude na criação de projetos que diagnostiquem e melhorem a condição do jovem no campo para que este não presise deixar o setor rural e tenha que ir para as cidades virar mera mão de obra barata ou mesmo entrar na marginalidade.Conclui-se então que é preciso fazer com que este jovem fique no seu meio rural e estude para ajudar sustentavelmente mais esse meio. 

Coisa que infelizmente não vem acontecendo devido a crescente lógica do agro negocio que por vias tortas contribui para a expulsão do trabalhador do campo. Este modelo “agrocapitalizador” introduz pesadas perdas ao camponês brasileiro devido ao seu modelo de competição voltado a grande produção e as exportações. Essas perdas se concretizam através do crescimento do subemprego das massas populares e na concentração de renda exorbitante por parte de umas poucas empresas, diga-se, estrangeiras.

Com isso a nível macroeconômico perde o país todo com a fuga de divisas e com a desnacionalização de suas riquezas. Ex: o mercado de temperos, no Brasil, já é quase 100% estrangeiro.Desde a década de trinta se cria a ideologia de que o morador do campo é preguiçoso e atrasado (vide o Jeca Tatu e Mazzaropi) sempre com seu cigarrinho de palha na boca , é analfabeto e não dispõe de recursos para gerir sua roça. 

Não existia ainda a idéia do jovem do campo e o conceito de “agricultura moderna” que se estabelecia desconsiderava acintosamente o pequeno agricultor e que, somente grandes empresas poderiam abastecer o mercado. Em decorrência disso uma sensível evasão para as grandes cidades causa enormes prejuízos sociais para o país. Ex: aumento da violência e a favelizaçao das cidades.Algumas questões foram levantadas e merecerem atenção da Plenária: Por que não avança a reforma agrária? Por que há impunidade com relação aos crimes ambientais? 

Por que a omissão consentida crescente dos governos perante a desigualdade social? Por que essa campanha valorizando o agronegocio burguês e destratando o campesinato e o produtor familiar? Por que é tão fácil a apropriação privada das terras devolutas do país pelo grande capital nacional e estrangeiro?Conclui-se que por detrás das ações governamentais e da capitulação dos governos do país em relação aos interesses das empresas transnacionais e dos bancos está a política neoliberal do Fundo Monetário Internacional (FMI), da Organização Mundial do Comercio (OMC), e do Banco Mundial. 

Todas as ações desses organismos internacionais convergem para a afirmação dos interesses dos grandes capitais, e, em particular, aqueles que tem origem nos EUA, facilitando a concretização do império estadunidense.Apontou-se também a divida externa brasileira, como produto histórico dos interesses das grandes empresas capitalistas no Brasil, criando um “fundamentalismo de mercado” negando, como principio, a equanidade e a justiça social, uma vez que caberá ao mercado premiar os bons e castigar os maus (sic).

O caráter entreguista e o absoluto desprezo que as classes dominantes nutrem pelo meio ambiente pelos camponeses e assalariados, pela saúde publica, pela soberania alimentar e pela afirmação do Brasil como nação soberana impede a afirmação da identidade nacional e da auto-estima como povo.As verdades que nos tentam incutir, que querem nos fazer acreditar, são verdades de um mundo falso. Necessitamos rejeitar esse mundo que sentimos que está equivocado. Rejeitar esse mundo que sentimos ser negativo.

Nossa negação é uma recusa aceitar a inevitabilidade da desigualdade social. Nossa negação é uma recusa a aceitar a inevitabilidade do desaparecimento do campesinato no Brasil e em todo mundo. Para tanto necessitamos construir uma proposta alternativa de desenvolvimento rural que respeite a cultura dos povos e que não coloque o homem a serviço do dinheiro, mas a riqueza a serviço do homem.

Finalmente conclui-se que haverá lutas duríssimas nos próximos anos graças a essa nova fase agrária e agrícola no Brasil, onde o projeto do Capital não só envolve os latifundiários, mas também uma aliança entre o capital financeiro, investidores e as transnacionais.Inclusive relatórios do próprio Banco Mundial apontam esse tipo de modelo (neoliberal) no campo, como criador de exclusão e divida social entre as massas populares e o agronegocio.

Há ainda o grave problema dos transgenicos.Não se sabe ao certo ainda que tipos de conseqüências podem vir a aparecer com o consumo desses alimentos que são produzidos a partir do conhecimento da biotecnologia para cruzar vegetais e animais, que não se cruzam na natureza (vide vaca louca).

Necessário se faz entender que qualquer modelo de agricultura deve ser voltado para as necessidades da população e não das empresas.
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